O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A origem

A origem - foto Marcelo Müller - www.direitoamemoria.blogspot.com

Dessa vez fomos longe demais.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Hãaa

Era simples:

Hãa...62?

Não, tem sempre uma letra.  Deve ser A2.

- É A2, tenho certeza.

E essa é a diferença entre encontrar seu carro ou passar quarenta minutos procurando.

Não, isso não é um problema de memória: é um problema de atenção.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Marco de Touros - São Miguel do Gostoso - RN

Lembram do Marco de Touros, monumento que marca oficialmente o início da ocupação portuguesa no território que veio a ser o Brasil, do qual falei no post: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2014/08/souvenir-11-natal.html?

O marco foi chantado em agosto de 1501 em Touros, hoje município de São Miguel do Gostoso (!), então achamos adequado visitar o local nesse mês agosto do ano da Graça de 2015.  O marco original foi retirado do local por razões de conservação e proteção, e hoje repousa no Forte dos Reis Magos, em Natal, e no local está uma réplica:

Marco de Touros (réplica) - Foto Marcelo Müller - www.direitoamemoria.blogspot.com


Marco de Touros (placa informativa) - Foto Marcelo Müller - www.direitoamemoria.blogspot.com

A placa informativa estava no chão, em razão dos fortes ventos que beijam o litoral.



Outra foto para trás, para contextualizar o local:


  
Marco de Touros (réplica) - Foto Marcelo Müller - www.direitoamemoria.blogspot.com


 A geografia explica a escolha do local para a chantagem do marco, já que fica lá onde o vento faz a curva, no calcanhar do Brasil, no interessantíssimo município de Gostoso (Rio Grande do Norte).


quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Chronovisor

É uma suposta invenção de Pellegrino Ernetti (padre), que permitiria assistir o passado, como se fosse uma televisão.

Esse equipamento supostamente foi construído por Enrico Fermi e Von Braun, e supostamente estaria escondido nos labirintos secretos do Vaticano. E supostamente também conseguiu a reprodução da imagem da crucificação de Cristo, na forma de fotografia.

Sendo mentira a estória já é boa, imagine se fosse verdade? Se bem que existem livros, vídeos, textos escritos sobre o Chronovisor (inclusive esse post, que engraçado!) que se somam para torná-lo algum tipo de realidade, como ocorre com todas as lendas.

Na verdade, a única máquina do tempo que eu conheço é o cérebro, e a memória que ele produz, que nos permite viajar pelos registros.

Se eu pudesse usar o Chronovisor,  que época espiaria? A construção das pirâmides do Egito? Algum lugar na Pré-História?  O tempo antes da Pré-História?

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Direito à memória dos mortos: Marcha das Margaridas

A lembrança celebrativa é uma das formas de realizar o direito à memória individual dos mortos, e pode ser manifestada de variadas maneiras.

Em 12 de agosto de 2015 aconteceu uma lembrança celebrativa em comemoração à memória de Margarida Maria Alves, cidadã brasileira, trabalhadora rural, que foi assassinada em 12/08/1983 em razão de suas atividades políticas em defesa dos direitos humanos e dos trabalhadores.

Em respeito à memória de Margarida, entendo que a vitimização não é a melhor maneira de lembrá-la, porque retira o contexto do seu assassinato. A opção pela vitimização dos assassinados e desaparecidos políticos retira o seu caráter de sujeitos ativos politicamente, com ideologias e compromissos específicos e, portanto, dificulta a compreensão das razões que levaram ao seu perecimento.  

Margarida morreu porque defendia direitos em uma sociedade escravista e violenta, e como ela muitos foram assassinados pelos mesmos motivos, como o Dr. Manoel Mattos, Dorothy Stang, Chico Mendes (Herói nacional), e muitos outros ainda morrerão.

Infelizmente, no dia da Marcha, a cidadã Maria das Dores Salvador Priante  foi asssassinada, pelos mesmos motivos.  Esse fato é também uma lembrança dolorosa de que as estruturas da violência política, econômica, social e de gênero seguem ceifando margaridas pelos campos do Brasil.



segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Direito à memória dos mortos: Sati

Ritual hindu que consiste na imolação da viúva na pira funerária do falecido marido ou de outro parente masculino.

Foi proibida na Índia no século XIX, mas criminalizada a partir do Sati (Prevention) Act de 1988: http://wcd.nic.in/commissionofsatiprevention.htm.

Sempre achei terrível a idéia  da imolação das viúvas mas, principalmente, o fato de que a sociedade não via a sobrevivência da esposa ao marido com bons olhos.  A viúva perdia o seu lugar na sociedade,e a vida tornava-se virtualmente insuportável, sem perspectiva e a honra (glorificação) estava no sacrifício.

Às vezes, a dor pela perda do ente querido é tamanha, que as pessoas manifestam o desejo de acompanhar  falecido, ou de reter o cadáver pelo maior tempo possível. Talvez essa expressão de dor e temor pelo futuro estejam na origem da prática, mas torná-la um dever é realmente assustador.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Direito à memória dos mortos - A incorruptibilidade dos corpos (2)

A busca pela incorruptibilidade dos cadáveres é frequente em rituais funerários, através de técnicas peculiares como o embalsamamento e a mumificação. Em uma época em que não havia fotografias, manter o corpo pelo maior tempo possível era uma forma de conservar a memória e a presença do falecido, além de ser considerado na religião católica uma forma de milagre, e indício de santidade (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2014/02/direito-memoria-dos-mortos.html).

Alguns cadáveres incorruptos são  bem conhecidos, como a menininha Rosalia Lombardo, que continua serenamente dormindo em Palermo, Itália, junto a outras centenas de cadáveres das Catacumbas dos Capuchinhos.

Deixar os restos mortais jazerem, ainda que de uma forma não usual, é compatível com a nossa idéia de como os cadáveres devem se comportar.  Mais difícil é compreender rituais em que os cadáveres voltam à vida em sociedade, e participam de comemorações, como acontece no ritual Ma'nene, na Indonésia (http://www.dailymail.co.uk/news/article-2193132/Mummies-dug-change-wardrobe.html), quando os mortos são exumados, vestidos e caminham pela aldeia periodicamente.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Memória Brasileira: a procissão do crack

Em janeiro de 2012, assistimos a uma iniciativa do Estado de São Paulo para acabar com o problema da dependência do crack, focando em uma das variáveis da equação: os usuários.

A idéia era atacar o sintoma, o consumo público de drogas nas vias do centro da Capital. A solução encontrada?  Ocupar a área com a polícia e impedir  fixação dos usuários em um lugar específico: http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,governo-quer-acabar-com-cracolandia-pela-estrategia-de-dor-e-sofrimento,818643.

E assim, essa política pública criou uma das imagens mais marcantes para a minha memória brasileira:  a procissão do crack.  Dezenas de pessoas esquálidas, caminhando por entre as ruas da cidade, tangidas pela polícia, com destino, rumo e futuro incertos, trouxeram à minha lembrança outra procissão tristonha: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/09/memoria-brasileira-o-flagelo-da-seca.html.

O fato é que periodicamente os locais de reunião  dos usuários são visitados pela polícia causando novos desarranjos, sem que de fato o problema social e econômico seja abordado da forma complexa, contínua e coerente.  Se não há mais procissões do crack, sem dúvida há pequenas diásporas causadas pela repressão pontual do Estado, confira: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/04/1623025-apos-confronto-na-cracolandia-viciados-se-espalham-pelo-centro.shtml.

Gostaria muito de saber se há estudos quanto à eficiência dessas ações administrativas, uma vez que não só o consumo público de drogas continua, como evidentemente as políticas de enfrentamento continuam focadas na supressão do objeto (drogas) e na eventual prisão dos traficantes, mas os outros fatores não são considerados.

Como evitar o aumento do consumo de drogas, inclusive o álcool?  Tenho percebido que nos últimos anos houve um decréscimo significativo no consumo de tabaco. Em cada novo semestre, faço uma pesquisa informal com os meus alunos (jovens da graduação, de mais ou menos 20-22 anos) para saber se algum deles fuma cigarro e surpreendentemente, nos últimos três anos nenhum deles fumava.

Ou estão mentindo para a pobre e esperançosa professora, ou algo de muito certo foi feito para desestimular o consumo de cigarros. Mas sendo otimista e crédula, porque isso faz bem à alma, acredito estão inseridos na tendência de queda verificada pelo Instituto Nacional de Câncer (http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/observatorio_controle_tabaco/site/home/dados_numeros/consumo_per_capita)

Essa história de sucesso poderia ser utilizada para combater drogas lícitas e ilícitas, mas para isso às vezes é preciso ser ousado e inovador (e sair do quadrilátero vicioso da procrastinação, conservadorismo, falta de planejamento e deficiência na percepção e realização do interesse público).

Partindo do princípio, devemos questionar: e se tudo o que sabemos sobre o crack realmente está errado? (http://super.abril.com.br/comportamento/crack-tudo-o-que-sabiamos-sobre-ele-estava-errado?utm_source=redesabril_jovem&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_super)

Pensar, aprender, projetar e evitar repetir fórmulas que não funcionam.  Se eu fosse participar de alguma procissão, pediria isso aos santos.

domingo, 9 de agosto de 2015

Papai

Meu pai - www.direitoamemoria.blogspot.com

sábado, 8 de agosto de 2015

Peabiru

Paebiru, Piaberú, não importa o nome, mas esse caminho mítico nos chama.  Imaginem, uma trilha que leva do Brasil à terra dos Incas, mística, mágica e tudo o mais que a imaginação e a falta de pesquisa proporcionam?

Para conhecer um pouco sobre o tema: http://www.historiabrasileira.com/brasil-pre-colonial/caminho-do-peabiru/.

"É nesse ano que vamos procurar Paebiru?", é o que o meu marido me pergunta toda vez que vamos planejar as férias.

Ainda não foi no ano de 2015, mas tal como a miragem d' El Dorado, está sempre à frente.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Canções de ninar

São músicas cantadas para embalar o sono das crianças pequeninas.  A finalidade é acalentar e relaxar as criancinhas até que elas adormeçam, mas acho que algumas não estão dentro desses padrões.

Essas canções são algumas das memórias mais antigas dos indivíduos, e possuem um caráter tradicional, cantadas através das gerações.  No Brasil, podemos citar:

a) A incompreensível "Boi da Cara Preta"

"Boi, boi, boi,
Boi da Cara Preta,
Pega esse menino
que tem medo de careta"


b) A evidente "Nana neném"

"Nana neném,
que a Cuca vem pegar,
Papai foi para roça,
Mamãe foi trabalhar"

c) Bicho papão

Bicho papão
sai de cima do telhado
deixa o neném
dormir sossegado"

É impressão minha, ou a intenção é aterrorizar a criança para que fique deitada?

Pensando bem, o perigo está la fora em forma de boi da cara preta, o bicho papão está em cima do telhado (melhor nem pensar em subir) e você está sozinho, pois papai e mamãe foram trabalhar. Agora, cale-se, engula e choro, e durma logo, a despeito dos monstros e entidades que rondam o seu berço.

Aliás, essa faceta sobrenatural das canções de ninar sempre chamou a minha atenção, especialmente a mítica explicação para os lullabies, cuja origem supostamente remonta à expressão "Lillith abi", ou "Lilith, vá embora!".  Enfim, parece que todas as culturas possuem canções de ninar, com seu ritmo hipnótico e relaxante, e o seu estudo pode ser muito interessante para a memória coletiva (cf. http://www.bbc.com/news/magazine-21035103).

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Patrimônio cultural familiar

Famílias não são apenas afetos e desafetos entre pessoas.  São estruturas que permitem a criação, manutenção e transmissão de modos de viver, fazeres e saberes.

As famílias, como qualquer outro grupo, também têm a sua identidade e o seu patrimônio cultural.  A herança de uma família vai além dos meros bens econômicos: há todo um acervo de valores imateriais e culturais transmitidos através das gerações.

Na minha família, acredito que a maior herança cultural é a valorização da arte como forma de expressão, em qualquer suporte.  Na linhagem paterna a música sempre predominou, pois meu avô foi maestro e professor de música, e as crianças da família são estimuladas a aprender um instrumento, qualquer um de sua preferência.  É bom para a disciplina e para a falta de disciplina.

Eu, em outra vida, toquei piano (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/11/aula-de-piano.html), minha irmã toca bem, meus irmãos tocam percussão (qualquer coisa e qualquer lugar) e violão (respectivamente), meus sobrinhos também.  Em toda reunião familiar da linhagem paterna a música vai acontecer, quem pode canta, toca, mas dançar é bem problemático.

Na linhagem materna também havia música, mas religiosamente orientada.  Meus avós cantavam na sua igreja. Já a minha mãe (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2015/05/mamae.html) é artista plástica, faz esculturas e pinturas, e o estilo dela é contemporâneo-amalucado, com materiais muito exóticos.  Meu irmão também faz esculturas, e algumas delas aparecem em posts aqui no blog (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/10/lugar-inesquecivel-o-quintal-do-meu.htmlhttp://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/06/palentologia-imaginaria.html)
e outras artes (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/11/citacoes-sobre-memoria-robinson-dantas.html)

Para mim, a principal lição aprendida com os membros da minha família é o valor da liberdade de expressão através da arte, independentemente de mercados, não necessariamente para expor as obras, sem pretensão à profissionalização, simplesmente porque é parte da construção da nossa humanidade.  Mas há também outras coisas legais como artes culinárias, para quem se interessa em aprender (que não é o meu caso), línguas estrangeiras, ofícios tradicionais (o meu avô era ourives), modos de fazer bordado, tapeçaria.

Eu acho interessante a forma como a vida das pessoas é narrada no seio familiar, e como as lembranças individuais ajudam a formar um mosaico coletivo. E, sim, a fofoca também pode ser uma forma de patrimônio imaterial.

Já parou para pensar no que a sua família legou a você?

sábado, 1 de agosto de 2015

Respeito aos mortos, versão brasileira

Confira-se a notícia: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/07/supervia-admite-que-autorizou-trem-passar-sobre-corpo-de-homem-no-rio.html.

Inacreditável.

O sr. Adílio Cabral dos Santos, a pessoa falecida, o cidadão brasileiro, considerado obstáculo transponível na linha férrea porque o trânsito não pode parar.  Ele foi atropelado nessa linha por outro trem, não há informação de ter sido socorrido e o cadáver ainda foi desrespeitado, vilipendiado.

Ninguém também se preocupa em preservar o local para uma eventual perícia, não é?