terça-feira, 1 de maio de 2012

Memória brasileira: Funerais de Ayrton Senna

Faleceu em 1º de maio de 1994.

Ayrton Senna foi um piloto brasileiro de Fórmula 1, e sofreu um acidente automobilístico enquanto trabalhava.

Já era um hábito dos brasileiros assistir às corridas de Fórmula 1 aos domingos, só porque Ayrton Senna ia correr.  Essa expectativa de êxito que ele nos proporcionava (sim, ele realmente podia ganhar uma corrida, fizesse sol ou chuva.  Alías, na chuva era melhor), independentemente das condições adversas, foi importante para a construção de um otimismo nacional aos domingos.

Os brasileiros se agarram a símbolos positivos (precisamos ter o "melhor", o "maior") para elevar a auto-estima nacional, e Ayrton Senna personificava essa positividade, essa competência, que queriam ter em seu cotidiano.

Por esse motivo, a morte prematura (e no trabalho) foi tão dolorosa.  Realmente, quanto penso na morte dele lembro de uma nação enlutada.  Eu nunca tinha participado ou presenciado tamanha manifestação de apreço e luto coletivo: nenhum presidente, ou artista, nenhuma autoridade brasileira recebeu honras fúnebres como ele.

Lembro das imagens de filas formadas ao longo das estradas para ver o corpo dele passar.  Lembro da procissão de pessoas em seu velório que choravam, atiravam flores, com pesar sincero.  Todas as pessoas procuravam formas de manifestar o seu pesar:

http://www.youtube.com/watch?v=xvmuHGrrbCQ

Talvez na História recente do Brasil, os funerais de Ruy Barbosa (que também personificava o orgulho nacional) tenham equivalido em pompa e participação.

Acho que a minha principal memória desse evento é mais do silêncio respeitoso que as pessoas manifestaram.  Passaram-se 18 anos e não houve, nem acredito que haverá, uma cerimônia capaz de aglutinar os brasileiros tão solenemente. Somos um povo barulhento e expansivo, mas nos funerais de Ayrton Senna foi diferente.

11 comentários:

  1. Não sei se concordo contigo que "brasileiros se agarram a simbolos positivos". Não vejo elementos suficientes para afirmar isso.

    Apenas, e talvez, no sentido que você citou de "o maior" ou "o melhor", mas ainda assim... pois ser "maior" não é necessariamente "positivo" (maior indice de analfabetismo, maior mortalidade infantil etc).

    As vezes penso que brasileiro tem mesmo é um complexo complexo de inferioridade... mas essa é outra estoria...

    No caso da notoriedade de Ayrton Senna e o aglutinamento em torno da sua memoria, deve-se mais ao fato de que a morte foi tragica, no auge de sua carreira e, principalmente, mediatizada ao extremo. "Um vida ceifada", eis a frase que funciona na midia!

    Na ausência de um martir, reconhecido e cultuado como tal, um povo se junta em torno de um mito. Eh assim em muitas sociedades.

    Outro dia vc falou aqui de Tiradentes como um martir mal compreendido pelo povo (e pela escola também). Pois bem, se imaginarmos a morte dele passando na tv, talvez ele fosse tão cultuado ou mais que o Ayrton.

    Mudando de saco pra mala, mas continuando a mesma viagem, responda-me: tendo em vista a importância do avião na sociedade contemporânea, porque não cultuamos Santos Dummont como martir?

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  2. Talvez por isso as pessoas não dêem valor ao segundo, terceiro e etc. lugares.

    Aqui só vale se for o primeiro colocado.

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  3. Santos Dummont é herói nacional, instituído pela lei 11.298/2006.

    Ele é herói, não é mártir porque não morreu por causa dos seus ideais.

    A questão é: por que ele é herói, se há dúvidas que tenha efetivamente inventado o avião?

    Ele é o pai da aviação brasileira, e a memória coletiva diz que ele criou o "mais pesado que o ar" voador. Mas há controvérsias.

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  4. Hoje, 01/05/2014, faz vinte anos do falecimento de Ayrton Senna.

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  5. Vi muitas manifestações de saudades nas redes sociais. O piloto Ayrton Senna é lembrado com carinho. Depois do seu falecimento, a Fórmula 1 perdeu bastante prestígio aqui no Brasil.

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  6. Na missão de atualizar os posts em comemoração aos 10 anos do blog, lembrei que o falecimento de Carmem Miranda também deixou a nação enlutada em agosto de 1955. As manifestações de pesar e afeto em sua memória dão a dimensão da importância de sua memória pública.

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