domingo, 6 de maio de 2012
Os povos têm memória?
No post http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/11/o-brasileiro-nao-tem-memoria.html confessei a minha preocupação com a repetição da frase "o brasileiro não tem memória", porque assim essa idéia fica cristalizada. Por isso, este blog está em campanha permanente contra essa frase: http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/10/campanha-contra-frase-o-brasil-eiro-nao.html?showComment=1317824982713#c5825222379889661926
Se a repetição constrói e reaviva a memória, ficar repetindo que o "brasileiro não tem memória" parece uma forma de legitimar ou tolerar a castração desse direito fundamental, principalmente na vertente da liberdade de lembrança (o poder subjetivo de lembrar e acessar as fontes da cultura nacional, conforme artigos 215 e 216 da Constituição Federal).
E, então, Dra. Denise explicou que os italianos dizem que não têm memória, os moldavos e franceses reclamam do mesmo, e aparentemente sempre vinculam esse fato à reeleição de políticos que já deveriam ser ostracizados (o ostracismo, inclusive, foi a primeira instituição antiga resgatada pelo nosso blog: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/11/resgatando-instituicoes-antigas.html).
Não atribuo a reeleição ou manutenção de políticos indevidamente no poder a um defeito de memória, mas a escolhas presentes. Não é que as pessoas esqueçam o que eles fizeram: simplesmente essa informação não é relevante na hora de votar. Agora, porque isso acontece é que deve ser investigado.
Os povos têm memórias coletivas, que não ~são únicas, não são uniformes, não são coerentes, e são multifacetadas. A questão é construir uma política pública capaz de promover e proteger essas memórias, e a possibilidade de criar e difundir novas memórias, dando conta dessa complexidade.
Eduardo Bueno: “Um povo que não conhece a sua História está condenado a repeti-la”
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