Sei que na maioria dos lugares de bem o carnaval ainda não começou, mas aqui onde eu vivo desde setembro de 2012 acontecem prévias da festa que aconteceria em fevereiro do ano seguinte. E agora, que o carnaval será na próxima semana, então efetivamente ele já começou desde janeiro.
Hoje, por exemplo, enquanto me dirigia à livraria para adquirir bibliografia sobre a memória, vi um monte de pedestres fantasiados, pensando em cair na folia como se a segunda-feira e Deus não exitissem.
Então, considerando que é domingo, parei para olhar e refletir sobre o que eu estava vendo. Dezenas de pessoas fantasiadas de piratas, colombinas, pierrôs e arlequins e odaliscas. Pensem bem: são personagens do século XVI, XVII, XVIII que são relembrados todos os anos durante esse período.
Não acredito que a maioria dos fantasiados realmente esteja celebrando o triângulo amoroso entre Arlequim, Colombina e Pierrot. Esses tradicionais personagens possuem um grande apelo estético e já são cidadãos do carnaval brasileiro, cuja presença é quase obrigatória.
Digam: por que se fantasiar de pirata? E não é qualquer um, não. Tem que ser o pirata literário, da perna de pau, com olho de vidro e cara de mau (cf. http://www.youtube.com/watch?v=ObT_zt1iR6o). Por que celebrar piratas?
E as odaliscas? Por que odaliscas frequentam a folia, se deveriam estar em um harém otomano à espera de atenção?
Não bastasse o carnaval - a festa em si - possuir o caráter de patrimônio cultural imaterial, ocasião em que a maioria das manifestações da minha região são exercitadas, existe um conteúdo memorial nas escolhas dessas fantasias, que às vezes são até uma tradição familiar. Por que, ano após ano as pessoas continuam a se fantasiar com esses personagens?
Estou curiosa para ver quais são as fantasias e os novos personagens que surgirão nesse carnaval.
Por que se fantasiar de super-heroi??
ResponderExcluirSuper Nescau!
Energia que dá gosto! Precisa de energia para pular carnaval. Engraçado, as latas de Nescau agora não falam mais a palavra Super, não é?
ResponderExcluirOntem aprendi que Curitiba guarda a memória de um pirata, que escondeu um tesouro pela cidade. O pirata Zulmiro seria uma ótima fantasia de carnaval.
ResponderExcluirVamos lá, outra vez. O carnaval (2015) já começou aqui na paisagem onde habito. Estou me preparando para rever o triângulo amoroso inconsciente entre Pierrot, Colombina e Arlecchino, que desfilam em grupos pelas ruas, misturados a outros personagens. Outros triângulos amorosos despontam no carnaval, é tão evidente que todos perceberiam, se estivessem sóbrios.
ResponderExcluirEsse ano tem fantasia nova e interessante: o muro de Trump. Cf. https://catracalivre.com.br/geral/humor/indicacao/fantasia-de-muro-do-trump-e-nova-tendencia-deste-carnaval/
ResponderExcluirDois carnavais e o muro ainda não foi construído.
ExcluirMinha amiga se fantasiou de galáxia! Que legal!
ResponderExcluirNeste ano de 2018, as fantasias de "índio" estão sendo objeto de reflexão. A FUNAI publicou nas redes sociais o seguinte texto, que reproduzimos:
ResponderExcluir"O cocar para o indígena
Não é adorno.
Representa a força que ele carrega,
Cada povo tem sua nação
Que se vê na beleza da confecção.
Cocar não é fantasia!
É elemento cultural,
A pena representa ancestralidade
Do ser, da identidade.
Sejam elas penas pequenas ou grandes,
Tem em si significado de valor,
Com as penas e grafismos
O indígena mostra que nessa área
É mais que mestre, é doutor.
O cocar tem valor sem igual,
Seu peso está na responsabilidade
De levar a presença ancestral.
Na aldeia e na cidade.
Se usado de qualquer maneira
E sem conhecer seu real valor,
O cocar perde a magia,
Aí se torna adereço ou fantasia.
Preste atenção, irmão!
Não use uma pena por usar.
Cocar não é fantasia!
Nele se encontra a força, a magia,
Tenha respeito pela sabedoria milenar.
Não use cocar por usar!
Texto: Márcia Wayna Kambeba"
Carnaval 2019, vou me fantasiar de toupeira e ficar em casa escondida.
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