sexta-feira, 14 de junho de 2013

Filmes educativos do IPES

A memória coletiva é constituída por representações sociais.  O imaginário coletivo é uma fonte de estudo memorial riquíssima, e a experiência brasileira ilustra como a propaganda pode ser utilizada eficientemente em sua construção.
O famoso Instituto IPÊS, fundado em 2 de fevereiro de 1962, foi criado para “proporcionar a educação moral e cívica dos cidadãos”, e no exercício dessa missão produziu documentos, filmes, seminários e exposições culturais com o objetivo de angariar a simpatia popular para o futuro golpe de Estado de 1964 (ASSIS, 2001, p. 22).  Não por acaso muitos membros do futuro governo ditatorial eram associados.
Os filmes produzidos são especialmente interessantes pelo discurso que veiculam, e  serviam perfeitamente à doutrinação do público alvo, principalmente os analfabetos e as mulheres. A idéia repassada era que para criar o “Brasil Grande” bastava coibir a baderna, ou seja, as reivindicações salariais, protestos, organização da classe estudantil, o que pode perceber do próprio título dos filmes produzidos pelo IPÊS, tais como: “Deixem o estudante estudar”, “O Brasil precisa de você”, “Que é a democracia?”, que eram exibidos em Igrejas, clubes, praças e escolas (LOUZEIRO, 2001, p. 38-43).
Hoje, há um catálogo dos filmes produzido recentemente pelo Arquivo Nacional (http://www.portalan.arquivonacional.gov.br/media/Ip%C3%AAs%20filmes%20%20final%2013%20nov.pdf), mas até bem pouco tempo era relativamente difícil conseguir informações.
Consegui encontrar alguns deles no Youtube, e são interessantes para quem quer conhecer um pouco mais a narrativa desse período de desestabilização (1961-1964): "Omissão é crime" http://www.youtube.com/watch?v=ZOCL6OkzCy4; "O Brasil precisa de você" http://www.youtube.com/watch?v=wzWricBgMt8; "História de um maquinista" http://www.youtube.com/watch?v=0SrMI9SD6DU; "Nordeste problema nº 1 " http://www.youtube.com/watch?v=HHrUXEh_Rfg.
 Hoje lembrei do IPES.

Referências

ASSIS, Denise. Propaganda e Cinema a serviço do golpe – 1962/1964. Rio de Janeiro: Mauad, 2001.

LOUZEIRO, José. O IPÊS faz cinema e cabeças. In: ASSIS, Denise (org.). Propaganda e Cinema a serviço do golpe – 1962/1964. Rio de Janeiro: Mauad, p. 31-40, 2001.


6 comentários:

  1. É, o IPÊS é muito interessante.

    Hoje estava pensando cinema e subversão (?) e lembrei que há muitos anos, circulou pelo Brasil um filme que despertou relativo interesse: "Muito além do Cidadão Kane" (Beyond Citizen Kane).

    As pessoas exibiam esse filme e a propaganda boca a boca o fez famoso por aqui. Dele, lembro do sabor de clandestinidade que as discussões assumiam, e de uma necessidade de aprofundamento das informações veiculadas.

    Fazendo umas contas rápidas, acho que já faz mais de vinte anos.

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  2. Nesse momento em que a Comissão Nacional da Verdade discute o apoio dos empresários ao Golpe de Estado, também vale a pena refletir um pouco sobre o IBAD - Instituto Brasileiro de Ação Democrática.

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  3. Mas realmente muito, muito, além do Cidadão Kane. A realidade é mais que a ficção.

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  4. Muito obrigado por colocar os filmes no youtube. Ontem assisti ao documentário O Prólogo, que fala da atuação do IPES e IBAD e foi muito interessante encontrar alguns filmes completos a partir da tua referência. Foram feitos 15 filmes, dos quais um não foi encontrado. Sabe-se alguma nova informação sobre esse filme sumido ? abs

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  5. Hello! I found a torrent for these movies and they are very interesting! I wish they had subtitles because I don't speak Portuguese. I hope you can read this, I will put it through google translator and also leave the English on the tiny chance that you know it (in case the google translation to Portuguese is completely incomprehensible).

    Olá! Encontrei uma torrente para esses filmes e eles são muito interessantes! Eu queria ter legendas porque não falo português. Eu espero que você possa ler isso, vou passar pelo tradutor do google e também deixar o inglês na pequena chance de você conhecê-lo (no caso de a tradução do google para o português ser completamente incompreensível).

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