domingo, 18 de agosto de 2013

Memória brasileira: Ouro para o bem do Brasil

A minha avó doou a aliança de casamento dela para a campanha "Ouro para o bem do Brasil".  E fez isso pelo bem da Nação.

Há muito tempo minha mãe me contou essa estória.  Disse que, quando era criança, foi com a minha avó até um posto de coleta, onde as pessoas entregavam os seus pertences de ouro, que eram jogados em uma pequena pilha no chão. Essa campanha da década de 1960 repetia a iniciativa paulista de 1932, portanto, não foi uma novidade.

Nunca pude entender que espécie de tributação seria aquela, voluntária e sem valor certo. Simples, não era uma forma de tributação: foi uma campanha publicitária criada por uma empresa (Diários Associados), que visava a contribuir para o soerguimento do Brasil, então avassalado pela inflação (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/05/memoria-brasileira-inflacao.html) e por uma crise política que levou ao golpe de Estado, recém efetivado.

Em troca, as pessoas recebiam uma aliança (http://www.memoriaviva.com.br/ocruzeiro/13061964/130664_1.htm). Quanto foi arrecadado? Não se sabe. Qual o destino das doações? Ninguém jamais ouviu dizer (http://www.jornalmovimento.com.br/geraldo-nunes/245-na-campanha-ouro-para-o-bem-do-brasil-populacao-foi-enganada-e-nunca-se-soube-onde-foi-parar-o-dinheiro-).

A boa-fé das pessoas era tamanha, que acreditavam realmente poder salvar o Brasil com seus pertences pessoais.  Que lastro estranho esse:  padrão-ouro de memorabilia.

Para o bem da memória do Brasil, gostaria muito de saber qual foi o destino dado à contribuição das pessoas. Gostaria também de acreditar que o sacrifício que a minha avó fez, ainda que simbólico, foi justificado.

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