domingo, 2 de novembro de 2014

Lembrando personagens - Vlad III

O mandatário romeno Vlad III nasceu em novembro 1431, e este é o motivo deste post.  Quanto à sua morte, bem, não há certeza quanto às datas (dezembro de 1476, ou janeiro de 1477), nem mesmo se efetivamente faleceu ou se ainda caminha entre nós.

A biografia do personagem é uma das mais interessantes.  Nasceu em um território conturbado e em uma época extremamente conturbada, filho de Vlad II, vovoida da região da Wallachia, localizada no atual Estado da Romênia (Romania). O pai fazia parte da ordem do Dragão, daí utilizar o nome Dracul e, como filho de Dragão, dragãozinho é, Vlad III passou a ser conhecido como "Draculea", filho do Dragão.

Ainda criança, foi refém político do sultão otomano Murad II, junto com o seu irmão Radu (o Belo).  Diferentemente do irmão, que se adaptou perfeitamente à cultura e ao modo de vida dos otomanos, ao ponto de tornar-se comandante dos Janissarios, e provavelmente participar da queda de Constantinopla junto com o sultão Mehmet II, Vlad III resolveu restaurar o poder familiar retornando à terra natal.

Lá, por razões políticas, tornou-se inimigo dos otomanos, com os quais guerreou ferozmente para evitar a expansão do império à  Europa.  Guerreou tão ferozmente que ganhou a alcunha de Tepes - Empalador, porque praticava com os inimigos a morte pelo empalamento.  Imagino que para o guerreiro essa propaganda de ferocidade deve ter sido realmente útil e deve ter evitado várias batalhas.

Vlad Tepes viveu a época do surgimento da imprensa, e acredito que ele foi um dos primeiros personagens da imprensa marrom.  Muito de sua fama deve-se a panfletos que circularam entre 1460 e 1470, contando suas aventuras.  Em 1490 circulou um livro chamado "A lenda de Drácula", ou algo assim, como uma coletânea dessas lendas e panfletos que o apresentaram como um personagem violento.

Para os padrões atuais, inclusive os meus agora, Vlad III morreu jovem, aos quarenta e cinco anos.  Foi assassinado em uma emboscada, mas o local de sepultamento é incerto: alguns afirmam estar enterrado em um Igreja em Snagov, e outros em um Mosteiro em Comana, aparentemente mais próximo do local onde acredita-se haver morrido (ou não).

A dicotomia Cristãos- Mulçumanos fez com que Vlad III fosse considerado um bastião europeu contra o avanço do império otomano.Acredito que pode ser considerado uma espécie de herói romeno, e há inclusive monumentos em sua homenagem, porém a ficção transformou o filho do Dragão em filho do demônio, pervertendo e amaldiçoando a sua biografia.

Nesse período de Halloween a figura do vampiro "Drácula" é uma das fantasias preferidas, e a sua proximidade com o dia de finados me fez lembrar dele.  É um personagem que sempre chamou a minha atenção mas, agora, estou realmente curiosa em saber como os romenos se sentem ao vê-lo sendo retratado como vampiro porque lá assuntos como a bruxaria (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/01/bruxaria-e-considerada-profissao-legal.html) e o vampirismo são levados a sério, e com razão, pois não devemos brincar com essas coisas.

Será que retratá-lo como um vampiro é considerado ofensivo aos romenos?  Será uma violação à memória coletiva e à memória dos mortos?  



2 comentários:

  1. A aristocracia não é mais a mesma: https://br.noticias.yahoo.com/duas-pessoas-ganhar%C3%A3o-pernoite-em-caix%C3%A3o-no-castelo-171213150.html

    O que diria o príncipe sobre essa promoção?
    E, pior, o fará?

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  2. https://www.honors.wvu.edu/news/2019/02/04/study-abroad-searching-for-vlad-in-romania-summer-2019

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