terça-feira, 2 de junho de 2015

Viralizou e daí?

Eu vivi a década de 80, e já aderi a mais modas do que qualquer um deveria.  Um vida só é pouco para tanto arrependimento: cortes de cabelo inaceitáveis, gel fixador rosa e brilhante, cores e grafismos que desafiavam o bom senso.

Em tempos de ultracomunicação, a mimesis parece que tem alcançado níveis estratosféricos.  Em busca de algo que nos conecte, as pessoas estão criando pequenos rituais, efêmeros e por vezes sem sentido, com a esperança que se reproduzam através da imitação pelo mundo virtual e real.

E muitas pessoas embarcam nessas ordens virtuais, nessa ditadura do "faça você também", de maneira inconsciente, como se fizessem parte de um grande esforço de integração ou para provar sei lá o que.  Essa brincadeira de "siga o líder" para mim sempre foi inaceitável, especialmente porque as pessoas seguem o líder quando ele está fazendo coisas idiotas, ou apesar disso.

Se  é moda, vou para o outro lado.   Se é homogeneização, sou diferente.  Se todo mundo está fazendo, recuso. Olhar para os lados, para trás e para frente é a liberdade de não usar antolhos e de resistir.

E isso vale também para a forma ditatorial como a moda impõe suas ordens.  A cor e o estilo do momento determinam a aceitabilidade dos modos de ser, fazer, viver e expressar (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/11/resgatando-xingamentos-antigos-8-secio.html).

Enfim, esse post é para lembrar desses efêmeros modismos aos quais orgulhosamente não aderi e não vou:

- Charlie Charlie
- Harlem Shake
- Dublagem ruim
- Outros que lembrarei nos comentários.  Observe-se que só lembrei de vídeos, mas há também ditos e fotos.

Qual é a graça de fazer o que todo mundo está fazendo, ainda mais sendo irrelevante? E se é irrelevante, dificilmente será memorável.  Quantos desses passatempos já viralizaram e não deixaram nenhum significado ou marca indelével?

A questão do meme, da estratégia comunicativa e sua transmissão, é muito interessante para ser estudada, especialmente o quanto disso consegue ser efetivamente transmitido e memorizado individual e coletivamente.

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