Em 31 de março de 1964 (ou 1º de abril) ocorreu o Golpe militar (Revolução ou Contra-Revolução) que levou o Brasil a décadas de ditadura. Na verdade foi a culminância de um processo de desestabilização que iniciou em 1961 (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/09/memoria-brasileira-ditadura-de-1961-1988.html) e durou até que uma nova constituição restituísse a democracia.
A turbulência institucional é a constante do nosso processo político. O Brasil já passou por todas as formas clássicas de Estado, de Governo, sistemas de governo e regimes políticos modernos. Já foi Estado Unitário, agora é Federal. Já foi Monarquia (com uma abdicação e um golpe), agora é República, já foi presidencialista, parlamentarista, presidencialista de novo, ditadura e democracia.
Efetivamente, a estabilidade parece não ser uma virtude entre nós. Não é à toa que, em março de 2016, voltamos a discutir se há golpe ou não há golpe na política brasileira. Twain diz, mais ou menos, que a História não se repete, mas rima, e no nosso caso é verdade.
A História em 2016 não vai repetir 1961-1964, porque as instituições parecem mais fortes, e as pessoas parecem comprometidas em manter as conquistas democráticas dos últimos vinte e seis anos (desde a Constituição de 1988), independentemente de suas convicções políticas, salvo desonrosas e pontuais exceções. Nesse contexto, a memória e a História parecem estar servindo de parâmetros para algumas discussões que estão sendo travadas e isso é fundamental, nesse momento de transição tardia que vivemos.
A questão é qual será a nossa rima. E, mais importante, qual será o nosso rumo? Não sejamos ingênuos de pensar que só existem a "direita" e a "esquerda" a nos apontar o caminho nessa encruzilhada.
Outro aspecto interessante. O Brasil não elaborou um marco memorial do dia 31 de março (da Revolução, Golpe ou Contra-Revolução). Essa data não foi publicamente instituída como uma comemoração , como discuti no artigo publicado no CONPEDI ( http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2016/01/divulgacao-artigo-democracia-como.html). O que vemos agora é apropriação desta data como manifestação "Contra o Golpe", conforme se têm divulgado das manifestações que vão acontecer hoje.
Se isso for verdade, e a data for incluída no calendário público (ainda que não oficial), vamos presenciar uma ressignificação interessante e espontânea da data, razão pela qual esse post terá desdobramentos anuais.
O que será, será.
quinta-feira, 31 de março de 2016
sexta-feira, 25 de março de 2016
Direito à memória dos mortos: toque de Iúna
"Dos lábios aos ouvidos" e por imitação. Essa é a maneira que o meu mestre ensina Capoeira, e nós ouvimos e imitamos. Aprender por observação é muito interessante pois o aluno vai percebendo, acrescentando e construindo o seu próprio jeito de fazer.
Hoje eu estava lembrando quando ouvi o toque da "Iúna" pela primeira vez. Ele é bem diferente e bem especial, porque é raramente tocado e não há palmas nem cantos. A sensação que eu tive quando ouvi a Iúna é de solenidade e tristeza.
Aprendi que é um toque utilizado para celebrar a memória dos mortos e é uma forma delicada e compungente de homenagem.
Em geral, o toque é associado ao canto do pássaro Iúna (Anhuma), e por isso há toques graves (macho) e agudos (fêmea). Nesse vídeo o Mestre Itapoan dá uma versão sobre o toque de Iúna e há uma gravação atribuída ao famoso Mestre Bimba:
https://www.youtube.com/watch?v=vc2t2kMOywo
Hoje eu estava lembrando quando ouvi o toque da "Iúna" pela primeira vez. Ele é bem diferente e bem especial, porque é raramente tocado e não há palmas nem cantos. A sensação que eu tive quando ouvi a Iúna é de solenidade e tristeza.
Aprendi que é um toque utilizado para celebrar a memória dos mortos e é uma forma delicada e compungente de homenagem.
Em geral, o toque é associado ao canto do pássaro Iúna (Anhuma), e por isso há toques graves (macho) e agudos (fêmea). Nesse vídeo o Mestre Itapoan dá uma versão sobre o toque de Iúna e há uma gravação atribuída ao famoso Mestre Bimba:
https://www.youtube.com/watch?v=vc2t2kMOywo
domingo, 20 de março de 2016
Relógios (3): relógio de sol do Convento de São Francisco, Olinda - Patrimônio da Humanidade
Coleciono imagens de relógios de sol, xingamentos antigos e livros. Já mostrei dois anteriormente aqui no blog: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2014/09/relogios-1-relogio-de-sol-da-missao-de.html e http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2014/11/relogios-2-relogio-de-sol-de-f-brennand.html.
Este exemplar maravilhoso foi capturado no Convento de São Francisco, em Olinda:
Este exemplar maravilhoso foi capturado no Convento de São Francisco, em Olinda:
Relógio de Sol - Foto: Fabiana Dantas |
Relógio de Sol - Foto: Fabiana Dantas |
Relógio de Sol - Foto: Fabiana Dantas |
sábado, 12 de março de 2016
Restruição (4): o caso do Castillo de Matrera
Restruição, quando a restauração provoca um dano em um bem cultural. Já carpimos e sofremos aqui no blog pelo Ecce Homo da Iglesia de Borja (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/08/restruicao.html), pela máscara de Tutancamon (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2015/01/restruicao-2-iconica-mascara-dourada-de.html) e pela fonte de Ibitinga (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2015/07/restruicao-3-o-caso-da-fonte-de-ibitinga.html).
Agora nos deparamos com o caso do Castillo de Matrera, na Espanha, onde uma obra de "consolidação" está causando polêmica: http://www.theguardian.com/artanddesign/architecture-design-blog/2016/mar/10/spain-concrete-castle-restoration-matrera-cadiz-accidental-genius?CMP=fb_gu.
Não conheço as justificativas técnicas da intervenção, e provavelmente há alguma. Mas entendo que nunca é bom quando o bem cultural fica parecendo um adesivo colado em uma parede.
Agora nos deparamos com o caso do Castillo de Matrera, na Espanha, onde uma obra de "consolidação" está causando polêmica: http://www.theguardian.com/artanddesign/architecture-design-blog/2016/mar/10/spain-concrete-castle-restoration-matrera-cadiz-accidental-genius?CMP=fb_gu.
Não conheço as justificativas técnicas da intervenção, e provavelmente há alguma. Mas entendo que nunca é bom quando o bem cultural fica parecendo um adesivo colado em uma parede.
quarta-feira, 9 de março de 2016
Memória Poética - Entre a serpente e a estrela - Zé Ramalho
"Há um brilho de faca
Onde o amor vier
E ninguém tem o mapa
Da alma da mulher...
Ninguém sai com o coração sem sangrar
Ao tentar revelar
Um ser maravilhoso
Entre a serpente e a estrela...
Um grande amor do passado
Se transforma em aversão
E os dois lado a lado
Corroem o coração...
Não existe saudade mais cortante
Que a de um grande amor ausente
Dura feito um diamante
Corta a ilusão da gente
Toco a vida prá frente
Fingindo não sofrer
Mas o peito dormente
Espera um bem querer
E sei que não será surpresa
Se o futuro me trouxer
O passado de volta
Num semblante de mulher
O passado de volta
Num semblante de mulher"
Onde o amor vier
E ninguém tem o mapa
Da alma da mulher...
Ninguém sai com o coração sem sangrar
Ao tentar revelar
Um ser maravilhoso
Entre a serpente e a estrela...
Um grande amor do passado
Se transforma em aversão
E os dois lado a lado
Corroem o coração...
Não existe saudade mais cortante
Que a de um grande amor ausente
Dura feito um diamante
Corta a ilusão da gente
Toco a vida prá frente
Fingindo não sofrer
Mas o peito dormente
Espera um bem querer
E sei que não será surpresa
Se o futuro me trouxer
O passado de volta
Num semblante de mulher
O passado de volta
Num semblante de mulher"
domingo, 6 de março de 2016
Citações sobre a memória - Gabriel Garcia Márquez
"La vida no es la que uno vivió, sino la que uno recuerda, y cómo la recuerda para contarla".
sábado, 5 de março de 2016
Divulgação - Documentação sobre o Nazismo e suas vítimas
O sítio https://www.its-arolsen.org/en/ permite pesquisar sobre documentos relativo ao período.
terça-feira, 1 de março de 2016
Ativismo linguístico: Língua, Patrimônio Imaterial
Olha que iniciativa interessantíssima: https://rising.globalvoices.org/lenguas/2015/04/28/muisca-salvar-el-idioma-muisca-de-la-extincion-palabra-por-palabra/
Parece-me que o processo de substituição forçada da língua muisca pelo Español foi similar ao que aconteceu no Brasil, onde houve a proibição de falar a "Língua Geral" indígena por ato do Marquês de Pombal (Diretório dos Índios, 1757).
Parece-me que o processo de substituição forçada da língua muisca pelo Español foi similar ao que aconteceu no Brasil, onde houve a proibição de falar a "Língua Geral" indígena por ato do Marquês de Pombal (Diretório dos Índios, 1757).