quarta-feira, 25 de julho de 2018

Diálogo surreal (14): sobre coercitividade e bebês.

-Vou escrever. Senta aí, Fabiana, disse Benjamin, com a autoridade dos seus dois anos.
- O que você está escrevendo?
- O nome.
Rabisca, rabisca, rabisca.
- Está lindo, vou lavar louça.
- Não pode, senta aí.  Você está de castigo.
- Eu estou de castigo? Por que?
Rabisca, rabisca, rabisca. E disfarça.
- O que eu fiz para estar de castigo?
Rabisca, pensa, disfarça.
- Eu não fiz nada de errado. Então não estou de castigo.  Nullum crimen, nulla poena sine lege, Benjamin. Além do mais, você não pode me colocar de castigo.  Você não é a minha mãe.

Benjamin sorriu, achando graça no Latim, e virou para mãe dele e disse: "Milena, coloca ela de castigo".
- Assim não vale.  Ela não é a minha mãe.  Só vovó Irá pode.
Rabisca, rabisca, pensa...
Dá um sorriso lindo para a Tia Fabiana e diz, resolvendo tudo:  fica sentada de castigo porque você está feliz.

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Boa tentativa, Benjamin, mas não é assim que funciona com Tia Fabiana.

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