sábado, 9 de fevereiro de 2019

Tamarindo da desventura de Augusto dos Anjos

Tamarindo da desventura do poeta

Desventurado tamarindo

"Agora sim! Vamos morrer, reunidos
Tamarindo de minha desventura,
Tu, com o envelhecimento da nervura,
Eu, com o envelhecimento dos tecidos!

Ah! Esta noite é a noite dos vencidos!
E a podridão, meu velho! E essa futura
Ultrafatalidade de ossatura,
A que nos acharemos reduzidos!

Não morrerão, porém, tuas sementes!
E assim, para o futuro, em diferentes,
Florestas, vales, selvas, glebas, trilhos,

Na multiplicidade dos teus ramos,
pelo muito que em vida nos amamos,
Depois da morte inda teremos filhos!"

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O tamarindo está produzindo filhos.  Embora a árvore esteja desventuradamente morrendo, já foram produzidas mudas e nasceu uma nova árvore de suas raízes.

Augusto dos Anjos, poeta e profeta.


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