domingo, 1 de dezembro de 2019

Memória Poética - Pablo Neruda


Perdoe o cidadão esperançado

minha lembrança de ações miseráveis,
que levantam os homens do passado.
Eu não preconizo um amor inexorável.

E não me importa pessoa nem cão:

só o povo me é considerável:
só a pátria me condiciona.

Povo e pátria manejam meu cuidado:

Pátria e Povo destinam meus deveres
e se logram matar o revoltado
pelo povo, é minha Pátria quem morre.
É esse meu temor e minha agonia.

Por isso no combate ninguém espere

que fique sem voz minha poesia.

(Eu não me calo)

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