domingo, 14 de julho de 2024

Resgatando instituições antigas: Chasquis

A série "Resgatando instituições antigas" é o esforço sincero deste blog em propor a reciclagem, o reuso, ou a reconstrução de instituições sociais antigas, inovadoras em seu próprio tempo, e que poderiam ser úteis de novo desde que adaptadas às novas necessidades.

Nessa trilha de reflexão já demonstramos a utilidade da reabilitação de práticas antigas como:

- o ostracismo (https://direitoamemoria.blogspot.com/2011/11/resgatando-instituicoes-antigas.html)

- o auto-sacrifício maia (https://direitoamemoria.blogspot.com/2011/11/resgatando-instituicoes-antigasauto.html) 

- cavaleiros templários (https://direitoamemoria.blogspot.com/2011/12/resgatando-instituicoes-antigas-3.html 

-  comércio de indulgências (https://direitoamemoria.blogspot.com/2012/01/resgatando-instituicoes-antigas-4.html

- o fosso dos castelos (https://direitoamemoria.blogspot.com/2012/02/resgatando-instituicoes-antigas-fosso.html)

- virgens vestais (https://direitoamemoria.blogspot.com/2012/03/resgatando-instituicoes-antigas-virgens.html)

- ordálios (https://direitoamemoria.blogspot.com/2012/04/resgatando-instituicoes-antigasordalios.html)

- oráculos e pitonisas (https://direitoamemoria.blogspot.com/2012/08/resgatando-instituicoes-antigasoraculos.html)




Todas inovações visionárias que contribuíram para a evolução das sociedades que as gestaram, e que inexplicavelmente foram abandonadas ou modificadas ao ponto de se tornarem irreconhecíveis, mas que podem ser resgatadas para nos ajudar a resolver problemas contemporâneos.

E o meu - nosso - problema agora está sendo receber encomendas de forma rápida.  Não há justificativa possível, nesse mundo globalizado e superconectado, que um pacote de qualquer coisa demore dois meses para chegar à minha casa.

Esse é o prazo da tecnologia das caravelas, quando o mar era a única via disponível e os poetas achavam que voar era apenas uma metáfora da inveja aos pássaros.

A solução para isso é reabilitar os chasquis.

Em abril de 2024 tive a oportunidade de realizar o sonho de conhecer e caminhar na região de Cusco e pude colocar esses personagens que sempre me fascinaram em seu ambiente.  Contextualizar é preciso para entender o tamanho do esforço e da eficiência dos chasquis, que serviam de correio por todo império inca.

Rápidos, eficientes e atléticos nos ajudariam a incrementar fortemente a agilidade na entrega de pequenas encomendas, como as minhas, que para o atual sistema de entregas parecem ter se convertido em um fardo pesado demais para carregar.

A antiga instituição dos chasquis poderia ser revitalizada se:

1) A atividade dos chasquis fosse reconhecida como uma modalidade esportiva.  Tenho certeza que ainda haveria pessoas dispostas a pagar para correr e carregar pequenas encomendas, como há quem pague para deslocar pneus e outros pesados artefatos;
2) Os chasquis profissionais deveriam ser remunerados por metro/corrido;
3)As encomendas entregues por chasquis deveriam ganhar um selo de sustentabilidade ambiental;
4) Os chasquis deveriam ter direito à aposentadoria em função da quilometragem.

sábado, 6 de julho de 2024

Aguaymanto

Surpresa deliciosa, encontrei esse amor nas montanhas da região de Cusco.

Já bebi aguaymanto, comi em bolos, doces, chocolates. Comi puro e misturado.

Para minha tristeza descobri que não há onde comprar por aqui, e agora vejo fotografias e choro de saudades.

terça-feira, 2 de julho de 2024

Artístico

 O "artístico" é uma categoria ampla que permite criar um repertório de manifestações culturais que moldam a nossa identidade, quando se transformam em bens acautelados pelo Estado e/ou são difundidas pela sociedade através das gerações.

A categoria artístico abrange as artes tradicionais -Música, Teatro, Arquitetura, Pintura, Escultura, Literatura/Poesia - e outras que, para surpreender as Musas, foram criadas pela evolução da sociedade, como o Cinema e a Fotografia.

Para mim, amante das musas antigas, é difícil imaginar outros tipos de arte além dessas novidades, mas tenho certeza que a Humanidade, em sua infinita capacidade, irá me surpreender.

Qualquer que seja o meio de manifestação, para mim a arte sempre teve a função de acordar e nos fazer ver o mundo de uma maneira diferente (cf. https://direitoamemoria.blogspot.com/2020/04/obras-de-adriana-varejao.html), e não mais voltar a ser como antes.

Eu trabalho protegendo o patrimônio cultural brasileiro, e a ele dedico minhas horas de estudo, lazer e caminhadas, e uma parte material importante dele são os edifícios e monumentos.  Eu contemplo, teorizo, sonho e imagino quem, como, quando, por que, por que aqui, para que, mas depois que eu ouvi o poema sonoro Construção, de Chico Buarque de Holanda, passei a pensar muito mais no quem.

Escute a música, entenda a letra, imagine e chore. Veja um trabalhador carregando o peso da sua existência, vivendo e morrendo como se fosse um utensílio.

Quem fez?  Quem colocou pedra sobre pedra? As pessoas que trabalharam naquele monumento, os executores, criaram a glória alheia e o seu nome se dissolveu no tempo.

Por causa dessa música/poema eu também dou muita importância ao uso de equipamentos individuais de proteção. O meu olho já procura capacetes, cordas, botas e amarrações porque acidentes acontecem, mas não deviam.

Eu vejo os edifícios que ajudo a proteger como organismos vivos que sangram quando são danificados, por causa de Adriana Varejão, e que são o produto do trabalho de pessoas anônimas que ali deixaram sua energia, suas dores, anseios, esperanças e às vezes a sua vida.

A arte expande a nossa compreensão e contribui para a diversidade que nos dá amplitude de alternativas. Pensar diferente, fazer diferente é fundamental também para nós, que não somos artistas, mas sentimos e entendemos a humanidade através das manifestações culturais.

A arte precisa de liberdade para mudar percepções, para incomodar, maravilhar, fazer sonhar, questionar, para nos ajudar a ser mais.