sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Souvenir (7): Brasília
No longíquo ano de 2000, tive que ir à Brasília para participar de uma sessão no Supremo Tribunal Federal, foi a minha primeira vez na capital federal.
Eu estava muito feliz por vários motivos:
1 - Eu vi que o Supremo Tribunal Federal existe no mundo físico. Até então, eu mistificava tanto, mas tanto, que acha que ia ter que viajar para a Terra Média de Tolkien, e passar vários perigos até chegar ao SUPREMO.
(Puxa, agora eu me lembrei de um filme que passava na sessão da tarde, que tinha esse sabor de peregrinação exploratória e perigosa: "A Rosa Azul" (dá uma olhada no vídeo do youtube! http://www.youtube.com/watch?v=HXI-EE-zXDk&noredirect=1).
O "maléfico Vizir" possuía uma relíquia chamada o "olho de que tudo vê", que eu sempre associei à idéia de "aleph", ou de televisão, como queiram.
2 - Desculpem, às vezes a memória faz a gente viajar. Voltando ao souvenir, quando saí do SUPREMO, feliz por aprender e experimentar o nascimento da jurisprudência, fui comemorar com os Candangos.
3 - E por que fui comemorar lá? Porque esse monumento é muito alto astral! Esses braços para cima são o símbolo universal da vitória. É irresistível, todo mundo que chega lá levanta os braços e comemora alguma coisa, qualquer coisa.
Candangos, Uhuuuuu! Issa!
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Serenidade
Concede-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar;
Coragem para modificar as que posso e sabedoria para distinguir a diferença.
Esses aí são os livros que eu não consegui ler na época do Doutorado. E vocês podem questionar: "tudo bem, Fabiana, você não leu porque não deu tempo...Mas porque você não dá uma arrumada nessa prateleira?"
E aí quem pergunta sou eu: Que hostilidade é essa?
Eu enquadraria essa prateleira na categoria "coisas que eu não posso modificar", e a serenidade consiste na aceitação desse fato.
Coragem para modificar as que posso e sabedoria para distinguir a diferença.
Esses aí são os livros que eu não consegui ler na época do Doutorado. E vocês podem questionar: "tudo bem, Fabiana, você não leu porque não deu tempo...Mas porque você não dá uma arrumada nessa prateleira?"
E aí quem pergunta sou eu: Que hostilidade é essa?
Eu enquadraria essa prateleira na categoria "coisas que eu não posso modificar", e a serenidade consiste na aceitação desse fato.
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Memórias Falsas (1): Abdução de Fabiana
Estou inclinada a imitar Mark Twain (http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/09/citacoes-sobre-memoria-mark-twain.html), lembrando só das coisas que nunca aconteceram.
Para iniciar essa série do blog, uma rara foto tirada momentos antes da abdução de Fabiana, enquanto caminhava calmamente no sul da ilha de Florianópolis:
Tenho poucas lembranças da abdução propriamente dita, mas lembro vagamente que um inca venusiano azul me falou que estávamos na constelação de Alpha Centauri. Depois lembro vagamente que me deram alguma coisa de comer parecida com uma tapioca, cujo recheio era apenas de coco, e eu disse: "aí tá certo".
Tenho poucas lembranças da abdução propriamente dita, mas lembro vagamente que um inca venusiano azul me falou que estávamos na constelação de Alpha Centauri. Depois lembro vagamente que me deram alguma coisa de comer parecida com uma tapioca, cujo recheio era apenas de coco, e eu disse: "aí tá certo".
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Campanha da OAB pela Memória e pela Verdade
Esse post é para divulgar a campanha da Ordem dos Advogados do Brasil pelo direito à memória e à verdade dos desaparecidos políticos do Brasil, no período da Ditadura Militar, 1964/1988.
http://www.youtube.com/watch?v=bHiN1AIVzoA
Na verdade, a Lei brasileira inclui o período de desestabilização política anterior, de 1961 até o golpe de Estado (1964), então devemos considerá-lo nesse processo de busca.
Espero que o salutar exercício da verdade transborde esse apertado período e atinja outras épocas e circunstâncias da nossa História e do nosso cotidiano.
http://www.youtube.com/watch?v=bHiN1AIVzoA
Na verdade, a Lei brasileira inclui o período de desestabilização política anterior, de 1961 até o golpe de Estado (1964), então devemos considerá-lo nesse processo de busca.
Espero que o salutar exercício da verdade transborde esse apertado período e atinja outras épocas e circunstâncias da nossa História e do nosso cotidiano.
domingo, 25 de setembro de 2011
Lembrar Clara Nunes
Clara Nunes foi uma grande cantora brasileira, que infelizmente faleceu as 41 anos de idade, no dia 2 de abril de 1983.
Além de ser uma das maiores cantoras populares do Brasil, Clara Nunes também merece ser lembrada porque sua carreira artística foi a afirmação de sua identidade cultural. O modo de vestir-se nas apresentações, os adereços que usava, a temática das suas músicas, acredito, conseguiu contribuir para divulgar a beleza dos cultos afro-brasileiros:
http://www.youtube.com/watch?v=Gs17NDxlCTs&ob=av2n
Clara Nunes é uma presença marcante nas manhãs da minha infância. Minha mãe colocava o discão de vinil nas manhãs de sábado ou domingo, e nós fazíamos as tarefas domésticas ao som da voz dela, quase como uma música laboral.
Eu na verdade pouco ajudava na faxina, porque ficava prestando atenção às letras e dançando. A música que eu mais gostava de ouvir era essa do link abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=eBVpMd0eMZU&ob=av2n
"Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela, será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela?" Eu achava uma bobagem essa dúvida: é claro que era a morena que mexia o chocalho!
Depois fui descobrir que na verdade é o chocalho, o tambor, ou qualquer coisa que faça um barulho ritmado que mexe com a gente. Dependendo do ritmo, simplesmente não dá para ficar parado.
Além de ouvir, eu gostava de VER Clara Nunes cantando. Ela era tão bonita e sempre canta tão feliz, era divertido de assistir. E as roupas e os adereços? Sempre com lindos vestidos, geralmente brancos, e adornava os cabelos com flores, conchinhas, búzios, no final ela mesma ficava parecendo uma representação de Iemanjá.
E o melhor, Clara Nunes cantou uma de minhas músicas preferidas: Feira de Mangaio, acompanhada da preciosa sanfona de Sivuca. Ouvindo essa canção parece que eu sou transportada àquelas feiras tradicionais de produtos regionais, que conseguem sintetizar o modo de vida e os bens culturais cotidianos. A feira é um lugar mágico para a memória coletiva:
http://www.youtube.com/watch?v=V0KLXs0SCpE&feature=related
Além de ser uma das maiores cantoras populares do Brasil, Clara Nunes também merece ser lembrada porque sua carreira artística foi a afirmação de sua identidade cultural. O modo de vestir-se nas apresentações, os adereços que usava, a temática das suas músicas, acredito, conseguiu contribuir para divulgar a beleza dos cultos afro-brasileiros:
http://www.youtube.com/watch?v=Gs17NDxlCTs&ob=av2n
Clara Nunes é uma presença marcante nas manhãs da minha infância. Minha mãe colocava o discão de vinil nas manhãs de sábado ou domingo, e nós fazíamos as tarefas domésticas ao som da voz dela, quase como uma música laboral.
Eu na verdade pouco ajudava na faxina, porque ficava prestando atenção às letras e dançando. A música que eu mais gostava de ouvir era essa do link abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=eBVpMd0eMZU&ob=av2n
"Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela, será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela?" Eu achava uma bobagem essa dúvida: é claro que era a morena que mexia o chocalho!
Depois fui descobrir que na verdade é o chocalho, o tambor, ou qualquer coisa que faça um barulho ritmado que mexe com a gente. Dependendo do ritmo, simplesmente não dá para ficar parado.
Além de ouvir, eu gostava de VER Clara Nunes cantando. Ela era tão bonita e sempre canta tão feliz, era divertido de assistir. E as roupas e os adereços? Sempre com lindos vestidos, geralmente brancos, e adornava os cabelos com flores, conchinhas, búzios, no final ela mesma ficava parecendo uma representação de Iemanjá.
E o melhor, Clara Nunes cantou uma de minhas músicas preferidas: Feira de Mangaio, acompanhada da preciosa sanfona de Sivuca. Ouvindo essa canção parece que eu sou transportada àquelas feiras tradicionais de produtos regionais, que conseguem sintetizar o modo de vida e os bens culturais cotidianos. A feira é um lugar mágico para a memória coletiva:
http://www.youtube.com/watch?v=V0KLXs0SCpE&feature=related
sábado, 24 de setembro de 2011
Souvenir (6): Congonhas, Minas Gerais
A cidade de Congonhas, no Estado de Minas Gerais, possui um DESLUMBRANTE conjunto arquitetônico e artístico, compondo o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos. Por isso, neste post vou escrever pouco e mostrar mais fotos, em um silêncio respeitoso:
Agora, o souvenir:
A epopéia desse souvenir foi a seguinte: cheguei no Santuário, e fiquei de boca aberta, babando. Daí resolvi ligar para a minha mãe para dizer que as esculturas eram lindas, e que os artesãos locais faziam miniaturas delas.
Inocentemente, perguntei se ela queria um souvenir com a miniatura de algum profeta (1), e ela me disse que queria uma de cada (profeta). Resultado, carreguei a minha mala com uma dezena dessas pequenas, mas pesadíssimas imagens, e mais uma réplica do profeta Daniel para meu próprio deleite.
Não sobrou espaço para outros suvenires mineiros, que graças a Deus são da modalidade comestível, então sempre tinha à mão queijo fatiado para melecar em qualquer tipo de doce que caísse nas minhas ávidas mãos.
Agora, o souvenir:
A epopéia desse souvenir foi a seguinte: cheguei no Santuário, e fiquei de boca aberta, babando. Daí resolvi ligar para a minha mãe para dizer que as esculturas eram lindas, e que os artesãos locais faziam miniaturas delas.
Inocentemente, perguntei se ela queria um souvenir com a miniatura de algum profeta (1), e ela me disse que queria uma de cada (profeta). Resultado, carreguei a minha mala com uma dezena dessas pequenas, mas pesadíssimas imagens, e mais uma réplica do profeta Daniel para meu próprio deleite.
Não sobrou espaço para outros suvenires mineiros, que graças a Deus são da modalidade comestível, então sempre tinha à mão queijo fatiado para melecar em qualquer tipo de doce que caísse nas minhas ávidas mãos.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
RESGATANDO XINGAMENTOS ANTIGOS...SEVANDIJA
"Sevandija: (poss. de um voc. hispânico pré-romano *sevandilla, dir do nome basco de lagartixa. s.f. 1. Zool. designação comum de parasitas e vermes imundos. S 2g 2. Pessoa que vive à custa dos outros, parasito. 3. Pessoa vergonhosamente servil." (Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda).
Modo de usar: Exemplo: "O sevandija emérito da empresa babou o ovo do chefe até ficar molhado".
Modo de usar: Exemplo: "O sevandija emérito da empresa babou o ovo do chefe até ficar molhado".
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
7 de setembro, ou a importância da comemoração
A história oficial conta que, viril e bravamente, o Imperador Pedro I resolveu que o Brasil seria independente de Portugal. Sentando em seu cavalo, prenunciando que tal imagem viraria estátua, supostamente disse: Independência ou morte!
Supostamente, porque não há comprovação de que ele tenha dito tal frase. Será que o Imperador nunca escreveu uma carta a alguém, ou contou vantagem por escrito, dizendo "é, foi isso mesmo! Papai mandou voltar para casa, daí eu disse, Independência ou Morte"? Parece que não.
Mas uma coisa todo mundo tem certeza: se alguém falou essa frase no Brasil, foi Dom Pedro I. A não ser que prevaleça a versão inventada pela Prefeita Darci Veras, de Ribeirão Preto (ao 1:13s):
http://www.youtube.com/watch?v=UdQ_aAAl3DE
Por essas e outras é que a co-memoração é importante...Como dizia Joelmir Beting, "no Brasil, até o passado é imprevisível". Taí a prefeita comprovando a sabedoria dessas palavras.
Não sei se comemorar a versão do "Independência ou Morte" (de Dom Pedro I, esclarecendo) também seja bom, já que existem versões alternativas para o fato. Por exemplo, que o Imperador estava com dor de barriga, e por isso parou naquela região, onde bebeu um chá de folha de goiabeira (http://www.ojornaldailha.com/?secao=leitura&parintins=4477).
Duvido muito que ele tenha gritado "Independência ou morte" enquanto descia de sua mula, gemendo e, como dizem aqui na minha região, com a síndrome de balaio velho (se acabando pelos fundos). A única coisa reconfortante nessa (his) (es)tória é que ele estava às margens do riacho Ipiranga e, querendo, poderia fazer a sua higiene pós-parto.
Tudo bem que a versão oficial é mais glamourosa e mais cômoda de comemorar, mas ainda assim, eu prefiro a verdade.
No mais, apenas para contribuir com a memória coletiva , as relações entre Brasil e Portugal no período pós-grito foram disciplinadas pelo Tratado do Rio de Janeiro de 1828.
Supostamente, porque não há comprovação de que ele tenha dito tal frase. Será que o Imperador nunca escreveu uma carta a alguém, ou contou vantagem por escrito, dizendo "é, foi isso mesmo! Papai mandou voltar para casa, daí eu disse, Independência ou Morte"? Parece que não.
Mas uma coisa todo mundo tem certeza: se alguém falou essa frase no Brasil, foi Dom Pedro I. A não ser que prevaleça a versão inventada pela Prefeita Darci Veras, de Ribeirão Preto (ao 1:13s):
http://www.youtube.com/watch?v=UdQ_aAAl3DE
Por essas e outras é que a co-memoração é importante...Como dizia Joelmir Beting, "no Brasil, até o passado é imprevisível". Taí a prefeita comprovando a sabedoria dessas palavras.
Não sei se comemorar a versão do "Independência ou Morte" (de Dom Pedro I, esclarecendo) também seja bom, já que existem versões alternativas para o fato. Por exemplo, que o Imperador estava com dor de barriga, e por isso parou naquela região, onde bebeu um chá de folha de goiabeira (http://www.ojornaldailha.com/?secao=leitura&parintins=4477).
Duvido muito que ele tenha gritado "Independência ou morte" enquanto descia de sua mula, gemendo e, como dizem aqui na minha região, com a síndrome de balaio velho (se acabando pelos fundos). A única coisa reconfortante nessa (his) (es)tória é que ele estava às margens do riacho Ipiranga e, querendo, poderia fazer a sua higiene pós-parto.
Tudo bem que a versão oficial é mais glamourosa e mais cômoda de comemorar, mas ainda assim, eu prefiro a verdade.
No mais, apenas para contribuir com a memória coletiva , as relações entre Brasil e Portugal no período pós-grito foram disciplinadas pelo Tratado do Rio de Janeiro de 1828.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Memória Brasileira: Medicina tradicional
Ontem estava tentando lembrar dos remédios caseiros e tradicionais que os brasileiros utilizam, porque eles integram no nosso patrimônio cultural imaterial, e portanto a nossa memória coletiva.
Por exemplo, eu sofro com constantes soluços então...a medicina tradicional diz que devemos tomar água no copo ao contrário. Não entendeu o sistema? Você pega o copo, enche com água, e ao invés de beber do jeito certo (borda de baixo), você bebe na borda de cima, o que vai obrigá-lo a curvar-se, e provavelmente pressionar o seu diafragma.
Dar susto para passar soluço é coisa do passado! Remédio bom mesmo é beber água ao contrário no copo.
Chá de boldo para dor de estômago, canja de galinha para males em geral (principalmente gripe), chá de capim santo, limão com mel, mastruz com leite...Suco de maracujá bem forte para relaxar, gemada e amendoim para levantar os ânimos, para todo problema há uma solução. Vai tentando...Se não funcionar, o tempo cura quase tudo.
Chá de hortelã para a garganta, chá de erva doce para acalmar, labedouro de beterraba para tosse de cachorro (aquela que não passa de jeito nenhum).
Há alguns anos, tive a oportunidade de analisar um projeto de pesquisa em pós-graduação, muitíssimo interessante: o uso do sapo na medicina tradicional. O sapo é um bichinho muito utilizado na medicina popular, para acalmar algumas doenças de pele, diminuir alguns tipos de inchaço, e para outras coisas que eu não cheguei a saber porque não li a monografia finalizada.
O sapo também é muito utilizado na feitiçaria popular brasileira (FPB) em geral, mas isso é tema para outro post.
Vocês lembram de algum outro remédio tradicional? Quem ensinou a vocês?
Por exemplo, eu sofro com constantes soluços então...a medicina tradicional diz que devemos tomar água no copo ao contrário. Não entendeu o sistema? Você pega o copo, enche com água, e ao invés de beber do jeito certo (borda de baixo), você bebe na borda de cima, o que vai obrigá-lo a curvar-se, e provavelmente pressionar o seu diafragma.
Dar susto para passar soluço é coisa do passado! Remédio bom mesmo é beber água ao contrário no copo.
Chá de boldo para dor de estômago, canja de galinha para males em geral (principalmente gripe), chá de capim santo, limão com mel, mastruz com leite...Suco de maracujá bem forte para relaxar, gemada e amendoim para levantar os ânimos, para todo problema há uma solução. Vai tentando...Se não funcionar, o tempo cura quase tudo.
Chá de hortelã para a garganta, chá de erva doce para acalmar, labedouro de beterraba para tosse de cachorro (aquela que não passa de jeito nenhum).
Há alguns anos, tive a oportunidade de analisar um projeto de pesquisa em pós-graduação, muitíssimo interessante: o uso do sapo na medicina tradicional. O sapo é um bichinho muito utilizado na medicina popular, para acalmar algumas doenças de pele, diminuir alguns tipos de inchaço, e para outras coisas que eu não cheguei a saber porque não li a monografia finalizada.
O sapo também é muito utilizado na feitiçaria popular brasileira (FPB) em geral, mas isso é tema para outro post.
Vocês lembram de algum outro remédio tradicional? Quem ensinou a vocês?
domingo, 18 de setembro de 2011
Memória brasileira: o flagelo da seca
Na década de 80 houve uma grande campanha publicitária, intitulada "Nordeste Urgente", que tinha por finalidade sensibilizar o Brasil para a grave situação dos refugiados da seca do Nordeste. Olha aí o link da campanha no youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=v9dLzQnv3HA
As imagens me impressionaram muito: milhares de figuras esquálidas, andando lentamente em uma procissão triste, ou sentados à beira da estrada esperando não sei o que.
Apesar de nunca haver sofrido na pele os efeitos da seca devastadora, na nossa região nós somos educados a viver com pouca água, a conviver com o racionamento cíclico. Quando era criança, era muito comum ver nas casas muitos baldes e vasilhas espalhados, panelas e tudo em que se pudesse acumular água para enfrentar longos períodos de um abastecimento irregular e insuficiente.
Ainda hoje pratico o salutar hábito de economizar recursos hídricos, mais por memória traumática do que necessariamente por consciência ecológica.
Faz algum tempo que eu não ouço falar do "flagelo da seca", será que o sertão virou mar?
Do meu peculiar ponto de vista, acredito que a natureza nunca está errada. Nunca vi ninguém fazer campanha contra o flagelo da seca no deserto do Atacama ou Saara, e olhe que apesar o processo de desertificação em curso, a caatinga ainda é um bioma que pode ser preservado.
Parece-me que a melhor maneira de evitar que essas pessoas se tornem refugiados ambientais é planejar, criar estratégias de convivência com a seca que lhes permitam a sustentabilidade. Não vemos mais campanhas contra o flagelo da seca, mas com certeza ainda existem refugiados ambientais, exilados econômicos, que não são contemplados com uma política pública eficiente.
Gostaria muito de saber qual foi o resultado da campanha publicitária, mas infelizmente para a memória coletiva, raramente a gente sabe o fim dessas estórias.
http://www.youtube.com/watch?v=v9dLzQnv3HA
As imagens me impressionaram muito: milhares de figuras esquálidas, andando lentamente em uma procissão triste, ou sentados à beira da estrada esperando não sei o que.
Apesar de nunca haver sofrido na pele os efeitos da seca devastadora, na nossa região nós somos educados a viver com pouca água, a conviver com o racionamento cíclico. Quando era criança, era muito comum ver nas casas muitos baldes e vasilhas espalhados, panelas e tudo em que se pudesse acumular água para enfrentar longos períodos de um abastecimento irregular e insuficiente.
Ainda hoje pratico o salutar hábito de economizar recursos hídricos, mais por memória traumática do que necessariamente por consciência ecológica.
Faz algum tempo que eu não ouço falar do "flagelo da seca", será que o sertão virou mar?
Do meu peculiar ponto de vista, acredito que a natureza nunca está errada. Nunca vi ninguém fazer campanha contra o flagelo da seca no deserto do Atacama ou Saara, e olhe que apesar o processo de desertificação em curso, a caatinga ainda é um bioma que pode ser preservado.
Parece-me que a melhor maneira de evitar que essas pessoas se tornem refugiados ambientais é planejar, criar estratégias de convivência com a seca que lhes permitam a sustentabilidade. Não vemos mais campanhas contra o flagelo da seca, mas com certeza ainda existem refugiados ambientais, exilados econômicos, que não são contemplados com uma política pública eficiente.
Gostaria muito de saber qual foi o resultado da campanha publicitária, mas infelizmente para a memória coletiva, raramente a gente sabe o fim dessas estórias.
sábado, 17 de setembro de 2011
Memória da TV - Blog Mofo TV
A televisão é onipresente na vida dos brasileiros. Aqui é mais fácil as pessoas lembrarem de personagens da ficção do que personagens históricos.
Dúvida: Quem foi Odete Roitman? Todo mundo vai responder certinho. Pergunte quem foi Bento Gonçalves e as pessoas provavelmente vão dizer que é uma cidade do sul do país.
Amarguras à parte, esse post é para divulgar um blog que eu comecei a seguir hoje, chamado Mofo Tv (http://mofotv.blogspot.com/), que tem por finalidade resgatar a memória televisiva brasileira, o que muito nos interessa.
Lá tem coisas do arco da velha e dá para exercitar a memória coletiva e individual.
Revendo imagens da década de 80, vi esse clip (ainda se fala isso?) de Marina. Peço que assistam e me expliquem, se puderem:
http://www.youtube.com/watch?v=1kV7ZD5iTy8&feature=related
Eu até entendi a proposta de "se apaixonar dez vezes em um só dia", e por isso ela estava cercado de rapazes (?), mas o que isso tem a ver com skate, armas, e acidentes de motocicletas?
Dúvida: Quem foi Odete Roitman? Todo mundo vai responder certinho. Pergunte quem foi Bento Gonçalves e as pessoas provavelmente vão dizer que é uma cidade do sul do país.
Amarguras à parte, esse post é para divulgar um blog que eu comecei a seguir hoje, chamado Mofo Tv (http://mofotv.blogspot.com/), que tem por finalidade resgatar a memória televisiva brasileira, o que muito nos interessa.
Lá tem coisas do arco da velha e dá para exercitar a memória coletiva e individual.
Revendo imagens da década de 80, vi esse clip (ainda se fala isso?) de Marina. Peço que assistam e me expliquem, se puderem:
http://www.youtube.com/watch?v=1kV7ZD5iTy8&feature=related
Eu até entendi a proposta de "se apaixonar dez vezes em um só dia", e por isso ela estava cercado de rapazes (?), mas o que isso tem a ver com skate, armas, e acidentes de motocicletas?
DIA DO PATRIMÔNIO NA FRANÇA
Denise informa que hoje é o Dia do Patrimônio na França, e por causa disso as atividades culturais lá são gratuitas.
A França é considerada referência na preservação de bens culturais e também é o país mais visitado no mundo por turistas, com foco em turismo cultural. Há estudos que dizem que o turismo é uma das principais indústrias da França, recebendo aproximadamente 70 milhões de turistas ao ano.
Não percebeu a relação entre preservação de bens culturais e o Turismo? Lamento.
No Brasil o Dia do Patrimônio é 17 de agosto, data do nascimento do historiador e jornalista Rodrigo de Mello Franco, um dos idealizadores da política de preservação e que foi um dos fundadores do Serviço de Proteção do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (que depois de muito tempo veio a ser o IPHAN que conhecemos hoje), sendo seu Diretor por 30 anos.
A França é considerada referência na preservação de bens culturais e também é o país mais visitado no mundo por turistas, com foco em turismo cultural. Há estudos que dizem que o turismo é uma das principais indústrias da França, recebendo aproximadamente 70 milhões de turistas ao ano.
Não percebeu a relação entre preservação de bens culturais e o Turismo? Lamento.
No Brasil o Dia do Patrimônio é 17 de agosto, data do nascimento do historiador e jornalista Rodrigo de Mello Franco, um dos idealizadores da política de preservação e que foi um dos fundadores do Serviço de Proteção do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (que depois de muito tempo veio a ser o IPHAN que conhecemos hoje), sendo seu Diretor por 30 anos.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
RESGATANDO XINGAMENTOS ANTIGOS: MEQUETREFE
Mequetrefe é um xingamento muito interessante porque pode ser utilizado contra alguém em três situações muito diferentes:
1 - Para xingar a pessoa que se mete em um assunto alheio sem convite: aí é sinônimo enxerido, intrujão (lembra dessa?);
2 - Se a pessoa é alguém sem importância: um "zé-ninguém". Nesse sentido, é um xingamento anti-cristão.
3 - Ou ainda se o indivíduo tem um caráter duvidoso, é sinônimo de biltre (!), safardana (!) e patife.
A grande vantagem desse xingamento é que "Mequetrefe" é uma palavra longa, daí você pode passar mais tempo xingando a pessoa.
Eventualmente essa palavra reaparece na nossa vida através das novelas da Rede Globo, especialmente quando têm "temática nordestina". Não sei ao certo porque acreditam que essa palavra é comum no Nordeste do Brasil, mas deve ter alguma coisa a ver com a musicalidade do sotaque.
1 - Para xingar a pessoa que se mete em um assunto alheio sem convite: aí é sinônimo enxerido, intrujão (lembra dessa?);
2 - Se a pessoa é alguém sem importância: um "zé-ninguém". Nesse sentido, é um xingamento anti-cristão.
3 - Ou ainda se o indivíduo tem um caráter duvidoso, é sinônimo de biltre (!), safardana (!) e patife.
A grande vantagem desse xingamento é que "Mequetrefe" é uma palavra longa, daí você pode passar mais tempo xingando a pessoa.
Eventualmente essa palavra reaparece na nossa vida através das novelas da Rede Globo, especialmente quando têm "temática nordestina". Não sei ao certo porque acreditam que essa palavra é comum no Nordeste do Brasil, mas deve ter alguma coisa a ver com a musicalidade do sotaque.
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Lembrar Maurice Halbwachs
Maurice Halbwachs foi um sociólogo e filósofo francês, autor de uma obra obrigatória para quem estuda a memória: o livro "La mémoire collective", alçado ao status de "clássico" é, sim, leitura obrigatória.
Analisei essa bibliografia para a minha tese de Doutorado, e Maurice Halbwachs consta de minhas referências. A minha relação com os autores consultados sempre foi de gratidão, pelas idéias que me ajudaram a desenvolver com suas reflexões; de cumplicidade, porque afinal um trabalho com mais de três autores quase configura formação de quadrilha; e às vezes até de saudade.
Com Maurice Halbwachs a minha sensação é de pesar. Li o livro, achei importante, citei. Depois fui conhecer um pouco da biografia do autor, e aí fiquei totalmente arrasada: ele morreu em maio de 1945, no campo de concentração de Buchenwald.
Quase no fim da guerra...Menos de um mês depois a 2ª Guerra acabou. Acho que essa sensação de que poderia ser diferente, de desejar que o final da estória fosse outro, também contribui para aumentar a tristeza quando leio os seus textos.
Infelizmente o passado é irreversível, e Maurice Halbwachs passou à memória coletiva também como uma vítima do Nazismo.
Analisei essa bibliografia para a minha tese de Doutorado, e Maurice Halbwachs consta de minhas referências. A minha relação com os autores consultados sempre foi de gratidão, pelas idéias que me ajudaram a desenvolver com suas reflexões; de cumplicidade, porque afinal um trabalho com mais de três autores quase configura formação de quadrilha; e às vezes até de saudade.
Com Maurice Halbwachs a minha sensação é de pesar. Li o livro, achei importante, citei. Depois fui conhecer um pouco da biografia do autor, e aí fiquei totalmente arrasada: ele morreu em maio de 1945, no campo de concentração de Buchenwald.
Quase no fim da guerra...Menos de um mês depois a 2ª Guerra acabou. Acho que essa sensação de que poderia ser diferente, de desejar que o final da estória fosse outro, também contribui para aumentar a tristeza quando leio os seus textos.
Infelizmente o passado é irreversível, e Maurice Halbwachs passou à memória coletiva também como uma vítima do Nazismo.
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Citações sobre a Memória - Mark Twain
When I was younger, I could remember anything, whether it had happened or not; but my faculties are decaying now and soon I shall be so I cannot remember any but the things that never happened.
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Colecionismo e memória
Apesar dos protestos generalizados aqui em casa, eu assisto a um programa de televisão chamado "Obsessivos Compulsivos", cujo título original é "Hoarders".
O programa mostra casos extremos de colecionismo, transtorno que consiste basicamente em acumular compulsivamente objetos. Não se trata simplesmente de possuir coisas, mas principalmente de guardar as memórias que esses objetos portam.
E, pelo colecionismo extremo, as pessoas acabam literalmente submersas nas memórias acumuladas, com prejuízo para a sua saúde física e mental, além de prejudicar seriamente a higidez do seu meio ambiente doméstico.
Todo colecionador é um pouco compulsivo, a questão parece ser a sabedoria com a qual gerencia o seu acúmulo. Se a coleção é bem disposta e organizada, e desde que não traga prejuízos à saúde financeira, parece que não chega a representar um problema psicológico: muitos dos acervos de obras de arte que hoje estão em museus resultam do colecionismo de pessoas abastadas.
Há também a solução de colecionar bens imateriais. Eu, por exemplo, coleciono as lembranças dos lugares e das pessoas que conheço, e de vez em quando remexo a minha cabeça atrás delas (embora recentemente tenha descoberto, para minha surpresa, que coleciono também livros e azulejos de viagem).
Conheço também uma pessoa que coleciona palavras. Na verdade, essa pessoa cujo nome não vou declinar, coleciona sinônimos da palavra "ânus" e parece se divertir muito quando começa a recitar sua coleção.
Cada um guarda o que pode, não é mesmo?
O programa mostra casos extremos de colecionismo, transtorno que consiste basicamente em acumular compulsivamente objetos. Não se trata simplesmente de possuir coisas, mas principalmente de guardar as memórias que esses objetos portam.
E, pelo colecionismo extremo, as pessoas acabam literalmente submersas nas memórias acumuladas, com prejuízo para a sua saúde física e mental, além de prejudicar seriamente a higidez do seu meio ambiente doméstico.
Todo colecionador é um pouco compulsivo, a questão parece ser a sabedoria com a qual gerencia o seu acúmulo. Se a coleção é bem disposta e organizada, e desde que não traga prejuízos à saúde financeira, parece que não chega a representar um problema psicológico: muitos dos acervos de obras de arte que hoje estão em museus resultam do colecionismo de pessoas abastadas.
Há também a solução de colecionar bens imateriais. Eu, por exemplo, coleciono as lembranças dos lugares e das pessoas que conheço, e de vez em quando remexo a minha cabeça atrás delas (embora recentemente tenha descoberto, para minha surpresa, que coleciono também livros e azulejos de viagem).
Conheço também uma pessoa que coleciona palavras. Na verdade, essa pessoa cujo nome não vou declinar, coleciona sinônimos da palavra "ânus" e parece se divertir muito quando começa a recitar sua coleção.
Cada um guarda o que pode, não é mesmo?
domingo, 11 de setembro de 2011
Biografias erradas e o direito à memória
Tempos interessantes esses que vivemos...
Algumas pessoas nem chegaram na metade da vida e já lançam a sua biografia, que mais parece um balanço contábil de empresa, até aquela data.
Ruim mesmo é quando contam errado a estória da vida da pessoa, com flagrante violação à memória individual (e por vezes coletiva), por faltarem à veracidade e à integridade do passado.
Para exemplificar, três personagens cuja biografia foi totalmente deturpada pelo cinema:
1 - Em primeiro lugar, o herói nacional da Romênia, o princípe Vlad III, filho de Vlad "Draculea", rebaixado na ficção a "Conde" Drácula. Infelizmente, quando lembram desse personagem histórico, as pessoas só evocam o famosíssimo livro de Bram Stoker, com evidente prejuízo para a biografia do princípe.
Há alguns anos assisti a um filme sobre Vlad III chamado "Príncipe das Trevas - a verdadeira história de Drácula", que pelo menos tentou retirar o caráter sobrenatural da estória, o que já é grande coisa.
2 - A trilogia "Sissy", que a minha mãe adora, aparentemente quis retratar a estória da Imperatriz Elisabeth da Áustria (1837-1898). Os filmes são verdadeiros contos de fada, onde a belíssima Imperatriz está sempre linda, cheia de jóias e absolutamente feliz.
Linda e cheia de jóias era mesmo, mas a vida dela nada tem a ver com os filmes. No fim, foi assassinada com uma estiletada no coração.
3 - Em terceiro lugar, a intrigante Erzebet Bathory (1560-1614), também conhecida como"A Condessa Sangrenta", que supostamente matou dezenas de mulheres para banhar-se no seu sangue e assim permanecer jovem.
A Condessa passou à memória coletiva como uma serial killer, mas há dúvidas se efetivamente cometera tais crimes ou foi vítima de uma conspiração, haja vista que possuía grande fortuna e o seu comportamento de viúva alegre escandalizava a elite da sua época.
Recentemente assisti a um filme que pretendia questionar a biografia oficial, concluindo o oposto: que Bathory na verdade um anjo de mulher, que foi perseguida e incriminada. A credibilidade dessa versão ficou comprometida para mim porque o roteirista inventou um affair entre a Condessa e o pintor Caravaggio, que acaba por deturpar duas biografias com uma cajadada só.
Há informação (não confirmada) de que os autos do processo da Condessa Sangrenta existem e continuam lacrados.
Moral da história: espero que quando fizerem um longa metragem sobre a minha vida, lembrem de mim exatamente como eu fui. Linda, alta, magra (ao ponto de preocupar familiares e amigos pela minha falta de apetite), bem humorada os 365 dias do ano e excelente cozinheira.
Algumas pessoas nem chegaram na metade da vida e já lançam a sua biografia, que mais parece um balanço contábil de empresa, até aquela data.
Ruim mesmo é quando contam errado a estória da vida da pessoa, com flagrante violação à memória individual (e por vezes coletiva), por faltarem à veracidade e à integridade do passado.
Para exemplificar, três personagens cuja biografia foi totalmente deturpada pelo cinema:
1 - Em primeiro lugar, o herói nacional da Romênia, o princípe Vlad III, filho de Vlad "Draculea", rebaixado na ficção a "Conde" Drácula. Infelizmente, quando lembram desse personagem histórico, as pessoas só evocam o famosíssimo livro de Bram Stoker, com evidente prejuízo para a biografia do princípe.
Há alguns anos assisti a um filme sobre Vlad III chamado "Príncipe das Trevas - a verdadeira história de Drácula", que pelo menos tentou retirar o caráter sobrenatural da estória, o que já é grande coisa.
2 - A trilogia "Sissy", que a minha mãe adora, aparentemente quis retratar a estória da Imperatriz Elisabeth da Áustria (1837-1898). Os filmes são verdadeiros contos de fada, onde a belíssima Imperatriz está sempre linda, cheia de jóias e absolutamente feliz.
Linda e cheia de jóias era mesmo, mas a vida dela nada tem a ver com os filmes. No fim, foi assassinada com uma estiletada no coração.
3 - Em terceiro lugar, a intrigante Erzebet Bathory (1560-1614), também conhecida como"A Condessa Sangrenta", que supostamente matou dezenas de mulheres para banhar-se no seu sangue e assim permanecer jovem.
A Condessa passou à memória coletiva como uma serial killer, mas há dúvidas se efetivamente cometera tais crimes ou foi vítima de uma conspiração, haja vista que possuía grande fortuna e o seu comportamento de viúva alegre escandalizava a elite da sua época.
Recentemente assisti a um filme que pretendia questionar a biografia oficial, concluindo o oposto: que Bathory na verdade um anjo de mulher, que foi perseguida e incriminada. A credibilidade dessa versão ficou comprometida para mim porque o roteirista inventou um affair entre a Condessa e o pintor Caravaggio, que acaba por deturpar duas biografias com uma cajadada só.
Há informação (não confirmada) de que os autos do processo da Condessa Sangrenta existem e continuam lacrados.
Moral da história: espero que quando fizerem um longa metragem sobre a minha vida, lembrem de mim exatamente como eu fui. Linda, alta, magra (ao ponto de preocupar familiares e amigos pela minha falta de apetite), bem humorada os 365 dias do ano e excelente cozinheira.
sábado, 10 de setembro de 2011
CAMPANHA PELA CARNAVALIZAÇÃO DO FERIADO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
Por que o 7 de setembro tem que ser um feriado cívico, à moda marcial?
CHEGA!
Por que tudo tem que ser tão formal e "sério" e vazio de significado?
É preciso transformar esse feriado em uma festa, em uma verdadeira celebração popular. Vamos carnavalizar a independência!
E se você acha que "carnavalizar" é sinônimo de esculhambar, está muito enganado. Aqui no Brasil as pessoas não "brincam" carnaval, como se diz, na verdade elas levam o carnaval bem a sério.
Quisera eu que outras coisas na história desse país fossem levadas tão a sério. Duvida? É preciso ter muita disciplina para ser integrante das escolas de samba, comparecer aos ensaios, contribuir com as fantasias, honrar o nome da instituição: se esse tipo de disciplina fosse exigido no ensino fundamental e médio, talvez a educação em geral estivesse melhor.
Aqui, quando o carnaval acaba já tem gente se preparando para o próximo ano. Esse é um dos poucos exemplos e áreas da vida em que o brasileiro é previdente. Imagine, o governo conseguir votar a lei do orçamento no ano anterior? Seria um sonho.
Então a proposta de carnavalizar o feriado busca não só torná-lo mais atrativo e divertido, mas também imprimir a marca da seriedade do planejamento. Por isso, já estou planejando a festa da independência de 2011.
O 7 de setembro é nosso!
CHEGA!
Por que tudo tem que ser tão formal e "sério" e vazio de significado?
É preciso transformar esse feriado em uma festa, em uma verdadeira celebração popular. Vamos carnavalizar a independência!
E se você acha que "carnavalizar" é sinônimo de esculhambar, está muito enganado. Aqui no Brasil as pessoas não "brincam" carnaval, como se diz, na verdade elas levam o carnaval bem a sério.
Quisera eu que outras coisas na história desse país fossem levadas tão a sério. Duvida? É preciso ter muita disciplina para ser integrante das escolas de samba, comparecer aos ensaios, contribuir com as fantasias, honrar o nome da instituição: se esse tipo de disciplina fosse exigido no ensino fundamental e médio, talvez a educação em geral estivesse melhor.
Aqui, quando o carnaval acaba já tem gente se preparando para o próximo ano. Esse é um dos poucos exemplos e áreas da vida em que o brasileiro é previdente. Imagine, o governo conseguir votar a lei do orçamento no ano anterior? Seria um sonho.
Então a proposta de carnavalizar o feriado busca não só torná-lo mais atrativo e divertido, mas também imprimir a marca da seriedade do planejamento. Por isso, já estou planejando a festa da independência de 2011.
O 7 de setembro é nosso!
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Ainda o 7 de setembro
Mais um ano se passou, outro feriado da Independência aconteceu, e mais uma vez não consegui ver a maciça participação popular nessa comemoração.
Aliás, não considero o nosso dia da Independência uma co-memoração, porque rigorosamente não lembramos juntos, nem refletimos sobre o significado da Independência (cf http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/08/7-de-setembro-o-dia-da-independencia-e.html).
Na minha cidade, dizem que cerca de 60 mil pessoas compareceram ao desfile cívico, que na verdade é um desfile marcial. Pode parecer uma boa e representativa quantidade de cidadãos, mas apenas para desfazer tal idéia equivocada, informo a vocês que há um bloco de carnaval nesta mesma cidade que arrasta um milhãos almas.
Enfim, gostaria que a nossa relação com o dia da Independência fosse menos formal e as pessoas pudessem incorporar o valor "independência" desse feriado em suas vidas cotidianas.
Aliás, não considero o nosso dia da Independência uma co-memoração, porque rigorosamente não lembramos juntos, nem refletimos sobre o significado da Independência (cf http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/08/7-de-setembro-o-dia-da-independencia-e.html).
Na minha cidade, dizem que cerca de 60 mil pessoas compareceram ao desfile cívico, que na verdade é um desfile marcial. Pode parecer uma boa e representativa quantidade de cidadãos, mas apenas para desfazer tal idéia equivocada, informo a vocês que há um bloco de carnaval nesta mesma cidade que arrasta um milhãos almas.
Enfim, gostaria que a nossa relação com o dia da Independência fosse menos formal e as pessoas pudessem incorporar o valor "independência" desse feriado em suas vidas cotidianas.
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL
A preservação de bens culturais assenta-se na idéia de transmitir valores, significados e os suportes da memória coletiva em geral (bens materiais e imateriais) às gerações futuras, porque são considerados recursos, tal como acontece com os recursos naturais.
Há portanto uma idéia de solidariedade entre as gerações, que entre nós adquiriu o status de princípio interpretativo, como se pode observar do artigo 225, caput, da Constituição Federal.
Esse princípio da solidariedade intergeracional assenta em uma moderna noção de povo, formado por uma contínua geração de cidadãos, em seu conjunto unitário e multiforme, ou seja, do conjunto dos indivíduos que derivam da sucessão das gerações concretas (ROLLA, 2004, p. 142), e consiste na manifestação da racionalidade através dos tempos, evitando que as decisões tomadas hoje afetem negativamente a qualidade de vida das pessoas que sucederão (MARCHESAN, 2007, p. 155-158).
Duas questões se apresentam: será que estamos preservando os bens culturais adequados? Será que as futuras gerações nos honrarão e aos nossos antepassados, preservando esse legado?
A transmissão da memória depende de duas condições básicas: a primeira é a mútua inteligibilidade entre a pessoa ou geração que transmite e a que recebe as informações, o que exige a comunhão de vida e de discurso às vezes modificada pela rápida mudança social; e segundo, da permanente adaptação dessa memória aos tempos atuais para evitar que os conhecimentos e as próprias pessoas tornem-se obsoletas.
Só há verdadeira contradição entre o que foi legado e o que continuará sendo preservado quando há desacordo entre as gerações, portanto uma quebra da solidariedade, que é motivada pela insuficiente ou ineficaz transmissão de valores.
É fato que a nossa geração não deve impor o modo de vida das futuras gerações, determinando o encargo ad infinitum de preservar o que nós consideramos importante hoje. Então, vamos considerar que o patrimônio cultural preservado é transmitido com base em um pré-compromisso entre as gerações, que em sua dimensão positiva liberta as gerações futuras de preocupações obsoletas: como sintetiza Holmes (1999, p. 262), os mortos não devem governar os vivos, mas podem facilitar que governem a si mesmos.
E vamos também torcer para que as futuras gerações sejam melhores que nós mesmos.
REFERÊNCIAS
HOLMES, Stephen. El precompromiso y la paradoja de la democracia. In: ELSTER, Jon; SLAGSTAD, Rune. Constitucionalismo y Democracia. México: FCE, p. 217-262, 1999.
MARCHESAN, Ana Maria Moreira. A tutela do patrimônio cultural sob o enfoque do Direito Ambiental. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2007.
ROLLA, g. Tutela de la identidad cultural y de la ciudadanía em los ordenamientos multiétnicos – la experiencia canadense. In: CALLEJÓN, Francisco Balaguer (coord.). Derecho Constitucional y Cultura – estudios em homenaje a Peter Häberle. Madrid: Tecnos, p. 131-148, 2004.
Há portanto uma idéia de solidariedade entre as gerações, que entre nós adquiriu o status de princípio interpretativo, como se pode observar do artigo 225, caput, da Constituição Federal.
Esse princípio da solidariedade intergeracional assenta em uma moderna noção de povo, formado por uma contínua geração de cidadãos, em seu conjunto unitário e multiforme, ou seja, do conjunto dos indivíduos que derivam da sucessão das gerações concretas (ROLLA, 2004, p. 142), e consiste na manifestação da racionalidade através dos tempos, evitando que as decisões tomadas hoje afetem negativamente a qualidade de vida das pessoas que sucederão (MARCHESAN, 2007, p. 155-158).
Duas questões se apresentam: será que estamos preservando os bens culturais adequados? Será que as futuras gerações nos honrarão e aos nossos antepassados, preservando esse legado?
A transmissão da memória depende de duas condições básicas: a primeira é a mútua inteligibilidade entre a pessoa ou geração que transmite e a que recebe as informações, o que exige a comunhão de vida e de discurso às vezes modificada pela rápida mudança social; e segundo, da permanente adaptação dessa memória aos tempos atuais para evitar que os conhecimentos e as próprias pessoas tornem-se obsoletas.
Só há verdadeira contradição entre o que foi legado e o que continuará sendo preservado quando há desacordo entre as gerações, portanto uma quebra da solidariedade, que é motivada pela insuficiente ou ineficaz transmissão de valores.
É fato que a nossa geração não deve impor o modo de vida das futuras gerações, determinando o encargo ad infinitum de preservar o que nós consideramos importante hoje. Então, vamos considerar que o patrimônio cultural preservado é transmitido com base em um pré-compromisso entre as gerações, que em sua dimensão positiva liberta as gerações futuras de preocupações obsoletas: como sintetiza Holmes (1999, p. 262), os mortos não devem governar os vivos, mas podem facilitar que governem a si mesmos.
E vamos também torcer para que as futuras gerações sejam melhores que nós mesmos.
REFERÊNCIAS
HOLMES, Stephen. El precompromiso y la paradoja de la democracia. In: ELSTER, Jon; SLAGSTAD, Rune. Constitucionalismo y Democracia. México: FCE, p. 217-262, 1999.
MARCHESAN, Ana Maria Moreira. A tutela do patrimônio cultural sob o enfoque do Direito Ambiental. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2007.
ROLLA, g. Tutela de la identidad cultural y de la ciudadanía em los ordenamientos multiétnicos – la experiencia canadense. In: CALLEJÓN, Francisco Balaguer (coord.). Derecho Constitucional y Cultura – estudios em homenaje a Peter Häberle. Madrid: Tecnos, p. 131-148, 2004.
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Arqueólogos descobrem palácio maia com dois mil anos
Olha o trabalho do INAH! http://www.publico.pt/Cultura/arqueologos-descobrem-palacio-maia-com-dois-mil-anos_1510102
Para conhecer essa instituição mexicana, referência da Arqueologia Latino Americana, é só dar uma olhada no link que consta no fim desta página (sítios interessantes).
Para conhecer essa instituição mexicana, referência da Arqueologia Latino Americana, é só dar uma olhada no link que consta no fim desta página (sítios interessantes).
domingo, 4 de setembro de 2011
Vaca é flagrada se coçando em monumento militar na França
Não acredita? Dá uma olhada na notícia, que tem até uma bela foto da vaquinha: http://g1.globo.com/planeta-bizarro/noticia/2011/09/vaca-e-flagrada-se-cocando-em-monumento-militar-na-franca.html
Certo...
E como é que a gente enquadra essa situação nas leis de preservação do patrimônio cultural?
Certo...
E como é que a gente enquadra essa situação nas leis de preservação do patrimônio cultural?
sábado, 3 de setembro de 2011
Memória e arquétipos
Não sei nada de Psicanálise, e toda vez que eu escuto falar em "inconsciente coletivo" e arquétipos, não consigo pensar em outra coisa senão na memória coletiva.
O arquétipo ora é definido como uma estrutura mental que constrói símbolos, ou como esses mesmos símbolos que resultam de uma repetição imemorial e não consciente de experiências.
Pelo que pude entender, esses símbolos contém a informação dessas experiências, mas o seu significado vai variar conforme a representação que deles é feita. Segundo Jung esses arquétipos podem ser identificados nos contos de fadas, folclore, mitos e lendas, ou seja, no patrimônio imaterial.
Então, estudando o patrimônio imaterial (que é um dos veículos de transmissão da memória coletiva) seria possível realizar uma busca da tendência dos comportamentos baseados em arquétipos.
Vou continuar estudando isso porque ainda não entendi direito.
O arquétipo ora é definido como uma estrutura mental que constrói símbolos, ou como esses mesmos símbolos que resultam de uma repetição imemorial e não consciente de experiências.
Pelo que pude entender, esses símbolos contém a informação dessas experiências, mas o seu significado vai variar conforme a representação que deles é feita. Segundo Jung esses arquétipos podem ser identificados nos contos de fadas, folclore, mitos e lendas, ou seja, no patrimônio imaterial.
Então, estudando o patrimônio imaterial (que é um dos veículos de transmissão da memória coletiva) seria possível realizar uma busca da tendência dos comportamentos baseados em arquétipos.
Vou continuar estudando isso porque ainda não entendi direito.
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
RESGATANDO XINGAMENTOS ANTIGOS (2): PARLAPATÃO
Depois de "frascário", pareceu-me lógico continuar os resgates dos xingamentos antigos pela palavra "fanfarrão".
Entretanto, a palavra "fanfarrão" não precisa mais de advogado desde que o Capitão Nascimento, do filme Tropa de Elite, a reabilitou definitivamente.
Hoje, o xingamento que pretendemos reabilitar é "Parlapatão", que tem por sinônimos falastrão, fanfarrão, impostor, mentiroso e paparrotão, ou seja, quem engana os outros com a sua fala enganosa e intrujona.
Modo de usar: para citar a já clássica expressão do Capitão Nascimento - "o senhor é um fanfarrão, senhor 06" - basta dizer "o senhor é um parlapatão, senhor 06".
Entretanto, a palavra "fanfarrão" não precisa mais de advogado desde que o Capitão Nascimento, do filme Tropa de Elite, a reabilitou definitivamente.
Hoje, o xingamento que pretendemos reabilitar é "Parlapatão", que tem por sinônimos falastrão, fanfarrão, impostor, mentiroso e paparrotão, ou seja, quem engana os outros com a sua fala enganosa e intrujona.
Modo de usar: para citar a já clássica expressão do Capitão Nascimento - "o senhor é um fanfarrão, senhor 06" - basta dizer "o senhor é um parlapatão, senhor 06".