sexta-feira, 1 de maio de 2015

Sabor perdido da infância

Quando era pequena, comi uma frutinha vermelha e adorei.  Nunca mais a encontrei, mas também nunca a esqueci.

Ela tem um formato de gota, e quando está madura fica bem vermelhinha. O gosto é bem peculiar, não sei definir.  Infelizmente, é uma dessas frutas que não são vendidas em mercado e nem estão na moda, então encontrá-la é realmente um golpe de sorte.

Ontem, o meu marido estava estudando sobre frutas e resolvi perguntar se ele conhecia essa frutinha da minha infância.

- Como é o nome, ele perguntou.
- Não sei.
- Qual o formato?
- Tem forma de gota, e quando está madura é bem vermelhinha.
- Onde você comeu? No Brasil?
- Não lembro, eu era muito pequena.
- Certo, vou dar uma pesquisada e se eu encontrar alguma coisa te digo.

Mais ou menos uns quarenta minutos depois, eu estava lavando os pratos do almoço e ele me chamou:

- Fabiana, olha essa foto.  É a sua frutinha?
- É sim!  Como você achou?!
- O nome é caferana.
- Meus Deus!  O meu amor tem um nome: caferana!
- Pensei que o nome fosse Marcelo...
-É também, claro. Caferana, quem diria....Que pena que não dá para comprar.  Ela não vende em mercado.
- No nosso sítio tem três pés dela.  E estão carregados de frutinhas.  Vou trazer para você hoje.

Como??? No sítio tem três pés de caferana e eu nunca as tinha visto?  Como isso é possível?

Para concluir a história, de noite quando voltou no trabalho do sítio ele trouxe um punhado de caferanas vermelhinhas para mim,  E eu comi bem devagar, como se saboreasse uma lembrança. Reencontrei um sabor perdido da minha infância, e fiquei muito emocionada.

Infelizmente o encanto foi quebrado quando o meu marido fez o seguinte comentário:

- Que negócio ruim.  Nem passarinho come essa tua fruta, elas estragam no pé.


3 comentários:

  1. Fabi, guarda uns grão desse negocio ai pra, pliz. :D

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  2. Gostei da brincadeira e agora estou caçando os sabores da minha infância. Nesta semana reencontrei o doce de feijão. Meu pai foi estudar no Japão quando eu era pequena, e ao voltar trouxe objetos e coisas exóticas (roupas, brinquedos, hashi) para que a gente pudesse experimentar. Uma das coisas mais intrigantes, lembro bem, foi o doce de feijão. Comê-lo exigiu de mim superar esquemas mentais estabelecidos culturalmente (que o feijão deve ser salgado, dever comido com arroz e apenas no almoço), e acabei até gostando.
    Há anos não comia doce de feijão e resolvi procurá-lo nesta semana e, para minha surpresa, foi fácil de encontrar nessa minha cidade globalizada. Comi até enjoar.

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