Hoje li a intrigante notícia de que um designer criou um vibrador, no qual se pode guardar as cinzas do falecido cônjuge (cf. http://g1.globo.com/planeta-bizarro/noticia/2015/04/designer-cria-vibrador-em-que-e-possivel-guardar-cinzas-do-falecido.html).
O nome do aparelho é "21 gramas", referência ao experimento sobre o suposto peso da alma, e também é a capacidade de armazenamento do dispositivo.
Segundo a reportagem, a justificativa para a criação do dispositivo :"21 Gramas é uma caixa de memória que permite que uma viúva resgate as memórias íntimas de um falecido querido", explicou Sturkenboom, que exibiu essa e outras criações na Semana de Design de Milão, na Itália".
Do meu ponto de vista, armazenar 21 gramas de restos mortais cremados do falecido marido para usá-los em um vibrador não contribui para manter a memória do falecido. No máximo, serão criadas novas memórias solitárias da viúva a respeito da utilização de equipamentos cheios de cinzas.
Mas essa é só a minha opinião.
quinta-feira, 30 de abril de 2015
sábado, 25 de abril de 2015
Sal
Ultimamente tenho exercitado a minha memória, tentando lembrar tudo que eu sei sobre os objetos que vou utilizar. Já fiz uma reflexão sobre o pente (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/02/pente.html), e mesmo sem utilizá-los, pensei em penicos (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/10/penico.html).
Hoje resolvi pensar sobre o sal, simplesmente porque está me fazendo falta, diante da recente obrigação de consumir comidas insossas. Em função da minha idade, que misteriosamente aumenta com o passar do tempo, estou tendo que evitar o que sempre comi sem moderação, tais como, sal, açúcar, gorduras, hamburger e outras coisas maravilhosas que perdi o direito de comer.
Enfim, o sal é muito importante na História. Na Antiguidade era raro e caro, ao ponto de ser a remuneração in natura dos soldados romanos, de onde vem a palavra "salário" (soldo, soldado, salada).
Na minha modesta experiência culinária (não sou do tipo que endeusa o fazer gastronômico http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/08/receita-de-tilapia.html), o sal provinha da evaporação da água do mar, mas basta uma rápida visita ao supermercado da minha vizinhança para ver que há uma imensa variedade de espécies: sal rosa do Himalaia, flor de sal, sal azul da Pérsia, sal que provém de minas, e o sal das míticas salinas francesas.
Só pelo fato de vir do Himalaia, da Pérsia (?) e de míticas salinas já fico curiosa para experimentar, mas sempre é uma decepção. Não sou do tipo que acha sal "saboroso", para mim, é um mal muito necessário ao paladar.
Estou realmente curiosa para experimentar o chamado "sal de índio", que é o extrato da aguapé, uma planta aquática, porque ainda por cima é saudável.
Na minha região o sal sempre foi um importante conservante para a carne, e até hoje é tradicional comer "carne de charque" ou "carne de Sol", que são bem salgadas. O bacalhau que consumimos no Brasil também é conservado no sal, e aprendi a duras penas que convém dessalgá-lo antes de comer.
Finalmente, em Pelotas aprendi que a charqueada era uma atividade econômica complexa, e tive a oportunidade de conhecer a Charqueada São João, lugar interessante. Em Bogotá, a cidade da minha infância, conheci a Catedral de Zipaquirá, construída em uma mina de sal.
Hoje resolvi pensar sobre o sal, simplesmente porque está me fazendo falta, diante da recente obrigação de consumir comidas insossas. Em função da minha idade, que misteriosamente aumenta com o passar do tempo, estou tendo que evitar o que sempre comi sem moderação, tais como, sal, açúcar, gorduras, hamburger e outras coisas maravilhosas que perdi o direito de comer.
Enfim, o sal é muito importante na História. Na Antiguidade era raro e caro, ao ponto de ser a remuneração in natura dos soldados romanos, de onde vem a palavra "salário" (soldo, soldado, salada).
Na minha modesta experiência culinária (não sou do tipo que endeusa o fazer gastronômico http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/08/receita-de-tilapia.html), o sal provinha da evaporação da água do mar, mas basta uma rápida visita ao supermercado da minha vizinhança para ver que há uma imensa variedade de espécies: sal rosa do Himalaia, flor de sal, sal azul da Pérsia, sal que provém de minas, e o sal das míticas salinas francesas.
Só pelo fato de vir do Himalaia, da Pérsia (?) e de míticas salinas já fico curiosa para experimentar, mas sempre é uma decepção. Não sou do tipo que acha sal "saboroso", para mim, é um mal muito necessário ao paladar.
Estou realmente curiosa para experimentar o chamado "sal de índio", que é o extrato da aguapé, uma planta aquática, porque ainda por cima é saudável.
Na minha região o sal sempre foi um importante conservante para a carne, e até hoje é tradicional comer "carne de charque" ou "carne de Sol", que são bem salgadas. O bacalhau que consumimos no Brasil também é conservado no sal, e aprendi a duras penas que convém dessalgá-lo antes de comer.
Finalmente, em Pelotas aprendi que a charqueada era uma atividade econômica complexa, e tive a oportunidade de conhecer a Charqueada São João, lugar interessante. Em Bogotá, a cidade da minha infância, conheci a Catedral de Zipaquirá, construída em uma mina de sal.
quinta-feira, 23 de abril de 2015
Provérbios (4)
Na série "Provérbios", os posts sempre analisam dois provérbios/ditos populares para verificar se veiculam verdadeiramente a sabedoria intergeracional, ou se são apenas de idiotices reproduzidas e transmitidas automaticamente.
Até criamos uma campanha permanente contra a transmissão, promoção e difusão de ditos populares idiotas http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/09/campanha-contra-transmissao-difusao-e.html, porque acreditamos que a memória coletiva não deve servir para enraizar preconceitos e difundir a violência simbólica.
Não gosto particularmente do provérbio "o risco que corre o pau, corre o machado", porque traz embutida uma falsa idéia de reciprocidade e proporcionalidade. O risco que o pau corre é muito maior do o que corre o machado, evidentemente. A retributividade e a proporcionalidade, nem no provérbio e nem na vida, é imediata e infalível, mas contingente (ou seja, pode ou não ocorrer).
Além disso, a idéia de retributividade imediata e automática me faz lembrar a Lei de Talião, e consequentemente a idéia de retaliação, o que prejudica a noção de Justiça. Assim, todos os provérbios que impliquem retaliação também estão excluídos da minha lista, por exemplo, "pau que bate em Chico, bate em Francisco".
Para compensar, aprendi um novo provérbio nesta semana, e o considero muito sábio: "A maré mansa não faz bom marinheiro". Concordo: as turbulências da vida fortalecem o nosso caráter e nos ensinam a navegar.
Vou fazer de tudo para encaixá-lo em alguma conversa, mesmo que não faça o menor sentido.
segunda-feira, 20 de abril de 2015
domingo, 19 de abril de 2015
sábado, 18 de abril de 2015
Boas lembranças...Urubici (SC)
Lugar bonito!
Uma beleza que muda com o passar do dia. Essa é a beleza matutina:
A cidade de Urubici fica na borda do Parque Nacional de São Joaquim, e é considerado o ponto mais alto do Estado de Santa Catarina. Possui atratividade turística devido ao clima frio, patrimônio arqueológico (gravuras rupestres, abrigos), e também é reconhecida pelo cultivo de hortaliças e maçãs:
Nunca tinha visto um pé de maçã e essa visita mudou minha concepção totalmente. Achava que nas macieiras cada maçã tinha o seu próprio galho. Como fui ingênua...
Mas, sem dúvida alguma, o que mais me chamou a atenção foi o seu passado campeiro e as belíssimas paisagens. Essa foto aqui é do Morro da Igreja, com vista para a Pedra Furada, uma das imagens icônicas do lugar:
Uma beleza que muda com o passar do dia. Essa é a beleza matutina:
Foto de Marcelo Müller |
Foto de Marcelo Müller |
Nunca tinha visto um pé de maçã e essa visita mudou minha concepção totalmente. Achava que nas macieiras cada maçã tinha o seu próprio galho. Como fui ingênua...
Mas, sem dúvida alguma, o que mais me chamou a atenção foi o seu passado campeiro e as belíssimas paisagens. Essa foto aqui é do Morro da Igreja, com vista para a Pedra Furada, uma das imagens icônicas do lugar:
Foto de Marcelo Müller |
sexta-feira, 17 de abril de 2015
A memória dos desaparecidos:"quem procura osso é cachorro?"
A singela frase: "Desaparecidos do Araguaia: quem procura osso é cachorro" foi afixada na porta do gabinete de um deputado brasileiro: http://noticias.r7.com/brasil/fotos/as-brigas-de-jair-bolsonaro-20110411-6.html.
A tentativa frustrada de humor só não é pior do que a intenção de tripudiar sobre o sentimento das famílias que sofrem até hoje com o desaparecimento dos seus entes queridos; do total desrespeito com a Corte Interamericana de Direitos Humanos no conhecido Caso Gomes Lund (confira a decisão http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_219_por.pdf); o evidente desrespeito à lei brasileira e à memória dos desaparecidos, considerados mortos; a impensável negativa do jus sepulchri. E finalmente, o desrespeito a todos nós, cidadãos brasileiros, a quem a Constituição Federal assegura a observância do princípio da dignidade humana, que parece ser solenemente ignorado.
Quem invoca um ilimitado direito à liberdade de expressão, possível apenas em ambientes democráticos que são o alvo daqueles que sonham com a volta das ditaduras, parece ignorar que também devem existir consequências. Os direitos devem ser exercidos nos limites da lei, sob pena da configuração do abuso do direito (cf. http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/04/bolsonaro-e-condenado-pagar-r-150-mil-por-declaracoes-homofobicas.html).
O problema com limites e consequências é quando os primeiros são ignorados e as últimas não são efetivadas, situações infelizmente corriqueiras no nosso cotidiano.
A tentativa frustrada de humor só não é pior do que a intenção de tripudiar sobre o sentimento das famílias que sofrem até hoje com o desaparecimento dos seus entes queridos; do total desrespeito com a Corte Interamericana de Direitos Humanos no conhecido Caso Gomes Lund (confira a decisão http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_219_por.pdf); o evidente desrespeito à lei brasileira e à memória dos desaparecidos, considerados mortos; a impensável negativa do jus sepulchri. E finalmente, o desrespeito a todos nós, cidadãos brasileiros, a quem a Constituição Federal assegura a observância do princípio da dignidade humana, que parece ser solenemente ignorado.
Quem invoca um ilimitado direito à liberdade de expressão, possível apenas em ambientes democráticos que são o alvo daqueles que sonham com a volta das ditaduras, parece ignorar que também devem existir consequências. Os direitos devem ser exercidos nos limites da lei, sob pena da configuração do abuso do direito (cf. http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/04/bolsonaro-e-condenado-pagar-r-150-mil-por-declaracoes-homofobicas.html).
O problema com limites e consequências é quando os primeiros são ignorados e as últimas não são efetivadas, situações infelizmente corriqueiras no nosso cotidiano.
quinta-feira, 16 de abril de 2015
Memória fotográfica: Lançamento do Portal Brasiliana Fotográfica
O novo portal poderá ser acessado através do link: http://brasilianafotografica.bn.br.
Para conhecer sobre a iniciativa: http://www.cultura.gov.br/banner-2/-/asset_publisher/0u320bDyUU6Y/content/biblioteca-nacional-e-instituto-moreira-salles-lancam-portal-de-fotos-historicas/10883?redirect=http://www.cultura.gov.br/banner-2?p_p_id=101_INSTANCE_0u320bDyUU6Y&p_p_lifecycle=0&p_p_state=normal&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-2&p_p_col_count=2.
Sobre mais fotografias importantes para a memória brasileira, confira http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2014/06/as-fotos-de-christiano-junior.html, e o link do lado inferior esquerdo da página blog, na seção "Para ver e não esquecer", que leva à Coleção da Imperatriz do Brasil Thereza Christina. Se não conseguir acessar, é só buscar no sítio da Biblioteca Nacional.
Para conhecer sobre a iniciativa: http://www.cultura.gov.br/banner-2/-/asset_publisher/0u320bDyUU6Y/content/biblioteca-nacional-e-instituto-moreira-salles-lancam-portal-de-fotos-historicas/10883?redirect=http://www.cultura.gov.br/banner-2?p_p_id=101_INSTANCE_0u320bDyUU6Y&p_p_lifecycle=0&p_p_state=normal&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-2&p_p_col_count=2.
Sobre mais fotografias importantes para a memória brasileira, confira http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2014/06/as-fotos-de-christiano-junior.html, e o link do lado inferior esquerdo da página blog, na seção "Para ver e não esquecer", que leva à Coleção da Imperatriz do Brasil Thereza Christina. Se não conseguir acessar, é só buscar no sítio da Biblioteca Nacional.
terça-feira, 14 de abril de 2015
Confusão público-privada no Brasil
A questão da dicotomia público-privado no Brasil é um ponto central da nossa mentalidade e, por que não dizer, da nossa identidade coletiva, como já refletimos no post http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/08/conhece-te-ti-mesmo-brasil-4a.html.
Depois dos últimos acontecimentos políticos, e diante dos exemplos cotidianos da confusão entre os âmbitos público e privado, constato que entre nós o que era uma questão (de como construir um espaço público e cívico forte em uma democracia recente?) assumiu contornos dramáticos.
De uma lado, evidências do uso empresarial ilícito da máquina pública (Operações Lava-Jato e Zelotes), de outro, a prevalência de grupos específicos, que contêm agendas específicas, em detrimento de necessidades e direitos coletivas (confira-se o apoio empresarial à ditadura civil-militar, e a sucessão de matérias irrelevantes em tramitação no Congresso Nacional).
A falta de clareza do que é "público" parece ser a raiz dos males de gestão no Brasil. O público não se confunde com o governamental. O público equaciona necessidades coletivas. O "público" é o coração do estatal.
Que mentalidade, que memória é essa, que atravessa as gerações e causa tremenda confusão entre interesses públicos e privados, ao ponto de quase não conseguirmos distingui-los? Tratar a res publica como alheia afasta o cidadão do seu lugar no Estado, mas tratar a res publica como própria parece ser a raiz de toda a corrupção brasileira.
Depois dos últimos acontecimentos políticos, e diante dos exemplos cotidianos da confusão entre os âmbitos público e privado, constato que entre nós o que era uma questão (de como construir um espaço público e cívico forte em uma democracia recente?) assumiu contornos dramáticos.
De uma lado, evidências do uso empresarial ilícito da máquina pública (Operações Lava-Jato e Zelotes), de outro, a prevalência de grupos específicos, que contêm agendas específicas, em detrimento de necessidades e direitos coletivas (confira-se o apoio empresarial à ditadura civil-militar, e a sucessão de matérias irrelevantes em tramitação no Congresso Nacional).
A falta de clareza do que é "público" parece ser a raiz dos males de gestão no Brasil. O público não se confunde com o governamental. O público equaciona necessidades coletivas. O "público" é o coração do estatal.
Que mentalidade, que memória é essa, que atravessa as gerações e causa tremenda confusão entre interesses públicos e privados, ao ponto de quase não conseguirmos distingui-los? Tratar a res publica como alheia afasta o cidadão do seu lugar no Estado, mas tratar a res publica como própria parece ser a raiz de toda a corrupção brasileira.
segunda-feira, 13 de abril de 2015
Citações sobre a memória - Günter Grass
"A memória gosta de brincar de esconde-esconde, de rastejar para longe. Ela tende a se prolongar, para se disfarçar, muitas vezes desnecessariamente. A memória se contradiz, e como ela é pedante, quer as coisas do seu jeito".
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Hoje, 13/04/2015, também faleceu o escritor alemão Günter Grass. Esse post é em sua memória.
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Hoje, 13/04/2015, também faleceu o escritor alemão Günter Grass. Esse post é em sua memória.
Citações sobre a memória - Eduardo Galeano
"A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo."
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Hoje, 13/04/2015, faleceu o escritor uruguaio Eduardo Galeano. Esse post é em sua memória.
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Hoje, 13/04/2015, faleceu o escritor uruguaio Eduardo Galeano. Esse post é em sua memória.
sábado, 11 de abril de 2015
Três por quatro
Ontem estava conversando e disse que, "no Brasil, a lei é desrespeitada a três por quatro".
O meu marido deu uma risada e perguntou o que significava a expressão "três por quatro". Ele sempre dá uma risada com expressões desconhecidas e intrigantes que identifica. Falei um pouco sobre nossas maluquices no post http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/08/coisas-que-nao-fazem-sentido.html .
Uso a expressão "a três por quatro" para dizer que uma coisa é freqüente (sim, ainda uso o trema) e corriqueira. O que eu quis dizer é que a lei é frequentemente desrespeitada no Brasil.
Essa expressão aparece na música Partido Alto, que adoro na voz de Cássia Eller (https://www.youtube.com/watch?v=3BbxzwCEb-E):
Deus me fez um cara fraco
desdentado e feio
Pele e osso, simplesmente
Quase sem recheio
Mas se alguém me desafia
E bota a mãe no meio
Eu dou porrada a três por quatro
E nem me despenteio
Porque eu já tô de saco cheio.
Mas de onde vem o "três por quatro"? Encontrei algumas explicações, afirmando que é sinônimo de "três por dois", e que significaria fartura, continuidade, e supostamente seria sinônimo de "a dar com o pau".
Nessa acepção, de sinônimo de "três por dois", talvez seja uma inflação brasileira da expressão italiana "Ogni tre per due".
Vou continuar procurando para saber se três por quatro é sinônimo de três por dois, e se for, vou trocar seis por meia dúzia.
O meu marido deu uma risada e perguntou o que significava a expressão "três por quatro". Ele sempre dá uma risada com expressões desconhecidas e intrigantes que identifica. Falei um pouco sobre nossas maluquices no post http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/08/coisas-que-nao-fazem-sentido.html .
Uso a expressão "a três por quatro" para dizer que uma coisa é freqüente (sim, ainda uso o trema) e corriqueira. O que eu quis dizer é que a lei é frequentemente desrespeitada no Brasil.
Essa expressão aparece na música Partido Alto, que adoro na voz de Cássia Eller (https://www.youtube.com/watch?v=3BbxzwCEb-E):
Deus me fez um cara fraco
desdentado e feio
Pele e osso, simplesmente
Quase sem recheio
Mas se alguém me desafia
E bota a mãe no meio
Eu dou porrada a três por quatro
E nem me despenteio
Porque eu já tô de saco cheio.
Mas de onde vem o "três por quatro"? Encontrei algumas explicações, afirmando que é sinônimo de "três por dois", e que significaria fartura, continuidade, e supostamente seria sinônimo de "a dar com o pau".
Nessa acepção, de sinônimo de "três por dois", talvez seja uma inflação brasileira da expressão italiana "Ogni tre per due".
Vou continuar procurando para saber se três por quatro é sinônimo de três por dois, e se for, vou trocar seis por meia dúzia.
quinta-feira, 9 de abril de 2015
Regularidades humanas
Os grupos humanos sempre produziram artefatos de acordo com as suas necessidades, em conformidade aos recursos disponíveis, e aos padrões de representação de cada época.
Estudando um pouco de História, parece que os humanos sempre fizeram a mesma coisa, o que muda é a sua forma de expressão.
Por exemplo, usar roupas, cozinhar, praticar religiões, destinar restos mortais, fazemos hoje o que fazíamos outrora.
E de vez em quando deixo a imaginação correr solta e especulo como os povos antigos faziam tudo isso. Comparando o que fazemos hoje com o que faziam os nossos bisavós já há diferenças interessantes, imagine se recuamos séculos e milênios...
Bem, a minha bisavó não pode ser considerada exatamente um parâmetro (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/07/minha-bisavo-eulina.html).
O passado é fascinante e ilimitado, e só aumenta a cada dia! E o ser humano, que dizem ser composto de 70% de água, na verdade é mais pleno ainda de passado e suas experiências.
Estudando um pouco de História, parece que os humanos sempre fizeram a mesma coisa, o que muda é a sua forma de expressão.
Por exemplo, usar roupas, cozinhar, praticar religiões, destinar restos mortais, fazemos hoje o que fazíamos outrora.
E de vez em quando deixo a imaginação correr solta e especulo como os povos antigos faziam tudo isso. Comparando o que fazemos hoje com o que faziam os nossos bisavós já há diferenças interessantes, imagine se recuamos séculos e milênios...
Bem, a minha bisavó não pode ser considerada exatamente um parâmetro (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/07/minha-bisavo-eulina.html).
O passado é fascinante e ilimitado, e só aumenta a cada dia! E o ser humano, que dizem ser composto de 70% de água, na verdade é mais pleno ainda de passado e suas experiências.
quarta-feira, 8 de abril de 2015
Provérbios (3)
Provérbios supostamente cristalizam uma sabedoria intergeracional, mas aqui no blog trabalhamos com a hipótese de que também podem veicular preconceitos, outras vezes são apenas idiotas, e por isso periodicamente os submetemos a crítica, antes de continuar transmitindo-os e propagando-os pelo mundo e gerações.
Até criamos uma campanha permanente contra a transmissão, promoção e difusão de ditos populares idiotas http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/09/campanha-contra-transmissao-difusao-e.html
Nesse post decidimos analisar um dito popular/provérbio extremamente incômodo: "Com mulher de bigode, nem o diabo pode".
O bigode é considerado um símbolo de masculinidade, portanto a mulher de bigode possui características e exerce funções (de mando) tradicionalmente masculinas, o que certamente causa temor e insegurança nos varões.
Nesses tempos em que os limites físicos, culturais e sociais entre o masculino e o femininos encontram-se borrados no mundo ocidental, parece-me profundamente inadequado continuar considerando que pelos, onde quer que nasçam, sejam relevantes para definir personalidades e papéis sociais.
Depilação, acredito, deve ser uma escolha consciente e livre, um ato de liberdade. Não é um pequeno conjunto de pelos acima dos lábios que fará de alguém uma virago.
E afinal, o que significa "que nem o diabo pode"? Há uma referência à necessidade de submeter a mulher com bigodes, por acaso?
Não gosto da idéia, não gosto do dito popular e decidi combatê-lo.
Já esse outro traz verdadeira sabedoria; "o que começa errado, termina errado". É uma questão principiológica e de raiz: se começou torto nunca se endireita, como naquele provérbio que diz "pau que nasce torno, morre torto".
Quem defende que as coisas e pessoas têm conserto, geralmente retruca o provérbio com frases do tipo "tudo está bem quando acaba bem" ou "se não está bem é porque ainda não terminou", mas isso não foi confirmado pela minha experiência e demonstra um otimismo injustificável.
Quem defende que as coisas e pessoas têm conserto, geralmente retruca o provérbio com frases do tipo "tudo está bem quando acaba bem" ou "se não está bem é porque ainda não terminou", mas isso não foi confirmado pela minha experiência e demonstra um otimismo injustificável.
terça-feira, 7 de abril de 2015
Patuás
Onde estão os patuás quando mais precisamos deles?
Os patuás são talismãs, objetos mágicos de proteção e só por isso já seriam interessantes.
Mas junto com os patuás também vem a lembrança de um grupo de escravos da etnia mandinga (ou malinke), mulçumanos viventes nesta terra brasilis, que tinham o costume de carregar uma pequena bolsa de couro ao pescoço, amarrada com um cordão, onde colocavam frases do Corão para sua proteção.
Os mandingas não chamavam essa bolsinha de "patuá", mas assim os faziam os outros.
Com o tempo, a palavra "mandinga" assumiu diversos significados: feitiçaria, ou uma sabedoria ladina. Esse aspecto mágico gerou até uma "bolsa de mandinga", de onde constavam variados objetos utilizados em rituais de cura.
Tão forte é a associação da (dos) mandinga com magia, que nós até temos um ditado popular que diz "quem não pode com mandinga, não carrega o patuá".
Considerando os tempos confusos que vivemos, acredito que seria apropriado todos carregarmos patuás, mas será que aguentamos a mandinga? Além do corpo fechado, será que o patuá também protege os bolsos?
Os patuás são talismãs, objetos mágicos de proteção e só por isso já seriam interessantes.
Mas junto com os patuás também vem a lembrança de um grupo de escravos da etnia mandinga (ou malinke), mulçumanos viventes nesta terra brasilis, que tinham o costume de carregar uma pequena bolsa de couro ao pescoço, amarrada com um cordão, onde colocavam frases do Corão para sua proteção.
Os mandingas não chamavam essa bolsinha de "patuá", mas assim os faziam os outros.
Com o tempo, a palavra "mandinga" assumiu diversos significados: feitiçaria, ou uma sabedoria ladina. Esse aspecto mágico gerou até uma "bolsa de mandinga", de onde constavam variados objetos utilizados em rituais de cura.
Tão forte é a associação da (dos) mandinga com magia, que nós até temos um ditado popular que diz "quem não pode com mandinga, não carrega o patuá".
Considerando os tempos confusos que vivemos, acredito que seria apropriado todos carregarmos patuás, mas será que aguentamos a mandinga? Além do corpo fechado, será que o patuá também protege os bolsos?
quarta-feira, 1 de abril de 2015
Sabedoria antiga: receita medieval contra bactérias resistentes
Olha que notícia interessante: http://edition.cnn.com/2015/03/31/health/anglo-saxon-potion-mrsa/index.html.
Estou dizendo, o passado ensina. Remédios antigos e caseiros, superstições, tudo isso é patrimônio imaterial que renasce ao ser lembrado.
Estou dizendo, o passado ensina. Remédios antigos e caseiros, superstições, tudo isso é patrimônio imaterial que renasce ao ser lembrado.