domingo, 24 de junho de 2018

Lembrar Cássia Eller

Cássia Rejane Eller é uma grande cantora brasileira, falecida em 2001.

Eu adoro música em geral, qualquer gênero, e já fiz até uma lista das músicas brasileiras que eu adoro (http://direitoamemoria.blogspot.com/2014/07/dez-musicas-brasileiras-que-eu-adoro.html).  Músicas são as trilhas sonoras da minha vida e das minhas memórias (http://direitoamemoria.blogspot.com/2013/10/musicas-e-lembrancas.html), ilustram sentimentos e desejos (http://direitoamemoria.blogspot.com/2013/04/musicas-de-um-tempo-em-que-o-mundo.html?m=0).

Tudo isso para dizer que acho, só acho, que todas elas seriam melhor com Cássia Eller.  Qualquer uma. Qualquer estilo. Qualquer época.

Hoje passei o dia ouvindo-a cantar, assisti a um belo documentário sobre a sua vida e carreira, ouvi entrevistas.  Hoje foi o dia de lembrar dela.

Mas também lembrei de uma fase da minha vida tão interessante, há uns dezessete anos. Fui morar sozinha - contrariando a vontade dos meus pais - , fiz um monte de coisas diferentes, experiências que ajudaram a construir a minha identidade.  Eu andava na rua, tomava os meus pileques quando queria (mas não dirigia), fazia o que queria, e ainda tinha tempo para cantar.

Os príncipes viraram uns chatos, que viviam dando no meu saco.  Parei de pensar que eles existiam, e isso foi muito libertador. Tudo bem, eu nunca tentei ser uma princesa mesmo.

Essa foi uma época de libertação, de ganhar malandragem para a vida, e a trilha sonora foi de Cássia Eller.

Eu gostava de vê-la cantar no palco, achava bonito.  Aliás, para mim existem duas cantoras belas de ver cantar: Clara Nunes (http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/09/lembrar-clara-nunes.html) e ela.

Em tempos onde se discute tanto sobre o feminino, o feminismo, diga-se uma reflexão oportuna e necessária, especialmente para nós brasileiras, para mim foi ela quem melhor demonstrou a importância de ser livre.

Era irrelevante o "como":  se ela usava um moicano verde, se bebia, se gritava, ou sei lá. Tudo o que importava para mim, e ainda é assim, eram as suas idéias de liberdade, a música, e aquela voz.

Que voz.

2 comentários:

  1. A música "malandragem" referida no post é de Cazuza e Frejat.

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  2. Pensando na inefável ironia da vida. Estava eu ontem, na manhã de domingo, observando o espetáculo da tradicional família brasileira alheia (a minha nunca teve tal pretensão), com seus padrões e conversas caretas mas a trilha sonora, ah, era Cássia Eller. Ela parecia tão fora de lugar, mas as pessoas cantavam sem entender a letra e nem a biografia, o que fez dela praticamente um agente infiltrado. Obrigada, mais uma vez.

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