quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O primeiro filme no cinema a gente nunca esquece

O primeiro filme que eu assisti no cinema foi uma experiência inesquecível.  Fui com meus pais e meus irmãos e lembro bem de todos os detalhes.

O escuro repentino.

A emoção de ver as luzes decorativas que se acendiam ao lado da telona.  Para a minha sorte, a primeira sessão foi em um cinema antigo da minha cidade, que ainda existe e escapou de ser demolido porque a população o ama, e hoje encontra-se tombado. É tão requintado, cheio de mármores, painéis de artistas famosos e ricamente decorado, lembranças de um tempo em que as pessoas se embonecavam para ir assistir os filmes.

O filme foi Bernardo e Bianca (The Rescuers, 1977): http://www.youtube.com/watch?v=iHKfuMgpSfg. Eu lembro que adorei.  Jovem e tola, nem imaginava que no futuro haveria controvérsias sobre mensagens subliminares.

Por causa dessa experiência, fiz questão de estar presente às primeiras sessões de cinema dos meus sobrinhos: Transformers, que um deles não gostou e pediu para sair no meio do filme; e Alvim e os Esquilos, que eu tentei sair mas eles não deixaram.

Para finalizar esse post, vale a pena ver o primeiro filme exibido no cinema:  "A saída dos operários da fábrica" de Lumière:

domingo, 27 de outubro de 2013

Cintura de Vespa

Eu adoro ver quadros e fotografias antigas para ver como as pessoas se vestiam no passado.  Antigos vestidos, sapatos, bolsas, jóias, coletes, pelerines.  Os homens pareciam tão distintos antigamente, com seus trajes completos.

Eu presto atenção em tudo isso e não é porque sou mulherzinha, não.  Se tem uma coisa que ilustra os modos de viver são as roupas que as pessoas usam, e nós podemos aprender muito sobre a dinâmica cultural de uma sociedade observando as mudanças nos padrões de vestuário.

Além de ilustrar bem a passagem do tempo e a alteração dos padrões de representação, a moda ainda promove periodicamente resgates.  Sempre há um retrô e um vintage, como se a moda tivesse uma necessidade autofágica de retroalimentação, talvez porque a indústria exija alterações sazonais dos produtos de consumo.

Quem tentar acompanhar rigorosamente os passos da moda acabará se perdendo em um labirinto sem volta. Em uma estação, você deve ter cabelos longos e usar saias curtas. Na estação seguinte, cabelos curtos e saias longas.  A cada três meses, uma nova cor se torna imprescindível, e pulamos de estação em estação, através das ditaduras do amarelo, do vermelho, fúcsia, mimetizando referências culturais e transformando-os em "estilos": oriental, étnico. Fingindo utilizar peles de animais, que antigamente eram símbolos de conquistas, ritos de passagem e uma necessidade de sobrevivência.  Tudo transformado em animal print, só aparência sem sentido, com materiais que imitam.

Hoje é dia da aula de corte e costura, que comecei a ter com a minha mãe com a dupla finalidade: manter um saber tradicional e honrar Hípias de Elis (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/07/lembrar-hipias-de-elis.html).  E como uma coisa leva à outra, fiquei tentando lembrar o que me impressionava nos padrões do vestuário feminino do passado e nada, nada, supera a cintura de vespa.

Eu acho impressionante como aquelas moças do passado tinham uma cintura tão fina.  Sim, havia ajuda mecânica, os espartilhos que apertavam tudo até estabelecer a ordem mundial.  E essa moda perdura até hoje, a diferença que as moças prescindem de ajuda externa e querem alcançar a cintura de vespa simplesmente parando de comer, ou fazendo essas dietas malucas que também entraram na moda (http://thefashionobserver.wordpress.com/tag/nossas-tetravos-e-a-cintura-de-vespa/).

Eu nunca tive uma cintura tão fina, nem quando era bebê.  Ou talvez a minha cintura seja de uma daquelas vespas sedentárias.  Sim, porque devem existir vespas de todo tamanho, e consequentemente todo tipo de cinturas, não é?

Enfim, embora os espartilhos tenham sido abolidos do vestuário, e agora só utilizados por quem quer ser exótico, na verdade a reminiscência do padrão cintura de vespa ainda existe entre nós.  De onde veio esse culto ocidental à magreza feminina, que persiste através dos séculos?  Essa visão estética está tão enraizada que parece certa ou verdadeira, mas de fato, já houve um tempo em que a rechonchudez (?) feminina era bela.  Interessante mesmo é saber porque esses padrões mudam e porque persistem, e não segui-los tolamente.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Lembrar Mata Hari

Nesses tempos de espionagem generalizada, não há como deixar de lembrar Mata Hari.  Personagem interessantíssima, essa mulher chamada Marguerite, holandesa por nascimento e internacional por vocação, pareceu condensar e simbolizar todo o charme, intriga e glamour dos espiões.

Ela é tão intrigante que até hoje não consegui decidir se era inocente ou culpada, espiã ou não, vítima ou uma aventureira, despudorada e absolutamente linda.  Algumas das fotografias de Mata Hari ainda hoje causariam escândalo, imaginem naquela época.  E algumas estratégias de promoção e sedução que ela utilizava ainda são largamente utilizadas pelas artistas (semana passada, vi uma pretendente a Mata Hari tentando ser sexy, e sem conseguir).

Acredito que boa parte do que se conta (que ela contava e contaram sobre ela) era ficção.  Invencionices para contribuir com a criação do mito e lotar espetáculos.  Mas se os boatos não eram verdadeiros, alguns governos pareceram acreditar, e ela acabou sendo fuzilada, em outubro de 1917.  Faleceu aos 41 anos.

Para conhecer um pouco sobre ela, cf. http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/mata_hari.html


Biografia tão intensa, que gerou filmes, livros e seguidores.   É claro que não poderia falar de Mata Hari sem falar da bailarina brasileira "Luz del Fuego" (http://www.youtube.com/watch?v=jXCrLQEJDEQ), que para mim também é muito fascinante. O paralelo é evidente: duas bailarinas "exóticas", símbolos de tudo que as mulheres da época não podiam ser, e que morreram assassinadas. Mata Hari viveu um circo e Luz del Fuego fugiu com o circo, isso é algo a ser respeitado.

Na minha memória as duas estão intimamente associadas, e não é por qualquer lição moral de que moças não devem brincar com fuego.

sábado, 19 de outubro de 2013

Vinicius de Moraes - 100 anos do nascimento

Hoje, dia 19 de outubro, deparei-me com diversas homenagens ao grande poeta e diplomata Vinicius de Moraes que, se vivo fosse, comemoraria 100 anos.

Não entendo como se pode comemorar um "se", "se fosse vivo". Mas não estou aqui para discutir, estou aqui para lembrar dele.  Aproveitei o sábado e, em sua homenagem, fiz o que ele faria:  dedico-me à malemolência poética.

Nada de processos hoje, vou vadiar em homenagem a Vinicius de Moraes, porque o prazo da vida também é curto.

Comecei lendo os meus  poemas preferidos: o Soneto da fidelidade (http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/musica/cancoes/soneto-de-fidelidade),  o Soneto da separação (http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/soneto-de-separacao), e a "Espantosa ode a São Francisco de Assis" (http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/espantosa-ode-sao-francisco-de-assis).  Em relação ao último, sempre tive a sensação de que o poeta não estava rezando de verdade, ele estava era querendo trazer São Francisco para sua roda de conversa boêmia.

Essa parece ser a nota característica do poeta, ser mundano. E o mundo que ele nos mostrou em suas músicas e poemas era tão interessante, e embriagado pelas sensações...

Para conhecer algumas famosas músicas que compôs, sozinho ou em parceria, recomendo ver http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/musica/2013-10-17/10-musicas-para-entender-vinicius-de-moraes-vote-na-sua-preferida.html.

Para finalizar essa lembrança, duas observações:

a) "Não fosse eu" uma defensora dos direitos autorais, pegaria todos os poemas de amor dele e faria pequenos ajustes.  Trocaria todas as referências à mulher pela palavra "homem".  Depois diria que eram poemas meus, baseados ou inspirados na obra dele.

b) Não me identifico com a mulher idealizada por Vinicius de Moraes.  São todas tão suaves, harmoniosas e delicadas, preparadas pela natureza para o amor.  Se isso não for mais um estratagema de poeta, só posso pensar que os especimens que cruzaram a vida dele eram especiais, porque daqui onde eu estou, as mulheres não são nada doces.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Músicas e lembranças

A memória já foi comparada a uma tábua de cera, onde ficam marcadas impressões.  As informações percebidas através dos sentidos formam o conteúdo das nossas lembranças que, quanto mais marcantes, mais marcadas ficam. Já tivemos a oportunidade de refletir um pouco sobre imagens (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/01/esqueca-se-puder-1.html),  sabores (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/01/esqueca-se-puder-2.html, http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/07/recreio.html) e odores marcantes.

Mas talvez nada seja mais evocativo do que uma música.  Há algumas que me fazem lembrar momentos e pessoas, e quando isso acontece, sou literalmente transportada.

Por exemplo: Sozinho, cantada por Caetano Veloso (http://www.youtube.com/watch?v=uvMIf_lbrZU).

Ou Cesária Évora (http://www.youtube.com/watch?v=l0l7YTakFCc), época em que me mudei da casa dos meus pais.  Bons e difíceis tempos, de aprendizado, em que vivi abaixo da linha da razoabilidade (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/12/palentologia-imaginaria-4.html).

E há lugares que me lembram canções:



Sim, eu fiz isso. Não só tirei a foto da placa do cruzamento da Avenida Ipiranga e São João, como me abracei a ela e cantei Sampa (http://www.youtube.com/watch?v=d4RhNvjk4YI) de olhos fechados.

Ao ouvir determinadas músicas, lembro da época em que estudava piano, da minha querida professora e das doces tardes do Conservatório.

É claro que nem sempre são lembranças felizes, mas cantarolar é sempre uma maneira boa de lembrar e, dizem, que até os males espanta.

domingo, 13 de outubro de 2013

Sorvete

Já confessei anteriormente que não gosto de sorvete (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/07/recreio.html), embora o tenha consumido em boa parte da minha infância.  Descobrir que não gostava de sorvete foi uma libertadora percepção da minha maturidade.

Apesar disso, reconheço que é uma importante conquista da civilização humana e o seu principal sabor é ser milenar.

Diz-se que o sorvete nasceu na China há mais de dois mil anos, a partir da mistura da neve das montanhas com frutas e mel.  De lá viajou pelo mundo conhecido, até mesmo na bagagem do famoso Marco Polo. Foi difundido pelo árabes, que o chamavam de sharbet (ou shurbat, já ouvi essa expressão, mas não sei se está correta), estabelecendo-se na Europa como a coqueluche do verão desde o século XIII (http://www.abis.com.br/institucional_historia.html).   No Brasil, a novidade chegou bem mais tarde, no século XIX.

Respeito o sorvete em geral, apesar de não gostar.  Alguns marcaram profundamente a minha memória individual, como o picolé de morango citado no post Recreio e um sorvete de canela maravilhoso que tomei em uma cartola meio pervertida.

Não sabe o que é cartola? Os tolos a definem como  uma sobremesa, constituída basicamente por banana frita com queijo, polvilhada de açúcar e canela.  Eu chamo de almoço.

Pois bem, uma vez comi uma cartola totalmente fora dos padrões da decência e razoabilidade: a banana era frita (tudo certo), havia uma espécie de mousse de queijo e uma bola de sorvete de canela por cima.  Percebam que todos os elementos estavam lá, mas aquilo não deixou de ser muito errado e saboroso.

Lembro também de uma vez que fui jantar em um desses lugares de culinária vanguardista, e o meu prato principal veio com uma bola de sorvete.  Já fiquei de mau humor, porque não gosto de sorvete, mas depois fiquei curiosa porque era salgado.  Parece que a bola de sorvete era composta de temperos, que iam temperando a comida à medida em que se derretia.

Por tudo isso, defendo o estudo da história do sorvete, embora já tenha decidido que não vou me dedicar a isso.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Diálogo surreal

- à sua direita, vocês podem ver o edifício (_), que foi a sede das Indústrias (___).  Aqui ficava o Mosteiro (_), que foi demolido para dar lugar ao prédio.

Eu, fazendo turismo e pensando: - (...)?

- Se vocês olharem pela janela traseira do ônibus, verão o viaduto (_), que foi construído no local onde funcionava o antigo Colégio X jesuíta, que foi demolido no fim da década de 1970.

Eu:  :(

- Aqui ficava a antiga Igreja Y, que foi demolida na década de 60.

Eu, que não aguentei mais, perguntei:  - Por que a Igreja Y foi demolida? Essa construção não poderia ser feita em outro lugar?  Tinha que demolir a Igreja tricentenária para construir esse edifício?  Vai restar pedra sobre pedra nessa cidade?

- Ah, não fique assim, Fabiana.  Para a nossa sorte, foi construída uma Igreja nova, muito mais bonita ali na frente, para substituir a que foi demolida!   À sua esquerda, podem ver...




quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Turbatio sanguinis

Eu sempre achei essa expressão linda - Turbatio Sanguinis - assim como a já homenageada vistoria ad perpetuam rei memoriae (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/07/ad-perpetuam-rei-memoriae.html).

A idéia de evitar a confusão do sangue (turbatio sanguinis) ajuda a prevenir conflitos de paternidade, e questões de consanguinidade. É uma instituição antiga, tão útil, mas tão útil, que parece ter saído dos confins de antigas e lendárias normas jurídicas diretamente para o nosso Código Civil:

"Das causas suspensivas
Art. 1.523. Não devem casar:
omissis
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;"

Eu sei, está vigente, então não precisa de resgate.  Mas eu adoraria ver essa norma transbordar os estreitos limites do negócio jurídico denominado casamento, espraiando-se para outras relações entre homem e mulher capazes de gerar maternidade.

A tradição justifica a manutenção dessa norma já que, evidentemente, para turbar não precisa mais haver casamento.

Se a mãe era sempre certa, e o pai nem tanto, seria útil reduzir as possibilidades de confusão do sangue.  A minha reflexão não se baseia nem em puritanismo e nem em reflexões sobre os valores da monogamia, como poderia parecer. Eu só estou cansada de ver os testes de paternidade transformados em espetáculo em programas de televisão.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Arqueologia experimental

Olha aí: os bons tempos voltaram!

Tem gente na Rússia querendo recriar o modo de vida medieval: http://gazetarussa.com.br/sociedade/2013/10/06/jovem_russo_passara_inverno_vivendo_nas_condicoes_da_idade_media_21985.html

Tem gente na França construindo castelos: http://super.abril.com.br/blogs/nerdices/castelo-medieval-esta-sendo-construido-na-franca/

E nós aqui no blog já aderimos a essa moda retrô há muito tempo, e buscamos resgatar conhecimentos tradicionais, por exemplo, reaprender a fazer fogo, arcos e flechas (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/02/resgatando-conhecimentos-tradicionais.html), medir o tempo (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/07/resgatando-conhecimentos-tradicionais-2.html).

Lembro que no blog estamos em campanha permanente pela revitalização (resgate, uso e transmissão) de conhecimentos tradicionais:http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/02/campanha-pela-revitalizacao-de.html.

domingo, 6 de outubro de 2013

25 anos da Constituição Federal

Em 5 de outubro 2013, o Brasil comemorou os 25 anos de sua Constituição, documento fundante de qualquer Estado, e que para nós assume a marca de uma estabilidade política e institucional até então desconhecida.

É um marco muito importante que, esperamos, venha acompanhado da reflexão e da "vontade de Constituição", de fazê-la cumprir-se.

Nesse tempo, a nossa Constituição sofreu 74 alterações através de Emendas.  Algumas pontuais, outras mais profundas.  Em alguns aspectos, foi profundamente alterada e desfigurada.

Os estudantes de Direito Constitucional, como eu, estão procurando comemorar a data através de reflexões sobre a eficácia do texto.  E esse ano é especialmente rico para análises, não bastasse o marco de 25 anos, mas porque foram vistas manifestações pela efetividade de direitos fundamentais, de caráter político mas apartidário, o que é significativo, a demonstrar que a democracia está sendo construída em um espaço adequado.

Se alcançaram os objetivos (quais?), se houve excessos (sempre), o mais importante é que existam e demandem um posicionamento sério e efetivo do governo, favorável, e que realmente aconteceu.  A população não (mais) considera protesto por direitos como baderna, e isso é fundamental para democracia.

Com toda essa situação, surgiu uma idéia exótica de convocar um plebiscito (para que?) e uma assembleia constituinte.  Isso faz parte da cultura normativa brasileira, onde elaborar ou modificar uma norma parece resolver problemas, por si só.

Não resolve.

Voltando à vontade de Constituição, é preciso tornar a longa, analítica e rígida Constituição Federal de 1988 em um documento conhecido da população, que realmente seja respeitado e cumprido.  A maioria dos direitos nela previstos não conta com políticas públicas adequadas e, sabemos, que a questão de sua satisfação é contínua, cíclica e não deve sofrer retrocessos.

Ainda que, nesses 25 anos, a Constituição tenha contribuído para fortalecer as instituições e semear a democracia, considerando que a satisfação de direitos não é estática, devemos planejar melhor e ser mais eficientes.  Talvez, quando comemorarmos 50 anos, possamos apontar precisamente  a Constituição como instrumento de transformação social.

sábado, 5 de outubro de 2013

Astronautas deuses eram O?

Nunca entendi porque o título desse livro de Erich Von Däniken é tão complicado em Português (Eram os deuses astronautas?). Eu o li quando era bem pequena, uns oito ou nove anos, e lembro que acabei com a sensação de que havia alguma coisa errada desde o começo.

Em síntese.  Os astronautas eram considerados deuses? Sim.  Os deuses, na verdade, eram astronautas? Sim. Perceba que se o título estivesse na ordem direta, desvendaríamos imediatamente a hipótese do autor.

Tudo isso para dizer que eu adoro o History Channel, como não poderia deixar de ser, e de vez em quando assisto uma série chamada "Alienígenas do Passado".  Sabemos que o passado é irreversível (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/06/irreversibilidade-do-passado.html), mas isso não impede que seja recriado, reinterpretado, ressignificado.

Eu assisto com muita atenção essa forma de recriar e reinterpretar o passado. Acho interessante que todas as contribuições alienígenas sejam monumentais, e pinçadas de acordo com a nossa idéia do que é ser alienígena.

Ninguém fala das contribuições alienígenas para a gastronomia, por exemplo, e ninguém considera que efetivamente existem organismos alienígenas vivendo entre nós (calma, não criemos pânico), porque vêm nos meteoritos e brotam aqui. Bom, mas isso a gente só vê se mudar de canal.

Enfim, depois de assistir ontem a uma maratona de "Alienígenas do Passado", enquanto comia salgadinhos, fiquei pensando... E se...efetivamente...os deuses eram astronautas? E se, efetivamente, algumas conquistas civilizatórias possam ser atribuídas a eles? 

Isso mudaria o nosso modo de viver e fazer atuais?  Ou foi uma contribuição que ficou perdida no tempo longínquo?

Em síntese: e daí?