Há uma música, de que gosto muito, que fala sobre a questão da solidariedade intergeracional, ou a falta dela: Herdeiro da Pampa Pobre (Osvaldir e Carlos Magrão):
"Mas que pampa é essa que eu recebo agora
Com a missão de cultivar raízes
Se dessa pampa que me fala a estória
Não me deixaram nem sequer matizes?
Passam as mãos da minha geração
Heranças feitas de fortunas rotas
Campos desertos que não geram pão
Onde a ganância anda de rédeas soltas
Se for preciso, eu volto a ser caudilho
Por essa pampa que ficou pra trás
Porque eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai
Mas que pampa é essa que eu recebo agora
Com a missão de cultivar raízes
Se dessa pampa que me fala a estória
Não me deixaram nem sequer matizes?
Passam as mãos da minha geração
Heranças feitas de fortunas rotas
Campos desertos que não geram pão
Onde a ganância anda de rédeas soltas
Se for preciso, eu volto a ser caudilho
Por essa pampa que ficou pra trás
Porque eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai
Herdei um campo onde o patrão é rei
Tendo poderes sobre o pão e as águas
Onde esquecido vive o peão sem leis
De pés descalços cabresteando mágoas
O que hoje herdo da minha grei chirua
É um desafio que a minha idade afronta
Pois me deixaram com a guaiaca nua
Pra pagar uma porção de contas
Se for preciso, eu volto a ser caudilho
Por essa pampa que ficou pra trás
Porque eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai
Eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai (2x)".
Gosto muito de refletir sobre poemas, e este em particular sempre me fez pensar. No ano passado, tive a oportunidade de visitar a região denominada "Pampa", cujos herdeiros reclamam acima, e que se situa no Sul do Brasil, na área que abrange a fronteira com o Uruguai e Argentina.
Percebi que a paisagem do Pampa está mudando. Houve uma evidente mudança na economia tradicional, que está determinando uma profunda alteração da conformação espacial. O plantio de árvores para corte, de um lado, obstacula a amplitude (que para mim significa o pampa) e de outro lado, o desmatamento traz um cenário de desolação.
O resultado dessa mudança na paisagem, acredito, será a perda de inteligibilidade entre as gerações. As futuras gerações não vão compreender o que era a vida do pampa, sua economia pecuária e toda cultura que decorre disso (observem quantas referências no poema acima), porque será outro espaço e outro tempo. A ruptura não é apenas econômica, é também simbólica.
Para conhecer a música, com Gaúcho da Fronteira: https://www.youtube.com/watch?v=nwPj0fr-2t4
Se dessa pampa que me fala a estória
Não me deixaram nem sequer matizes?
Passam as mãos da minha geração
Heranças feitas de fortunas rotas
Campos desertos que não geram pão
Onde a ganância anda de rédeas soltas
Se for preciso, eu volto a ser caudilho
Por essa pampa que ficou pra trás
Porque eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai
Mas que pampa é essa que eu recebo agora
Com a missão de cultivar raízes
Se dessa pampa que me fala a estória
Não me deixaram nem sequer matizes?
Passam as mãos da minha geração
Heranças feitas de fortunas rotas
Campos desertos que não geram pão
Onde a ganância anda de rédeas soltas
Se for preciso, eu volto a ser caudilho
Por essa pampa que ficou pra trás
Porque eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai
Herdei um campo onde o patrão é rei
Tendo poderes sobre o pão e as águas
Onde esquecido vive o peão sem leis
De pés descalços cabresteando mágoas
O que hoje herdo da minha grei chirua
É um desafio que a minha idade afronta
Pois me deixaram com a guaiaca nua
Pra pagar uma porção de contas
Se for preciso, eu volto a ser caudilho
Por essa pampa que ficou pra trás
Porque eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai
Eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai (2x)".
Gosto muito de refletir sobre poemas, e este em particular sempre me fez pensar. No ano passado, tive a oportunidade de visitar a região denominada "Pampa", cujos herdeiros reclamam acima, e que se situa no Sul do Brasil, na área que abrange a fronteira com o Uruguai e Argentina.
Percebi que a paisagem do Pampa está mudando. Houve uma evidente mudança na economia tradicional, que está determinando uma profunda alteração da conformação espacial. O plantio de árvores para corte, de um lado, obstacula a amplitude (que para mim significa o pampa) e de outro lado, o desmatamento traz um cenário de desolação.
O resultado dessa mudança na paisagem, acredito, será a perda de inteligibilidade entre as gerações. As futuras gerações não vão compreender o que era a vida do pampa, sua economia pecuária e toda cultura que decorre disso (observem quantas referências no poema acima), porque será outro espaço e outro tempo. A ruptura não é apenas econômica, é também simbólica.
Para conhecer a música, com Gaúcho da Fronteira: https://www.youtube.com/watch?v=nwPj0fr-2t4
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEi rapaz, faz um post falando como a solidariedade intergeracional mudou o conceito de arqueologia e seu objeto de estudo.
ResponderExcluir____________
Falaê, eu dou ou não dou idéia boa?
Boa e complexa. Vamos discutir esse assunto, que muito me interessou!
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