O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Lembrancinha

Dezembro e janeiro de cada ano compõem o ciclo natalino porque, entre nós, o Natal não é apenas uma data, mas um período de festejos.

É um tempo de confraternização, agradecimentos e dádivas, onde as pessoas manifestam bons sentimentos que deveriam estar presentes em todos os dias e horas de nossas vidas.

Nesse período mágico há o costume de ofertar presentes, que às vezes chamamos de lembrancinhas (cf.https://direitoamemoria.blogspot.com/2012/12/feliz-natal-2013.html).

Eu adoro a palavra e a ideia da lembrancinha porque, em primeiro lugar, demonstra que alguém pensou no presenteado com carinho e, segundo, que o presentinho é algo cujo valor é mais do que material.

A lembrancinha vale mais pelo significado do que pela matéria, e isso também é aplicável aos bens materiais que suportam o direito à memória coletiva e individual.

Feliz Natal!



sábado, 29 de novembro de 2025

Nomes do Brasil - IBGE

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é uma autarquia federal, portanto integrante da Administração Pública, cujos inestimáveis serviços permitem que nós brasileiros conheçamos a nós mesmos, ao nosso território, e suas preciosas informações são fundamentais para o planejamento das políticas públicas.

Para conhecer o IBGE:https://www.ibge.gov.br/acesso-informacao/institucional/o-ibge.html

Recentemente, o IBGE publicou a lista dos nomes próprios e sobrenomes utilizados no Brasil: https://censo2022.ibge.gov.br/nomes

Nas últimas semanas essa questão dos nomes vem sido muito debatida e a plataforma permite pesquisar o seu próprio.  Descobri que no Brasil existem 274.147 pessoas que têm a sorte de portar esse belo nome "Fabiana", comunidade da qual eu orgulhosamente faço parte, cuja média de idade é de 38 anos.

O acentuado declínio na escolha desse nome próprio simples, e lindo, mostra que ele não está na moda.

Bem, faço parte da comunidade pelos motivos errados, mas no fim da estória muito doida que os meus pais contam, eu ganhei o nome Fabiana.

Lá você também pode descobrir qual o lugar no mapa com maior ocorrência de "Fabianas", que é em Minas Gerais. Não é novidade alguma já que nós, Fabianas, somos muito espertas e sabemos exatamente o lugar que tem os melhores quitutes, acompanhados de um cafezim de primeira qualidade.

Eu preciso explicar que, do ponto de vista da lei de registros públicos brasileira, a escolha do nome próprio (prenome ou primeiro nome) é livre, desde que não represente um atentado à dignidade da pessoinha. Alguns países possuem leis indicando (ou proibindo) nomes que podem ser atribuídos aos recém-cidadãos, o que limita obviamente as escolhas e as expectativas dos que nomeiam.

O primeiro nome de uma pessoa aqui no Brasil pode ser simples, composto, e ao alvedrio dos pais ou responsáveis. 

Sim, eu escrevi alvedrio, que é uma palavra muito antiga, que ninguém mais usa porque, além de promover o resgate, também poderia ser o nome de alguém.

Não é, eu busquei na plataforma.  Mas se você procurar encontrará nomes interessantes e peculiares, que ajudam a compor esse mosaico supercriativo dos nomes brasileiros, inclusive contextualizando o período em que determinado nome se tornou mais comum.

Além dos nomes mais corriqueiros identificados pelo IBGE, tais como Maria, Ana, José e Antônio, existem muitos outros memoráveis https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/11/05/deus-remedio-finado-e-carnaval-veja-nomes-e-sobrenomes-inusitados-registrados-em-sp-segundo-ibge.ghtml.


sábado, 27 de setembro de 2025

Formas de lembrar (27): um docinho (ou muitos)

 Hoje é dia de São Cosme e São Damião, e aqui no Brasil nós celebramos a sua memória com a distribuição de doces às crianças, de qualquer idade, sem considerar o limite temporal mesquinho que põe fim à infância.

Algumas de minhas lembranças mais doces e divertidas ligam-se à celebração da memória dos santos Cosme e Damião (https://direitoamemoria.blogspot.com/2020/09/dia-de-sao-cosme-e-sao-damiao.html?sc=1758976359027#c1005048515125254729), e por isso hoje é dia de exagerar na sobremesa.

Recentemente descobri que algumas representações dos santos trazem uma terceira pessoa, geralmente interpretada como um irmão mais novo dos gêmeos (Doum), aparentemente com referência a um costume iorubá.

Como eu nunca ouvi falar disso, esse é um mistério que vale a pena pesquisar, e só por isso vou comer o triplo das sobremesas hoje.

Viva!

domingo, 7 de setembro de 2025

Capitulo publicado (2025) - Fabiana Dantas

Em 03/09/2025 foi publicado o livro "Patrimônio Cultural e Meio Ambiente - Direito, Memória e Sustentabilidade" pela Editora Juspodivm, e foi uma oportunidade de encontrar, pensar e aprender junto com os amigos.  O meu capítulo se chama "Uma trilha ecológica para o patrimônio cultural", e tem como objetivo contribuir para um conceito legal-operacional de patrimônio cultural ecológico.





Estudemos.


sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Patxohã - Língua de Guerreiros (2016)

A luta das comunidades pela sua memória coletiva e individual é uma das facetas mais importantes do direito à memória.

Lutar para ser quem é, e conseguir passar essa identidade adiante, é para alguns grupos a forma mais urgente de sobrevivência.

Os povos originários do Brasil possuem uma cultura diversa, formas de fazer, sentir e modos de viver que são a base da sua autonomia e da sua identidade.

Proteger a sua identidade, a sua vida e o seu modo de vida é uma tarefa incessante, e até incompreensível para quem não passou por essa experiência de trauma geracional.

O documentário Patxohã Língua de Guerreiros (2016) mostra como a memória é uma conquista, e que o direito que lhe corresponde só pode ser efetivo se defendido permanentemente.

Para assistir:

https://www.youtube.com/watch?v=PuoHqbxugqY

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Cromo

 A minha mãe me pediu um cromo e eu não sabia o que era.

Perguntei como ela queria, só para não mostrar a minha ignorância, e respondeu que queria um normal e completo.

Gente, existem cromos anormais e incompletos?  Que coisa mais esquisita é essa de que eu nunca ouvi falar?

Procurei no Google e aprendi que pode ser um elemento químico ou fazer referência à cromolitografia, e nada disso me ajudou.

Finalmente, resolvi perguntar e ela disse que era aquele negócio que tem os dias.

Compartilhei a minha angústia com os meus irmãos e um deles sabia que era sinônimo de calendário, porque o meu avô chamava assim.

Ontem meu irmão levou um cromo para ela, com todos os meses e dias do ano de 2025, normal, completo e brilhante.

Agora o tempo está correndo e eu tenho que procurar o próximo cromo.


sexta-feira, 18 de julho de 2025

Brinquedos tradicionais (2): Rói Rói

Brinquedos são bens culturais materiais, que são usados em práticas identitárias (imateriais).  São patrimônio e também divertidos.

É um exercício do direito à memória voltar a brincar, não só porque sou adulta há muito tempo e brincar ajuda a manter o espírito ativo, mas também porque é uma ótima oportunidade para ensinar às presentes e futuras gerações da minha família um modo de viver e fazer diferentes.

No primeiro post desta série "brinquedos tradicionais" trouxe  Mané Gostoso, esse ginasta incansável (https://direitoamemoria.blogspot.com/2019/10/brinquedos-tradicionais-1-mane-gostoso.html), e agora apresento o rói rói:

Rói rói
Rói Rói - Brinquedo tradicional.  Foto: Fabiana Dantas


Verso do Rói Rói
Verso do Rói Rói - Foto: Fabiana Dantas


Esse brinquedo é uma graça.  Muito simples mas com um potencial de fazer barulho enorme.

O nome rói rói vem do som que ele faz ao girarmos.  Para brincar é só segurar nesse galho e girar a parte circular, roendo a paciência de qualquer vivente que esteja perto de você.

Esse rói rói da foto é um presente de Tia Fabiana para Ramiro (https://direitoamemoria.blogspot.com/2020/06/ramiro.html), que está levando muito a sério brincar com brinquedos tradicionais.  Os pais de Ramiro, por outro lado, já disseram que não querem um rói rói em casa.

Gosto muito de rói róis e matracas, e da sua forma veemente de expressão.

Hoje só conseguimos comprar esse tipo de brinquedo nas feiras tradicionais, então vou sempre com uma lista de compras para não esquecer de comprá-los, enquanto como pastel de vento, que também só são encontrados lá.