O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









domingo, 16 de março de 2025

16 de março de 2020

 Esse foi o dia em que as medidas sanitárias pela prevenção do COVID-19 (cf. https://direitoamemoria.blogspot.com/2024/05/impressoes-da-pandemia-vol-12-memoria.html) foram implementadas na minha cidade.

Na verdade, em 29 de fevereiro de 2020 eu já estava em isolamento voluntário porque assisti às reportagens sobre o que estava acontecendo na Itália.  As pessoas lá estavam gravando vídeos e postando conselhos nas redes sociais, e podem ter ajudado a salvar muitas vidas. 

Em 16 de março de 2020 eu já estava há 15 dias isolada.  

Eu sei, eu lembro, dos efeitos que esse isolamento prolongado causou em mim.  Quem me conhece diz que eu mudei bastante, inclusive porque aprendi a cozinhar e adquiri ou gosto bizarro por fazer faxina.

Lembro também do medo e da incerteza constantes.

Sem dúvida um trauma tão profundo marcou a memória coletiva de forma indelével, mas as pessoas não expõem as suas lembranças com frequência embora alguns vestígios possam ser claramente percebidos. Fico pensando se não é algum tipo de repressão, essa forma de esquecimento ativo e motivado que exige uma constante atuação para evitar que os fatos venham à superfície.

O trauma é um material mnemônico que exige formas específicas de lembrar e esquecer.  Parece que as pessoas optaram por não lembrar ou negar os fatos, e isso não é apenas um erro, mas também é um modo de negar os anticorpos que a experiência proporciona. 

Em mim, uma das sequelas mais notáveis foi desenvolver ansiedade ao realizar a chamada da presença dos alunos. Lembro que durante a pandemia quando alguém faltava mais de uma aula eu já procurava saber notícias, e ficava com angústia daquela situação que ainda sinto de maneira atenuada. 

Precisamos lembrar e aprender para que nunca mais surjam curas milagrosas, remédios falsos, falsos salvadores.  Acreditar na Ciência, e desconfiar daquelas pessoas que a negam.

É preciso, por incrível que pareça, afirmar o óbvio: que a COVID-19 existe, continua matando, que o isolamento e a vacina salvam, e que muitas pessoas optaram por propagar o vírus ao invés de combatê-lo.



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