O dia 8 de maio de 1945 é o marco da vitória aliada na Segunda Guerra Mundial, adotado como data comemorativa (cf. https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/saiba-onde-e-por-que-e-comemorado-o-dia-da-vitoria-sobre-a-alemanha-nazista/).
Em outros tempos eu analisaria o porquê e o como da comemoração para entender como ela se encaixa, faz e produz sentido nesse mosaico que é a memória coletiva.
Neste ano não. A minha reflexão nesta data é o que significa essa "vitória". Certamente significa diferentes coisas para diferentes povos.
Pensando como cidadã sulamericana só posso dizer que essa vitória representou, na verdade, o estabelecimento definitivo do nazismo no nosso continente.
Essa ideologia estabeleceu-se, criou raízes e se disseminou na América do Sul de maneira consistente nas últimas oito décadas, e se consolidou como um fato político que não pode ser ignorado.
Como já refletimos anteriormente (por exemplo https://direitoamemoria.blogspot.com/2023/03/nazismo-no-brasil.html), no Brasil não existe neonazismo. É o nazismo em sua continuidade, sendo reproduzido pelas gerações desde então, em locais específicos. Os demais locais do território adotam a ideologia por espírito de imitação, muito embora seja evidente a inadequação dos princípios e valores à nossa sociedade mestiça.
A suposta superioridade racial aqui é econômica e de origem, quando não de procedência nacional.
Mas, como bem se sabe, o que atrai para a ideologia nazista até mesmo aquelas pessoas que seriam suas vítimas preferenciais (como os pobres mestiços brasileiros) são o ódio e o ressentimento. A catarse que o ódio possibilita foi potencializada pela tecnologia que permite encontrar e formar comunidades virtuais de indivíduos com desejo de destruição, perseguição de minorias e violência como forma de afirmação identitária.
Em 1945 ninguém poderia prever que a "vitória" significaria expandir e aprofundar o nazismo em outras partes do mundo, e contra tantas outras pessoas. Que "vitória" exige o combate incessante e atento a todas as formas de manifestação e adaptação que essas ideologias do ódio assumem.
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