quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Queijo de Minas - novo patrimônio imaterial da Humanidade

O patrimônio cultural imaterial abrange os modos de fazer, viver e sentir que ilustram a experiência humana.  São manifestações da maravilhosa capacidade de adaptação e do aperfeiçoamento das conquistas civilizatórias da Humanidade.

E, às vezes, também pode ser uma delícia.  Nessa semana a UNESCO reconheceu o modo de fazer queijo mineiro como patrimônio imaterial:

https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2024/12/04/modo-de-fazer-queijo-minas-artesanal-se-torna-patrimonio-cultural-imaterial-da-humanidade.ghtml

Minas Gerais é um estado-membro da República Federativa do Brasil e repositório das nossas fantasias gastronômicas porque tudo lá é gostoso.  A famosa hospitalidade mineira teve que desenvolver formas de agradar, e a comida e o café ancoram toda essa relação.

Em Minas você será convidado a tomar um café e a comer qualquer coisa deliciosa, enquanto trava relações com outros seres humanos, porque conversar também é um patrimônio imaterial mineiro.

O Brasil já contribuiu com vários bens imateriais para a elevação do espírito coletivo, e essa nova contribuição certamente acrescentará mais um pedaço de informação para compor esse mosaico maravilhoso da nossa existência.

E se acrescentar goiabada, tudo ficará perfeito.


quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Número 1

Sempre fiquei fascinada com a obsessão de Tio Patinhas com a moedinha n. 1 dele (cf. https://direitoamemoria.blogspot.com/2015/05/fetiche-do-principio.html)

A origem de toda a fortuna. O talismã, o princípio, o refúgio para retornar. O início mágico que molda o acerto do destino, porque o que começa errado termina errado.

Então o que começa certo tem que, necessariamente, continuar certo nessa lógica ingênua e consoladora.

Tudo isso para dizer que, finalmente, estou tentando organizar a minha biblioteca e, depois de tanto tempo, encontrei a minha moedinha n. 1, que deu origem a esse acúmulo maravilhoso, mas um tanto preocupante, de livros.

Eis o livro que deu início a tudo:






Esse foi o primeiro livro que eu comprei, mas não o primeiro livro que eu ganhei, o qual ainda estou procurando e certamente vou encontrar. 

Esse livro foi o primeiro ato consciente de adquirir um produto cultural e dele me apropriar, colocando o meu nome. Infelizmente não coloquei a data, mas me lembro do ano: 1986.

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Voz

 Nesta data, há 16 anos, tive a oportunidade de ver e ouvir Mercedes Sosa cantar.



Inconfundível.

Inesquecível.

domingo, 24 de novembro de 2024

Divulgação - Return to Zanskar (documentário)

Assisti ao documentário da BBC, que fala sobre pessoas e tradições, e como uma nova estrada pode mudar mundos, nem sempre para melhor:




A sensação de perda que as mudanças às vezes carregam traz o senso de urgência em preservar. 

E o que se perde nesse caso? Um modo de vida tradicional, repleto de uma felicidade que o dinheiro não pode comprar.

O que se deve preservar?  O patrimônio imaterial de um modo de vida que foca na sensação de comunidade, na busca pelo sagrado e de uma felicidade além do material.

Esses são valores humanos cada vez mais difíceis de encontrar, e há que andar, e percorrer caminhos para vivê-los.


domingo, 3 de novembro de 2024

Obrigada, ENEM!

Hoje o Brasil parou para o concurso de ingresso dos candidatos às vagas na Universidade Pública.

Entrar no Ensino Superior é um grande marco na nossa vida, de ansiedade para os candidatos e também para nós, professores universitários que aguardamos ansiosamente a chegada das novas gerações.

Nesse dia lembro de uma Fabianinha fazendo a prova para entrar na Faculdade de Direito, e da redação que eu tive que escrever (https://direitoamemoria.blogspot.com/2017/05/memoria-poetica-belchior.html?m=0), que também falava sobre memória e ancestralidade.

Em 2024 o ENEM fez o Brasil parar para pensar sobre os "Desafios para a valorização da herança africana no Brasil".  Com certeza, mais do que na prova, esse tema esteve nos lares brasileiros e provocou reflexão e discussão, como deve ser.

Tantos aspectos importantes podem ser destacados no desenvolvimento desse tema, e do meu ponto de vista o abordaria com uma visão patrimonial e memorial, usando-o como ferramenta para o combate o racismo estrutural e a intolerância em geral.

Obrigada, ENEM, por nos fazer pensar em nós mesmos, na sociedade brasileira,  que deve ser justa, fraterna e solidária, e refletir sobre a nossa memória coletiva na data de hoje.

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Autorretrato

Não é frequente, mas também não é raro, que eu me expresse por outros meios além da escrita, cantando, dançando ou pintando, o que der vontade.

Nesses dias estava pensando sobre a minha vida, e nos desafios complexos envolvidos na gestão da minha boa saúde desde 2019 (https://direitoamemoria.blogspot.com/2020/07/sindrome-da-boca-ardente.html), então me lembrei do meu diagnóstico na acupuntura (https://direitoamemoria.blogspot.com/2021/07/acupuntura.html) e resolvi ilustrá-lo:

Com todas as evoluções que conquistei gradualmente,  e considerando que eu sou definida como em permanente desequilíbrio dinâmico, é assim que eu sou:


 

Autorretrato de Fabiana
Autorretrato de Fabiana


domingo, 14 de julho de 2024

Resgatando instituições antigas: Chasquis

A série "Resgatando instituições antigas" é o esforço sincero deste blog em propor a reciclagem, o reuso, ou a reconstrução de instituições sociais antigas, inovadoras em seu próprio tempo, e que poderiam ser úteis de novo desde que adaptadas às novas necessidades.

Nessa trilha de reflexão já demonstramos a utilidade da reabilitação de práticas antigas como:

- o ostracismo (https://direitoamemoria.blogspot.com/2011/11/resgatando-instituicoes-antigas.html)

- o auto-sacrifício maia (https://direitoamemoria.blogspot.com/2011/11/resgatando-instituicoes-antigasauto.html) 

- cavaleiros templários (https://direitoamemoria.blogspot.com/2011/12/resgatando-instituicoes-antigas-3.html 

-  comércio de indulgências (https://direitoamemoria.blogspot.com/2012/01/resgatando-instituicoes-antigas-4.html

- o fosso dos castelos (https://direitoamemoria.blogspot.com/2012/02/resgatando-instituicoes-antigas-fosso.html)

- virgens vestais (https://direitoamemoria.blogspot.com/2012/03/resgatando-instituicoes-antigas-virgens.html)

- ordálios (https://direitoamemoria.blogspot.com/2012/04/resgatando-instituicoes-antigasordalios.html)

- oráculos e pitonisas (https://direitoamemoria.blogspot.com/2012/08/resgatando-instituicoes-antigasoraculos.html)




Todas inovações visionárias que contribuíram para a evolução das sociedades que as gestaram, e que inexplicavelmente foram abandonadas ou modificadas ao ponto de se tornarem irreconhecíveis, mas que podem ser resgatadas para nos ajudar a resolver problemas contemporâneos.

E o meu - nosso - problema agora está sendo receber encomendas de forma rápida.  Não há justificativa possível, nesse mundo globalizado e superconectado, que um pacote de qualquer coisa demore dois meses para chegar à minha casa.

Esse é o prazo da tecnologia das caravelas, quando o mar era a única via disponível e os poetas achavam que voar era apenas uma metáfora da inveja aos pássaros.

A solução para isso é reabilitar os chasquis.

Em abril de 2024 tive a oportunidade de realizar o sonho de conhecer e caminhar na região de Cusco e pude colocar esses personagens que sempre me fascinaram em seu ambiente.  Contextualizar é preciso para entender o tamanho do esforço e da eficiência dos chasquis, que serviam de correio por todo império inca.

Rápidos, eficientes e atléticos nos ajudariam a incrementar fortemente a agilidade na entrega de pequenas encomendas, como as minhas, que para o atual sistema de entregas parecem ter se convertido em um fardo pesado demais para carregar.

A antiga instituição dos chasquis poderia ser revitalizada se:

1) A atividade dos chasquis fosse reconhecida como uma modalidade esportiva.  Tenho certeza que ainda haveria pessoas dispostas a pagar para correr e carregar pequenas encomendas, como há quem pague para deslocar pneus e outros pesados artefatos;
2) Os chasquis profissionais deveriam ser remunerados por metro/corrido;
3)As encomendas entregues por chasquis deveriam ganhar um selo de sustentabilidade ambiental;
4) Os chasquis deveriam ter direito à aposentadoria em função da quilometragem.

sábado, 6 de julho de 2024

Aguaymanto

Surpresa deliciosa, encontrei esse amor nas montanhas da região de Cusco.

Já bebi aguaymanto, comi em bolos, doces, chocolates. Comi puro e misturado.

Para minha tristeza descobri que não há onde comprar por aqui, e agora vejo fotografias e choro de saudades.

terça-feira, 2 de julho de 2024

Artístico

 O "artístico" é uma categoria ampla que permite criar um repertório de manifestações culturais que moldam a nossa identidade, quando se transformam em bens acautelados pelo Estado e/ou são difundidas pela sociedade através das gerações.

A categoria artístico abrange as artes tradicionais -Música, Teatro, Arquitetura, Pintura, Escultura, Literatura/Poesia - e outras que, para surpreender as Musas, foram criadas pela evolução da sociedade, como o Cinema e a Fotografia.

Para mim, amante das musas antigas, é difícil imaginar outros tipos de arte além dessas novidades, mas tenho certeza que a Humanidade, em sua infinita capacidade, irá me surpreender.

Qualquer que seja o meio de manifestação, para mim a arte sempre teve a função de acordar e nos fazer ver o mundo de uma maneira diferente (cf. https://direitoamemoria.blogspot.com/2020/04/obras-de-adriana-varejao.html), e não mais voltar a ser como antes.

Eu trabalho protegendo o patrimônio cultural brasileiro, e a ele dedico minhas horas de estudo, lazer e caminhadas, e uma parte material importante dele são os edifícios e monumentos.  Eu contemplo, teorizo, sonho e imagino quem, como, quando, por que, por que aqui, para que, mas depois que eu ouvi o poema sonoro Construção, de Chico Buarque de Holanda, passei a pensar muito mais no quem.

Escute a música, entenda a letra, imagine e chore. Veja um trabalhador carregando o peso da sua existência, vivendo e morrendo como se fosse um utensílio.

Quem fez?  Quem colocou pedra sobre pedra? As pessoas que trabalharam naquele monumento, os executores, criaram a glória alheia e o seu nome se dissolveu no tempo.

Por causa dessa música/poema eu também dou muita importância ao uso de equipamentos individuais de proteção. O meu olho já procura capacetes, cordas, botas e amarrações porque acidentes acontecem, mas não deviam.

Eu vejo os edifícios que ajudo a proteger como organismos vivos que sangram quando são danificados, por causa de Adriana Varejão, e que são o produto do trabalho de pessoas anônimas que ali deixaram sua energia, suas dores, anseios, esperanças e às vezes a sua vida.

A arte expande a nossa compreensão e contribui para a diversidade que nos dá amplitude de alternativas. Pensar diferente, fazer diferente é fundamental também para nós, que não somos artistas, mas sentimos e entendemos a humanidade através das manifestações culturais.

A arte precisa de liberdade para mudar percepções, para incomodar, maravilhar, fazer sonhar, questionar, para nos ajudar a ser mais.

sábado, 29 de junho de 2024

29 de Junho - Dia de São Pedro

 Dia de São Pedro e de comer gnocchi, colocando uma moeda embaixo do prato.


segunda-feira, 24 de junho de 2024

Viva São João!

 A minha região fica em festa para homenagear São João no dia 24 de Junho.

É tempo das comidas de milho, das músicas e vestimentas típicas, e dessa celebração que recarrega a nossa felicidade até a próxima festança.

Embora seja uma festa de colheita, nós que vivemos nos centros urbanos também nos beneficiamos dessa lindeza.

Nesse ano teve fartura, choveu no dia certo (https://direitoamemoria.blogspot.com/2023/03/chuva-de-sao-jose.html) e o ar está cheio da fumaça das fogueiras, que não deveriam mais existir, e de fogos de artifício.

Minha cidade está defumada, barulhenta, colorida e junina.


domingo, 23 de junho de 2024

O dever de respeito à memória dos mortos

 Hoje me deparei com essa notícia inexplicável:

https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2024/06/22/adolescentes-retiram-corpo-de-tumulo-e-fazem-piada-em-cemiterio-de-piraquara.ghtml

Em síntese acharam curioso e divertido desrespeitar os restos mortais de alguém.

Alguém que viveu, e que foi uma pessoa como as perpetradoras, e cuja memória merece respeito.

Na legislação brasileira existem vários crimes referentes ao desrespeito aos mortos.  Dependendo do que foi efetivamente praticado,  os fatos descritos na notícia podem configurar:


a) Se a sepultura estava fechada, e foi indevidamente aberta:

Art. 210 - Violar ou profanar sepultura ou urna funerária:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.


b) Se o manuseio inadequado de restos mortais causou destruição, ainda que parcial, do cadáver:

 Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele:

 Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.


c) Com certeza, configura-se vilipêndio pela forma desrespeitosa adotada

 Art. 212 - Vilipendiar cadáver ou suas cinzas:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.


Do ponto de vista penal, pode ser configurada infração análoga ao vilipêndio ao cadáver, mas as consequências jurídicas não se esgotam na responsabilidade penal.

A família tem o direito, e o dever, de proteger a memória do falecido, e pode requerer uma indenização dentro da sistemática da responsabilidade civil contra as menores e seus responsáveis.

E, eventualmente, pode haver multas administrativas pelas condutas praticadas no cemitério, que em geral são área municipal.  A legislação não é uniforme visto que muda de cidade para cidade, e a gestão cemiterial é bem dispersa e complexa, como referimos no post https://direitoamemoria.blogspot.com/2014/01/gestao-de-cemiterios-brasileiros.html.

O que justifica tamanho desrespeito?

domingo, 9 de junho de 2024

Meus livros

Meus livros são parte da minha história, e alguns me acompanham pela vida inteira.

Nesse momento da minha existência, em que supostamente criei juízo e ganhei maturidade, passei a reavaliar meus fundamentos e nisso se inclui a minha biblioteca.

A minha coleção de livros, como quaisquer outras, foi estabelecida por critérios que mudaram ao longo do tempo.  Olhar as minhas estantes permite perceber que adquiri livros por necessidade, por utilidade, por curiosidade, por amar autores.

E esses motivos mudaram ao longo do tempo.  Houve épocas em que adquiri livros com uma insana voracidade, tempos em que queria aprender tudo e muito.

Houve épocas tristonhas e de energia entristecente, em que adquiri poucos e li menos ainda.

Há livros que eu li e reli ao longo da vida.  Há livros que me surpreendem a cada releitura.

Briguei com autores e não leio mais nada deles.

Alguns autores entraram para a minha gangue e me acompanham em todos os trabalhos acadêmicos, como guarda-costas.  Para as referências bibliográficas também vale o "diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és".

Alguns autores e suas obras são meu segredo.  Não aparecerão nos meus artigos e livros, mas estão ali sussurrando estilos e visões no meu ouvido.

Chegou o tempo de reformular a minha biblioteca.  Vou alforriar alguns livros, deixá-los ir. 

Alguns eu não vou ler, foram comprados por impulso e agora não têm nada a ver comigo, e vão embora.

Alguns eu vou reler para sempre, em diversas fases da vida.  Esses se incorporaram em mim e certamente aparecerão no próximo exame de raio x que eu fizer.  Ali junto do coração, tem uns quatro ou cinco exemplares que podem ser confundidos com artérias.

Alguns vão ter que ir embora, mesmo que eu não queira.  A despedida é necessária porque eu reconheço o seu papel fundante e eles precisam continuar a sua missão de ensinar outras pessoas. 

Um parte dos meus livros será doada para a biblioteca da minha cidade porque essa é a forma de retribuir todas as horas mágicas que passei lá.

Alguns serão presenteados, outros serão vendidos, e outros serão deixados ao que o acaso decidir.

terça-feira, 4 de junho de 2024

250 mil

 Hoje o blog alcançou o marco memorável de 250 mil visualizações.

Agradeço a todos que empenham a generosidade do seu tempo na leitura e refletem sobre a memória individual e coletiva, sobre o patrimônio cultural e o direito à memória.

Estudemos.

segunda-feira, 3 de junho de 2024

sábado, 1 de junho de 2024

365 dias

É o tamanho da comemoração do meu aniversário, iniciada em 24/05/2024.

Desde essa data até 24/05/2025 estarei fazendo atividades diárias em celebração à minha própria pessoa. 

Meu presente é fazer coisas diferentes todos os dias, nem que seja turbinar a minha rotina, que já é muito interessante.

Aprender algo novo, tentar algo novo ou de um jeito diferente, viajar, ler um livro novo ou de novo. Qualquer coisa benéfica para mexer com o coração e com a alma.

Divertido, memorável e épico!


sexta-feira, 31 de maio de 2024

Capítulo publicado (2023) - Fabiana Dantas e Denise Teixeira

 O trabalho publicado, fruto da parceria produtiva com profa. dra. Denise Teixeira de Oliveira, que também é uma amiga da vida inteira:

https://www.persee.fr/doc/aijc_0995-3817_2023_num_38_2022_3076


sábado, 25 de maio de 2024

Férias 2024: Memórias parte II

No post   https://direitoamemoria.blogspot.com/2024/05/ferias-2024-memorias-parte-1-altitude-e.html   falamos sobre a primeira parte das minhas impressões sobre a região de Cusco, e como a altitude e atitude são características da identidade cultural andina.

Essas memórias, tão sinteticamente retratadas nesse post, são fruto de aprendizado do que me foi ensinado e exposto.  A visitação turística é uma oportunidade de aprender muito mais do que está à sua frente: aprendemos a ver como as pessoas interagem com o patrimônio cultural, qual a sua experiência e pontos de vista.

Há sempre mais para perceber do que está à mostra.  Ao visitar o Museu de sítio de Qoricancha e o Museu Inka aprendi que havia um grande número de diferentes grupos culturais que habitavam a região que iria ser o Tawantisuyo.  Esses grupos tinham modos de viver e fazer distintos, língua, religião, e frequentemente eram presas de outros grupos.

A relação nem sempre cordial entre esses grupos determinou uma dinâmica de constantes ocupações, das quais o Império Inca foi a forma mais abrangente, antes da invasão espanhola. A ocupação promovida pelos incas inaugurou uma forma administração centralizada desconhecida na região, e possibilitou o incremento do comércio e das relações dos grupos que viviam no Tawantisuyo.

Os governantes (incas) eram invasores de Cusco que vieram do território que hoje se conhece como Bolívia, pelo menos essa é a teoria mais difundida.

Essa observação, e a cronologia que a baseou, para mim foi fundamental para entender o sentimento de ruptura que aparece na conversa das pessoas consistentemente.

Ao falar sobre a herança cultural, focando no período inca e esquecendo o que houve antes, as narrativas abrigam duas espécies de informação: a primeira, um grande pesar pela interrupção do progresso civilizatório trazido pelos incas (como estaríamos hoje, se não houvesse a invasão espanhola), e um ressentimento difuso pela forma como foi efetivada a colonização espanhola.

Ao ouvir os relatos - matéria-prima da memória coletiva - pude vislumbrar de forma clara o que o desenraizamento causa.  O trauma da colonização foi profundo, e existe uma tendência de "renascimento", palavra que aqui vou usar de forma inadequada por falta de termo melhor, com o retorno às origens, que lá são localizadas na ideia imaginada, mais que comprovada, do que era o áureo período inca.

Não se trata de um retorno nativista à moda do incanismo, esse movimento intelectual de resistência cultural, que encontra semelhança com o que ocorreu no Brasil no início do século XX, com os modernistas.  A construção da identidade nacional baseada em sentimentos nativistas, que caso da América do Sul frequentemente remeterá à visão idealizada dos povos originários, é parte da ruptura colonial.

Se pudermos comparar, ainda que forma muito sintética o que aconteceu com o sentimento nativista no Brasil e no Peru, existe uma diferença fundamental: no Peru as nações originárias mantiveram a sua forma de organização sob a dominação espanhola, e houve tentativas organizadas de resistência contra o poder colonial, como a revolta comandada por Tupac Amaru II.  No meu sentir, que pode não ser o mais teoricamente fundado, a resistência decorreu da memória das invasões do território acima referidos, desde a época pré-incaica.  Resistência é um modo de viver daquela população.

Para concluir esse post que já muito longo, apenas gostaria de acrescentar que pude verificar na prática o paradoxo  dos Estados pós-coloniais, em que o nacionalismo estimulou independências, porém a as instituições coloniais moldam a sociedade, trazendo divergências cismáticas porque, mesmo que se adote um sentimento nativista com o forma de afirmação e oposição, o funcionamento da sociedade se dá conforme as estruturas coloniais herdadas (DANTAS, 2024, p. 51).


REFERÊNCIA:

DANTAS, Fabiana Santos.  Nação enraizada - Estado, Identidade e Preservação.  Curitiba: Juruá, 2024.

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Trauma e memória coletiva (4) : o transborde do Guaíba 2024

Em maio de 2024 o Rio Guaíba transbordou e o Rio Grande do Sul experimentou a maior enchente da sua História.  As cenas de desespero, da destruição e de todos os sentimentos que se seguem a uma catástrofe como essa são marcas indeléveis na nossa memória coletiva brasileira.

Os traumas são transmitidos pelas gerações, e não foi por outro motivo que  se fala tanto da inundação de 1941, que até então era o marco das lembranças daquela população.  

Em outros lugares, outras enchentes e outros marcos são lembrados, como vimos nos posts  https://direitoamemoria.blogspot.com/2011/05/trauma-e-memoria-coletiva-viva-o-caso.html ,  https://direitoamemoria.blogspot.com/2015/03/trauma-e-memoria-coletiva-2-marcos.html , mas a seca também ativa a memória quando deixa em evidência as pedras da fome ( https://direitoamemoria.blogspot.com/2022/08/trauma-e-memoria-coletiva-3-alertas.html ).

As lições proporcionadas pelas tragédias são um lacrimatório, onde as memórias dolorosas flutuam. 

Nesses meses de maio a agosto muitas cidades brasileiras sofrem e sofrerão com eventos dessa natureza, a questão é saber como as lições serão aproveitadas para reduzir esses efeitos que, em razão de fatores antrópicos e climáticos, vão se repetir ciclicamente.  

A gestão de recursos hídricos é uma questão de vida e morte, e exige um planejamento sistêmico, constante e multidisciplinar.  A água é um recurso escasso porque a escassez nem sempre é uma questão de quantidade, mas de qualidade (DANTAS, 2005), e é uma força poderosa que precisa ser corretamente manejada.

Em algumas situações simplesmente não é passível de controle humano.  Mas o que uma sociedade organizada pode fazer é preparar as pessoas com informação correta, prévia, e ajudá-las a enfrentar e superar os desastres, adotando cotidianamente medidas administrativas que possam amenizar os seus efeitos.

O contrário disso é permitir o desmatamento, a expansão urbana desordenada, não monitorar corretamente os corpos hídricos e os fatos que os afetam, e deixar as pessoas desinformadas e desprotegidas.  A tragédia, que era natural, torna-se muito maior com a cumplicidade humana.

Força, gaúchos! A nação está com vocês.


Referência

DANTAS. F.S. Gerenciamento de recursos hídricos: uma análise crítica da Lei nº 9433/97. In: KRELL, Andreas Joachim (org.). A aplicação do Direito Ambiental no Estado Federativo. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005.

sábado, 11 de maio de 2024

Impressões da pandemia (vol 12): a memória da pandemia

Há quatro anos a pandemia chegou ao meu mundo.  Naquele já quase longínquo 16 de março de 2020 a minha vida mudou muito, mesmo (cf. https://direitoamemoria.blogspot.com/2020/12/impressoes-da-pandemia-2020-volume-1.html).

Foi um trauma coletivo sem precedentes quanto à extensão, capaz de marcar profundamente a memória coletiva.  Sempre me perguntava como seria a  memória desse experiência sincrônica em que a Humanidade toda foi afetada por uma doença e para sobreviver isolou-se por tempo tão prolongado?

Sem dúvida, a  associação com uma forma apocalipse é inevitável, mas ficou claro que se trata um processo e não de um evento.

Acho notável que um processo tão traumático não seja lembrado com mais frequência pelas pessoas.  Aqui onde moro ninguém fala sobre esse tempo: alguns lembram das milhares de vítimas brasileiras, de um ou outro fato mais denso, mas a memória nesse caso parece estar trabalhando silenciosamente, e escondida dentro do coração das pessoas.

Para mim, essa memória é construída em fases que eu sempre revisito.

A primeira - da ignorância e do medo generalizados. Uma grande incerteza quanto ao futuro e a clara sensação de que a desigualdade socioeconômica aqui apareceu de forma aguda.

É claro que a pandemia não revelou a desigualdade, pois ela é evidente, basta olhar em volta.  Mas, nessa situação excepcional percebi como a desigualdade é profunda e enraizada, e como a vida e a morte são diferentes para as pessoas.  Não se trata de classes sociais, mas de mundos diferentes.

A segunda fase exigiu adaptação,  isso para mim significou aprender novos comportamentos. Organizar a minha rotina para criar uma normalidade adequada àquela situação.  Aprendemos a sobreviver, e isso é muito importante.

A terceira etapa trouxe a vacina, novas cepas da COVID-19, e uma sensação de amanhecer de um novo tempo que, de vez por outra, ainda experimento.

Alguns comportamentos normalizados durante a pandemia certamente já fazem parte da minha vida e da minha mentalidade:  evito aglomerações, continuo usando álcool para higienizar tudo, uso máscara quando estou gripada e sou grata porque chegamos aqui, pois a gratidão também é uma consequência da memória.

Durante a pandemia meu lindo sobrinho Ramiro nasceu (https://direitoamemoria.blogspot.com/2020/06/ramiro.html).  Estávamos no início da terceira quarentena (https://direitoamemoria.blogspot.com/2020/07/tres-quarentenas.html), e a essa altura eu já não sabia o que pensar diante da confusão, da irracionalidade e da falta de lucidez de algumas pessoas.

Gente que não acreditou que a pandemia existia. Nem em máscaras, nem em vacinas, mas em remédios sem comprovação científica, e isso tudo no século XXI.  Fiquei pensando em outras épocas, como a Peste Negra e gripe espanhola, e tive a certeza de que essa loucura aconteceu também, porque não há nada de novo sob o sol. 

Quando eu olho para Ramiro, tão feliz e interessante e com quase quatro anos, só posso considerar que superar um trauma é ver uma nova geração florescer e se desenvolver, e fico mais grata ainda por ter a chance de testemunhar esse novo tempo.


terça-feira, 7 de maio de 2024

Memória Poética - Lembrança de um beijo (Accioly Neto)

 A letra dessa música tem muitos regionalismos, palavras só nossas, que nos ajudam a expressar mas dificultam o entendimento de quem é de outro lugar.  Todo mundo que já teve a sorte de amar alguém de verdade passou por isso e vai entender, qualquer que seja a cultura que formatou o seu sentimento:

Quando a saudade invade o coração da gentePega a veia onde corria um grande amorNão tem conversa nem cachaça que dê jeitoNem um amigo do peito que segure o chororô
Quando a saudade invade o coração da gentePega a veia onde corria um grande amorNão tem conversa nem cachaça que dê jeitoNem um amigo do peito que segure o chororô
Que segure o chororôQue segure o chororô
Saudade já tem nome de mulherSó pra fazer do homem o que bem querSaudade já tem nome de mulherSó pra fazer do homem o que bem quer
O cabra pode ser valente e chorarTer mei' mundo de dinheiro e chorarSer forte que nem sertanejo e chorarSó na lembrança de um beijo, chorar

Para ajudar no entendimento, a explicação breve de algumas palavras e expressões:
- chororô: choro descontrolado.  Não confundir com Xororó, que é um pássaro e um grande cantor brasileiro.
- "O cabra":  essa é outra maneira de designar alguém do sexo masculino. Na nossa forma de dizer é mais forte que dizer "aquele homem," ou "aquele cara".
- "Ser forte que nem sertanejo".  Sertanejo é quem vive nos sertões do Brasil, um ambiente muito difícil, que molda a paisagem e as pessoas.  A geografia e o clima desafiadores exigem que as pessoas sejam muito resilientes, e isso tudo somado a uma ordem social violenta forja pessoas fortes antes de tudo.
Ao descrever as pessoas desse ambiente, o famoso escritor Euclides da Cunha disse que o "sertanejo é antes de tudo um forte".  A fortaleza é uma virtude cultivada então chorar por amor, que poderia ser sinal de fraqueza, na verdade é prova da força de um sentimento avassalador.
Essa saudade, que tem nome de mulher, é mais forte do que qualquer cabra.

sexta-feira, 3 de maio de 2024

Férias 2024: Memórias parte 1 - Altitude e atitude

 A região de Cusco é inacreditável, mas mais inacreditável é como as pessoas vivem e produzem cultura naquele ambiente tão difícil.

Imagine a minha surpresa, de bichinho criado à beira-mar, ao perceber que as pessoas não consideram as montanhas como obstáculos. Elas são parte indispensável do modo de viver e sentir, que é modulado pela altitude.

Vejam, é diferente viver e produzir a mil, dois, três, quatro ou cinco mil metros de altitude.  Tudo muda: o tipo de cultivo, a forma, o acesso a água, a gastronomia, a atitude das pessoas diante dos desafios trazidos pelas condições geográficas e climáticas.

Os habitantes da região de Cusco, inseridos na cultura andina mais que na "peruana", têm uma forma de viver que molda a sua identidade cultural.  Nós (e já me incluí) andinos temos uma forma específica de interagir com e integrar a paisagem.

Andar naquelas montanhas é desafiador, especialmente para quem vive na altitude zero como eu, mas não é só a altitude que tira o fôlego.  O vislumbre de como as pessoas se relacionam com paisagem ali é emocionante, e podemos aprender lições de vida sobre resiliência, sobre distinguir o que é realmente importante e necessário, sobre como a beleza é simples, e como isso tudo ajuda a moldar uma atitude correta diante da vida.

Dizer que as pessoas são "espiritualizadas" não é suficiente para explicar essa atitude respeitosa e grata diante da vida.

Essa  minha sensação pode ser causada pela energia mística de Cusco, ou pelas muitas doses alcoólicas que lá tomei enquanto refletia sobre a beleza, a graça, o espírito e a constância, representada pelas montanhas que nos cercam. A cidade é o umbigo do Império Inca, e sabemos que umbigos (ônfalos) são simbolicamente a representação do centro de um universo, de onde são geradas todas as coisas.

Os andinos são atentos à altitude, informam-na a todo momento. Eles sabem a quantos metros tudo está, e essa particularidade faz mais sentido quando visitamos um lugar como Moray, que representa o esforço de aclimatação de espécies para a produção em diferentes altitudes.

A atitude aqui é olhar uma montanha gigantesca e nela ver uma oportunidade de produzir e viver. Adaptar-se, prosperar, e aos poucos transformar esse esforço intergeracional em um modo de vida belo, complexo, sofisticado e capaz de encontrar a harmonia entre os complementos (feminino, masculino, embaixo, em cima), espelhando a existência.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

22 de abril - o silêncio eloquente

Essa é a data em que oficialmente o território que seria o Brasil foi ocupado pelos portugueses, e o silêncio sobre ela é ensurdecedor, como refletimos no post  https://direitoamemoria.blogspot.com/2014/04/o-descobrimento-do-brasil-22-de-abril.html

Vale pensar na data em conjunto com os dias 19 e 21 de abril, visto que essa semana congrega marcos comemorativos importantes para a mitologia fundacional do Estado Brasileiro (cf. https://direitoamemoria.blogspot.com/2014/04/do-dia-do-indio-ao-descobrimento-19-e.html), tema que recentemente aprofundamos no livro Nação enraizada - Estado, Identidade e Preservação, publicado em janeiro de 2024.

Estudemos.


sexta-feira, 19 de abril de 2024

Machu Picchu

 Essa é a minha foto da visão de Machu Picchu:



 Machu Picchu - Foto Fabiana Dantas

O que você faz quando percebe que as fotos daquele lugar lindo são de verdade?  E que na verdade o lugar lindo é mais bonito do que nas fotos?

Nesse dia  ensolarado e perfeito, Machu Picchu mostrou-se para mim sem nuvens, nem neblina. Muito obrigada, sua linda.

terça-feira, 16 de abril de 2024

Férias 2024: (Cusco e Região) Peru

Em 2024 resolvi realizar um sonho antigo e conhecer o Peru, mas na verdade o que eu fiz, e o que sonhava, era conhecer Cusco.

Essa cidade com tantas grafias (Cuzco, Cusco, Cosco, Qosqo) já foi o centro de um mundo, para onde convergiam todos os caminhos do Império Inca.  Na Plaza de Armas encontra-se o ponto onde os quatro caminhos (Tawantinsuyo) chegavam ou partiam.

O principal atrativo turístico da região de Cusco, porque não se pode apenas falar do hoje município delimitado, são os sítios arqueológicos relacionados. Todos eles mostram uma forma de viver e uma rede de abastecimento, comércio que produziram sítios e monumentos inacreditáveis.

Conheci os bens culturais que são apresentados aos turistas com maior consistência, por exemplo, Qoricancha, Sacsayhuaman e sítios próximos como Puka Pukara e Tambomachay.  E também mais distantes da cidade, mas com ela claramente relacionados, como Ollantaytambo, Pissac, Moray e as Salinas de Maras, Urubamba e Machu Picchu

Esses sítios mostram como foi criada uma civilização, um império, que acompanhou a Cordilheira dos Andes, espinha dorsal da América do Sul, e expandiu-se para a Costa, por territórios que hoje englobam parte da Colombia, Ecuador, Peru, Bolívia, Chile e Argentina

Há muito que ver, revisitar e estudar sobre a gestão cultural do Peru, mas por enquanto ainda estou sob o impacto de ter a honra de ver esses lugares.  Essas são algumas fotos que já estão tatuadas na minha alma:



Plaza de Armas - Cusco - Foto Fabiana Dantas

Até pequenos detalhes da Arquitetura me faziam parar para contemplar:

Fabiana admirando


E, claro, Machu Picchu.

domingo, 14 de abril de 2024

terça-feira, 26 de março de 2024

Ceroulas

 Vou usar as minhas ceroulas, e já dei muita risada por causa disso.

O meu próximo destino está com baixas temperaturas, que se tornam bem piores porque eu sou um bichinho tropical. Eu preciso de toda ajuda e equipamento possível para não sofrer com o frio.

Acho a palavra ceroula fascinante, e não a troco de jeito nenhum por "calças térmicas". A etimologia fascinante aponta uma origem árabe e masculina para essa peça de vestimenta que cobre as pernas.

Com o tempo e com o uso, designamos ceroulas para esse tipo de calça, realmente, mas aqui é também um bloco de carnaval e uma peça de roupa que esquenta e pinica, e pode ser incomodamente usada por homens e mulheres.

As minhas ceroulas têm muita sorte porque já rodaram o mundo, e andaram por muitos monumentos e lugares incríveis.  


sábado, 23 de março de 2024

Hoodmap

 Faz parte da minha preparação para qualquer viagem consultar os mapas, dados meteorológicos e outras informações para quem quer se dar bem na geografia alheia.

Eu adoro consultar o hoodmap dos lugares: https://hoodmaps.com/

Eu discordo, mas dou risada, porque em geral são terrivelmente acuradas as observações.

Verifique como o seu habitat aparece nesse mapa, e reflita.

terça-feira, 5 de março de 2024

Bens culturais citados no novo livro de Fabiana: Nação Enraizada

Quando comecei a escrever esse livro, em 2002, a minha ideia era visitar e falar sobre bens culturais de vários lugares. O risco de falar sobre bens alheios é evidente, não só pela compreensão diferente, e quase sempre insuficiente, mas o desafio é exatamente esse: olhar o que não é familiar.

Demorei muito para entender o que eu queria falar, e como.  Quando consegui formar a minha idéia, me senti pronta para visitar e revisitar alguns lugares, pois estar na presença do monumento ajuda a entender a escala, o efeito que causa nas pessoas, na cidade, na paisagem. E aí aconteceu a pandemia.

O projeto de conhecer e voltar a ver foi irremediavelmente prejudicado.  Então resolvi visitar virtualmente, seja pela internet seja através das minhas lembranças, aqueles bens culturais que utilizei como exemplos, e eis a minha lista:

a Niederwalddenkmal, como ilustração da personificação da nação, no caso, como Germania.  https://www.niederwalddenkmal.de/

b. Statue of Unity, como ilustração da unidade da Nação, na pessoa de Sardar Patel.  https://statueofunity.in/

c. Estátua Mãe-Pátria, em Volgogrado.

d. Arca da Aliança, Etiópia

e. Copia da Esfinge, localizada em Hebei, China.

f. Externsteine https://www.externsteine-info.de/

g. Estátua equestre de Gengis Khan (Mongólia)

h. Túmulo de Suleiman Chah

i. O mural da batalha de Kadesh

j. Stone of Scone

l. Tesouros sagrados do Japão

m. A coroação de Napoleão, quadro de Jacques-Louis David

n. Via dell"Impero, Roma

o. Estátua do Duke of Wellington, Glasgow.

p Estatua equestre de Cosimo I, Firenze.


Citei vários bens materiais brasileiros, como o Marco de Touros (RN) e também bens imateriais:

q. Spozalizio del mare, Venezia

r. Maracatu e carnaval

s. Os fascinantes feriados japoneses

t. Lendas e hinos nacionais

u. lutas, danças, poemas

v. Vários tempos, vários lugares. Exemplos da Roma Antiga e como ela nos afeta ainda hoje (não, não estou falando sobre a trend do Império Romano. cf. https://www.terra.com.br/byte/entenda-a-trend-do-imperio-romano-que-se-espalhou-pelas-redes-sociais,82f5e20094de56a2d89a28eeecc0508eeehgyej9.html)

x A memória de pessoas simples, de personagens históricos, de heróis

z Sonhos, projetos, lembranças e esquecimentos.


E como tudo isso se junta para dar corpo ao Estado Nacional e garantir a sua estabilidade.

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

29 de fevereiro

 Data rara, que me traz muitas lembranças.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Globo de Ouro com Bife de Olhão

 Os povos e sua maneira peculiar de estar no mundo.  Fascinante.

Nessa semana eu resolvi comer ovo frito, daquele jeito que preserva a gema em toda a sua integridade.  Não aqueles ovos mexidos caóticos, nem aquele jeito incompreensível que esconde a gema embaixo de um véu.

O ovo frito em suas partes constitutivas gloriosamente manifestadas:  a  clara clarinha e a gema amarelinha e firme, sem permitir que fique muito mole por dentro.

O problema é como pedir essa maravilha.  Aqui onde eu moro essa iguaria possui muitos nomes, e você tem que ser bem treinado culturalmente para se fazer entender.

Desses tantos, o meu nome preferido é  Bife do Olhão.  Chamar um ovo frito de bife do olhão é tão  compatível com a nossa essência, com o meu lugar, que eu só posso sorrir ao pedir.  Para os íntimos, bife do Oião.

Mas eu adoro mesmo é pedir Globo de Ouro (Cuscuz, patrimônio da Humanidade) com bife do Oião.  Só aqui, no meu lugar.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Filhoses de carnaval

 Pessoas são tão peculiares.

Meu irmão está indignado porque as pessoas daqui esqueceram que o carnaval tem a sua comida típica: filhoses.

Minha mãe faz filhoses de carnaval, mas não conheço mais ninguém aqui que lembre disso.  Outras festas têm a sua gastronomia mais marcante, como o natal e o período junino, mas no carnaval as pessoas não pensam em comer, só em beber mesmo.

Disse a ele que não ficasse tão chateado com o esquecimento sobre filhoses, mas ele está desconsolado.

Fui procurar uma receita e vamos tentar reparar essa omissão imperdoável porque o carnaval aqui vai até domingo.


sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Carnaval 2024!

 Eita!

O carnaval é mágico mesmo. Muda tudo.

Tudo fica mais alegre, mais colorido, mais divertido.  Todo mundo feliz e diferente para melhor.

É uma espécie de milagre anual que salva as pessoas da rotina, da chatice e do sedentarismo.

Vamos ser plenamente felizes até a quarta-feira de cinzas e além.

Amém.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Novo livro de Fabiana (2024)

 Lançado hoje pela Juruá Editora:


novo livro de Fabiana Dantas 2024



Esse livro foi escrito em homenagem à Profa. Dra. Maria Bernadete Neves Pedrosa, minha professora de Teoria Geral do Estado, falecida em 2013.

Em 2023 completou-se 25 anos da minha formatura em Direito, e a professora marcou profundamente a nossa turma.  Ela ministrou a nossa primeira e última aulas da Graduação em Direito, e eu pensei que seria bom marcar essas datas - 25 anos desde a última aula que tivemos com ela e 10 anos do seu falecimento - com essa lembrança singela em forma de livro.

Muito obrigada, professora.


segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

sábado, 13 de janeiro de 2024

Arqueologia fascinante (10): o passado infinito

Todo dia uma descoberta incrível no mundo da Arqueologia por causa das novas tecnologias. Se antes era o tempo das descobertas isoladas, agora encontram cidades inteiras:

https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2024/01/12/cidades-de-2500-anos-sao-descobertas-na-amazonia.ghtml

Lidar, eu te amo.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Diálogo Surreal (17): Sobre ter e manter sonhos

Para os efeitos desse post, um sonho é um pão frito com creme de pasteleiro dentro.

Existem também sonhos de goiabada, mas a política deste blog é não prestar atenção neles.

Pois bem, hoje me dei ao desfrute de ir comer sonhos pela manhã, foi quando aconteceu mais esse diálogo surreal na minha vida:

- Bom dia!  (Essa sou eu, feliz por apenas estar em uma padaria, sentindo aquele cheiro maravilhoso de pão quentinho prestes a ser sacrificado).

- Bom dia.

- Moço, esse sonho é de hoje?

- Não.

- Tudo bem, sonho de ontem também é bom.  Por favor, eu quero os três.

- Não.  Esses eu não posso vender.

- Por que, já estão vendidos?

- Não, porque são de ontem.

- Veja, ontem é um passado recente.  Sonhos não morrem.

Ele já havia negado três vezes, levantou a cabeça e olhou-me nos olhos, antes de falar calmamente:

- Não posso vender porque esses  sonhos são para descarte.  A manipulação dos ingredientes reduz a vida útil do que já é perecível, então não são mais adequados para o consumo.

- Mas estão  tão lindos... (Essa sou eu, quase chorando ao pensar em sonhos desperdiçados).  Eu não me importo!

- E ele, como uma navalha de sonhos, disse: Pois devia. Próximo!

Fiquei arrasada, jurei que não ia voltar naquela padaria hoje, e não adiantou o padeiro tentar me consolar dizendo que mais tarde haveria sonhos novinhos.  Uma fornada só para mim.

Tudo foi arruinado hoje às 6:30, meus sonhos e minha relação com o padeiro.  Ele vai ter que se esforçar muito, colocar o triplo de recheio nos sonhos para poder voltar às boas comigo.



terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Comemoração do 8 de janeiro - Ato Democracia Inabalada (2024)

Comemorar significa lembrar juntos, e nem sempre possui um caráter festivo.

8 de janeiro  foi o dia de lembrarmos juntos dos atos que arriscaram a institucionalidade do Estado Brasileiro, onde um ataque físico - e simbólico - aos edifícios que sediam os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário na Capital da República, pretendiam o colapso institucional, o caos e a subversão da ordem pública.

As principais autoridades da República uniram-se para declarar a importância da defesa do Estado de Direito e do regime democrático no dia 8 de Janeiro.

As ausências também foram observadas.  Algumas autoridades ausentes ao ato forneceram justificações, e outras apenas o consideraram ridículo, ou porque acreditam que não houve tentativa de golpe (rotulando como fantasia), ou porque apoiaram a tentativa de golpe.

E assim vai sendo construída a trama do tecido da memória coletiva.  Ponto por ponto, batalha por batalha, marcas e cicatrizes.

Bem, o 8 de janeiro e suas consequências não se encerram.  Ainda há muito a investigar, definir, eventualmente punir, aprimorar as leis, evitar novos ataques  para fortalecer a institucionalidade da República Federativa do Brasil.

O cupim que corrói as instituições assume formas diversas, em épocas diversas.  No terceiro milênio fala-se sobre a desinformação propagada pelas redes sociais que deturpa a vontade do eleitor e escraviza corações e mentes.

Mas há outras formas de cupins que precisam ser igualmente combatidas.  Tudo que rivalize com o poder do Estado deve ser observado com lupa nesses momentos de crise, especialmente ideologias extremistas que contaminam a estrutura administrativa do Estado, e grupos paramilitares.

Um novo levante, mais bem articulado, pode ser fatal para a República Federativa do Brasil e o 8 de janeiro é uma oportunidade de periodicamente trazermos essa reflexão ao público.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

8 de janeiro de 2024

 A missão desse blog é lembrar, e lembramos de 8 de janeiro todos os dias, todos os meses desde a última tentativa de golpe no Brasil:

https://direitoamemoria.blogspot.com/2023/01/o-infame-8-de-janeiro-de-2023.html

https://direitoamemoria.blogspot.com/2023/02/todo-dia-8-de-janeiro.html

https://direitoamemoria.blogspot.com/2023/04/lembrar-o-dia-8-de-janeiro-de-2023.html

Neste caso há o dever cívico de entender, lembrar, prevenir e reagir. A democracia brasileira, jovem e em construção, precisa ser protegida porque não há regime melhor. 

As alternativas à democracia que a nossa sociedade experimentou foram traumas, e até hoje a nossa memória coletiva é contaminada pela mentalidade autoritária que usa o caos para prevalecer.

A bandeira brasileira traz duas palavras - ordem e progresso - que são estágios do desenvolvimento social.

A ordem pública é basilar, sem ela nenhuma organização é possível.  Quem perverte a ordem pública, sob qualquer pretexto, tem como objeto arruinar a institucionalidade do Estado Brasileiro.

O progresso aqui é bem lento, como provam a nossa história e os índices inaceitáveis de miséria e homicídios, só para ficar em dois dos direitos fundamentais que são diariamente aviltados.

A lição de que a tomada hostil do poder não é aceitável deve ser aprendida para fortalecer as instituições, o seu poder de reação e para preservar o Estado.

E construir um patrimônio democrático que nos sirva veículo para as ideias e valores que preservam o Estado e a estabilidade.  Essa seria uma grande inovação na nossa História e talvez seja o maior dos legados dessa data.