A fama dos poderes mnemônicos dele deve-se ao seguinte episódio: Simonides foi convidado para um banquete, e durante o evento retirou-se da sala, que acabou desabando e matando todos os convidados. Além de ser o único sobrevivente, ele também foi capaz de lembrar e identificar cada um dos convidados, que assim puderam ser devidamente reconhecidos.
Desde a Antiguidade (ocidental) a mnemotécnica é ligada à Oratória, e assim permaneceu até o medievo (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/01/deusa-memoria.html). Após a invenção da imprensa, e modernamente com as ferramentas de registro em áudio e vídeo, e o compartilhamento quase ilimitado de arquivos e informações através da internet, alguns acreditam que a arte da memória morreu.
Não neste blog. Aqui Simonides ainda é lembrado, e é nosso herói.
Lembrando desse episódio, toda vez que inicia um novo semestre na Universidade, faço o exercício de memorizar o nome e rosto dos novos alunos, em função de sua posição na sala de aula. Se conseguir executar corretamente as técnicas, a partir da segunda aula já consigo aprender e memorizar todos.
Isso é extremamente útil para Fabiana, a professora, pois:
a) Sei exatamente quem é assíduo, e pontual, e quem não é.
b) Identifico as relações de amizade e preferências topológicas (posição na sala);
c) Percebo imediatamente quando há uma alteração na geografia da sala. Principalmente em dias de provas, é muito interessante perceber quem muda de lugar por razões escusas;
d) Embora menos útil, também dá para perceber a dinâmica das relações sociais. Namoros que começam e acabam, amizades iniciando, estremecidas ou finalizadas. Tudo isso por saber quem e onde.
Enfim, os meus alunos não apreciam muito esse meu exercício. No início, quando que eu chamo alguém pelo nome, às vezes as pessoas se assustam e acham que foram "marcadas". Pensam que fizeram alguma coisa errada e, por esse motivo, eu os perseguiria até os confins do semestre...Gente estressada.
"Marcado" não é a expressão correta,e sim "notados". Notae, na mnemotécnica medieval, eram os elementos característicos usados para fixar a imagem da coisa ou idéia que se queria reter na memória. Então é só fazer associações para memorizar, destacando esses elementos característicos.
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