O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









domingo, 19 de junho de 2022

Pela memória de Bruno Pereira e Dom Phillips

Bruno Pereira foi um brasileiro, indigenista, servidor público como eu, responsável pela preservação e proteção dos povos indígenas da Amazônia. 

Foi assassinado enquanto cumpria o seu dever funcional, fazendo o que a lei manda nas regras de competência do seu cargo, mas também o que o seu coração exigia.

Quem trabalha com preservação - seja de pessoas, seja de bens culturais - cuida diariamente, e esse cuidado faz florescer um afeto, um amor pelo que a gente protege.  É por isso que Bruno Pereira estava cantando, tentando aprender e se expressar na língua das pessoas que amava, e em sua companhia:

https://www.youtube.com/watch?v=O0HMpEnZ8C8

É por isso também que quando sua memória foi homenageada pelo rabino Uri Lam, foi essa a música entoada no ofício religioso:

https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2022/06/18/bruno-pereira-e-dom-phillips-sao-homenageados-durante-reza-judaica-em-sao-paulo.ghtml

Se me perguntassem o que sintetiza o Brasil que eu amo, eu diria que é o rabino cantando um canto indígena, em homenagem a Bruno Pereira.  Tantas culturas diferentes convergiram para homenagear a memória de Bruno Pereira, no esforço sincero de mostrar respeito e essa dor que não passa, por causa da violência endêmica que vivemos.

Dom Phillips é um jornalista britânico que amava o Brasil e se dispôs a entender e reportar uma realidade que ameaça a vida e a cultura dos povos indígenas da região.  Embora a sua função não seja de proteger e preservar, como era a missão de Bruno Pereira, se dispôs a empenhar o seu talento, o seu tempo, e a sua vida nessa tarefa.

Infelizmente, são mais dois nomes na lista infinita das pessoas assassinadas no Brasil, cujos motivos são variados mas no final são um só: o total desapreço e desvalor que a vida humana tem aqui.

O dever de todos é preservar a vida e a dignidade humanas. E depois, preservemos a memória das pessoas que viveram plenamente e ajudaram a construir um mundo melhor.

Sem Dom Phillips e Bruno Pereira o mundo certamente ficou pior.

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