Para os efeitos desse post, um sonho é um pão frito com creme de pasteleiro dentro.
Existem também sonhos de goiabada, mas a política deste blog é não prestar atenção neles.
Pois bem, hoje me dei ao desfrute de ir comer sonhos pela manhã, foi quando aconteceu mais esse diálogo surreal na minha vida:
- Bom dia! (Essa sou eu, feliz por apenas estar em uma padaria, sentindo aquele cheiro maravilhoso de pão quentinho prestes a ser sacrificado).
- Bom dia.
- Moço, esse sonho é de hoje?
- Não.
- Tudo bem, sonho de ontem também é bom. Por favor, eu quero os três.
- Não. Esses eu não posso vender.
- Por que, já estão vendidos?
- Não, porque são de ontem.
- Veja, ontem é um passado recente. Sonhos não morrem.
Ele já havia negado três vezes, levantou a cabeça e olhou-me nos olhos, antes de falar calmamente:
- Não posso vender porque esses sonhos são para descarte. A manipulação dos ingredientes reduz a vida útil do que já é perecível, então não são mais adequados para o consumo.
- Mas estão tão lindos... (Essa sou eu, quase chorando ao pensar em sonhos desperdiçados). Eu não me importo!
- E ele, como uma navalha de sonhos, disse: Pois devia. Próximo!
Fiquei arrasada, jurei que não ia voltar naquela padaria hoje, e não adiantou o padeiro tentar me consolar dizendo que mais tarde haveria sonhos novinhos. Uma fornada só para mim.
Tudo foi arruinado hoje às 6:30, meus sonhos e minha relação com o padeiro. Ele vai ter que se esforçar muito, colocar o triplo de recheio nos sonhos para poder voltar às boas comigo.
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