segunda-feira, 31 de outubro de 2011

31 de outubro - Halloween, Raloim, dia do Saci e memória coletiva

No calendário oficial são criados marcos com a finalidade de construir e veicular os símbolos, os valores, as pessoas consideradas como fator de unidade e identidade cultural, e que por isso devem ser co-memoradas.

Nesses dias comemorativos, marcamos um encontro no tempo específico entre as gerações que se sucedem, criando uma ligação entre o passado e o presente. Essa data celebrativa, ou dia memorial, deve ser significativa para a sociedade e deve ter ressonância social.

Em alguns países de origem anglo-saxã, no dia 31 de outubro é comemorado o "Halloween", com provável origem em um festival celta que marcava o fim do verão. O nome cristão desse festival (All Hallows' Eve) foi uma tentativa de combater as práticas pagãs mas, por ironia do destino, acabou por marcá-las mais na memória coletiva.

Em Português essa festa passou a ser chamada de "Dia das Bruxas", como se fosse uma data comemorativa de categoria profissional (Dia do comerciário, dia do dentista), mas com um significado diferente:a véspera do dia de Todos os Santos (31 de outubro) marcava o início de uma vigília que se estendia até o dia seguinte.

Acho que a substituição de símbolos pagãos, a perseguição e demonização de bruxas, e a própria transformação do festival original são bons exemplos de violação do direito à memória coletiva e desprestígio do patrimônio imaterial. Situação semelhante aconteceu com a "noite de Walspurgis", igualmente transformada em festim diabólico pela Igreja Católica.

Recentemente (recentemente mesmo, pois quando eu era criança isso não acontecia), o Halloween começou a ser comemorado também no Brasil. Acredito que isso aconteceu por dois fatores: 1) em razão da pedagogia "feliz" que alguns cursos de idioma inglês utilizam, aproveitando essa manifestação cultural como recurso de aula; 2) porque é uma festa divertida, e os brasileiros estão sempre dispostos a praticar esse esporte.

Hoje o Halloween é comemorado nas escolas de ensino fundamental, com um sentido completamente diferente do que faziam os celtas e os cristãos. Na verdade, quando vejo todas aquelas crianças correndo atrás de doces, só um pensamento me vem à cabeça: Cosme e Damião.
Exatamente por causa de "Cosme e Damião" é tão confortável a idéia de distribuir doces a crianças em comemoração a espíritos. Então, para mim, essa distribuição de doces extemporânea (considerando que a comemoração tradicional ocorre em 27 de setembro), é apenas uma extensão da festa de ibeji.

Ou seja, há um motivo para essa festa ter sido incorporada alegremente no calendário não oficial de comemorações. Não é necessário criar um "Raloim", para comemorar as assombrações brasileiras, criando uma "contra-festa", como forma de resistência ao estrangeirismo desnacionalizante.

31 de outubro é o "dia do Saci" em São Paulo, mas essa comemoração não faz o menor sentido no resto do Brasil ( talvez nem mesmo em São Paulo). Sobre o assunto, confiram o post:http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/01/o-dia-do-saci.html.

Nem Halloween, nem Raloim (tradição inventada, puf!), nem dia do Saci. No Brasil, 31 de outubro é dia normal, nada festivo, a menos que você seja comissário de bordo.

domingo, 30 de outubro de 2011

Citações sobre a memória - Hume

"O papel principal da memória é conservar não simplesmente as idéias, mas a sua ordem e a sua posição."

sábado, 29 de outubro de 2011

Memória brasileira: a Shindo Renmei

Shindo Renmei foi uma associação, de caráter político, fundada por imigrantes japoneses que viviam no Estado de São Paulo e Paraná, durante a 2ª Guerra Mundial.

A história dessa associação é muito interessante, e não é sequer referida nos livros didáticos.

Imaginem a situação: um grande grupo de japoneses chega no Brasil, cujo idioma e os costumes são completamente diferentes. O Brasil é governado por um ditador, que durante a Segunda Guerra Mundial mostrou grande afinidade com o regime fascista, mas "decide" apoiar os aliados contra os membros do Eixo, entre eles o Japão.

Nem imagino como a comunidade japonesa foi reprimida nessa época. Mas apenas para ilustrar, confiram o Decreto nº 383/38, que mesmo antes da Guerra, proibia aos estrangeiros o exercício de atividades políticas (o que ocorre até hoje, já que não são titulares de direitos políticos), mas também proibiam manifestações identitárias, o que é um absurdo.

Durante a Guerra, os imigrantes japoneses não podiam mais publicar o seu jornal e nem receber cartas do Japão, que então era o "inimigo".

Nesse contexto de hostilidade e falta de informação surge a Shindo Renmei, cuja finalidade (na minha visão leiga e simplista) era permitir que os homens em idade militar participassem do esforço de guerra extraterritorial. Por que eu penso isso?

Porque o seu fundador, Junji Kikawa, foi coronel do exército japonês. E também porque algumas das ações terroristas da Shindo Renmei tinham alvo militares indiretos: por exemplo, tentavam sabotar a produção de seda (usada em para-quedas) e de hortelã (porque o mentol era usado para potencializar nitroglicerina). cf: http://pt.wikipedia.org/wiki/Shindo_Renmei.

No fim das contas, a Shindo Renmei atuou para aterrorizar a própria comunidade japonesa, reputada responsável por 23 homicídios. Por si só, a existência dessa organização política já merecia, pelo menos, ser referida nos livros de História do Brasil.

Mas do ponto de vista memorial, a Shindo Renmei ainda é mais interessante porque, diante da impossibilidade da comunidade japonesa obter informações verdadeiras sobre a guerra(proibiram a comunicação postal e a circulação de jornais), a associação começou a punir as pessoas que acreditavam na rendição do Imperador. A estratégia negacionista da Shindo Renmei, de se recusar a aceitar o fim da Guerra e a derrota do Japão, é um dos melhores exemplos de manipulação de fatos e violação da memória coletiva de toda uma comunidade.

A verdade da Shindo Renmei é que o Japão venceu a guerra e quem não aceitava, ou duvidava disso, tinha que morrer porque era um "coração sujo". Sobre o assunto, e pelas belas fotos, recomendo o livro "Corações sujos", de Fernando Morais.

Essa é uma parte da História que o Brasil precisa conhecer.

Referência

MORAIS, Fernando. Corações sujos – A história da Shindo Renmei. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

FIM DO SIGILO PERPÉTUO DE DOCUMENTOS PÚBLICOS

O segredo, ou sigilo, é uma das principais estratégias da política do esquecimento porque impede que as informações sejam conhecidas, impedindo consequentemente a formação de memória e sua transmissão.

É realmente uma notícia muito importante para a memória coletiva brasileira e para a efetivação de alguns direitos fundamentais, que não conseguem ser exercidos em razão do sigilo inconstitucional.

Confira: http://portalimprensa.uol.com.br/noticias/brasil/45317/senado+aprova+fim+do+sigilo+eterno+para+documentos+oficiais/

Espero que o texto da lei seja fruto, ou pelo menos acompanhado, de uma mentalidade democrática de acesso à informação. No cotidiano, verifico que ainda há reminiscências autoritárias nessa área, e não são raros questionamentos quanto à "legalidade", "conveniência" de se fornecer informações públicas (?!).

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Oktoberfest: o fim

A Oktoberfest de 2011 chegou ao fim. Depois de quinze dias de festa (!), houve o encerramento em alto nível:

http://www.youtube.com/watch?v=tbWrh1Xizic&feature=related

Definitivamente, não consegui entender essa festa. Observem que, depois de quinze dias de gandaia, as pessoas ainda parecem sóbrias e limpas, como se tivessem saído do banho. O organizador da festa ainda tem voz para agradecer aos presentes e aos ausentes.

Não tem ninguém sujo, descabelado. Provavelmente as roupas que usam poderão ser novamente utilizadas no ano que vem, ao contrário do que geralmente acontece nos carnavais da nossa região: é questão de saúde pública se desfazer das roupas e sapatos que são usados durante o carnaval, e que geralmente são adquiridos para esse único uso.

Enfim, acredito que para saber o que acontece, só indo lá mesmo.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Prêmio Europa Nostra - Vencedores 2011

Esse post é para divulgar o resultado do Prêmio Europa Nostra. Patrimônio maravilhoso e exemplos de boas práticas de preservação para a gente olhar e babar.

1) Categoria Conservação:

Estação Central de Antuérpia, Bélgica

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=IJrKRN6RjpY


Edifícios Pré-Industriais de Ademuz, Espanha:

http://www.youtube.com/watch?v=ootfIsXj-tg&feature=player_embedded


The Hackfall Woodland Garden, Grewelthorpe, UK:

http://www.youtube.com/watch?v=DOicI52hM_Q&feature=player_embedded


2) Categoria Pesquisa


Patrimônio arquitetônico da Zona Tampão da cidade fortificada de Nicósia, Chipre

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=ZtzdO9JiB9I


3) Categoria contribuição exemplar de um indivíduo ou organização: SZYMON MODRZEJEWSKI


http://www.youtube.com/watch?v=rg5AmSEYILs&feature=player_embedded

4) Categoria Educação, sensibilização e formação

Museu ao ar livre de Weald & Downland, Chichester, UK.

http://www.youtube.com/watch?v=eOsJdVituIs&feature=player_embedded


Para maiores informações http://www.europanostra.org/

domingo, 23 de outubro de 2011

Resgatando xingamentos antigos (6): CRÁPULA

Não, nada a ver com vampiros. Não existe na literatura um "Conde Crápula".


Na forma de xingar mais clássica, "crápula" é a pessoa afeita à devassidão, à libertinagem.

Você é muito jovem para saber o que é "devassidão" e "libertinagem"? Não entendeu? Bem, geralmente essas palavras são associadas ao conjunto de atos de desregramento geral, com forte conotação sexual.

Existe um segundo sentido para o xingamento de hoje: "crápula" como sinônimo de calhorda, de desonesto.

Particularmente gosto muito desse xingamento. É uma palavra forte, que lembra "drácula", o que por si só já ajuda a meter medo nos corações. Mas também parece alguma espécie de instrumento cirúrgico (Enfermeira, por favor, a crápula), ou um utensílio de cozinha (Aí você pega a crápula e vira o crepe).

Modo de usar: como sinônimo de devassidão: "Fulano só gosta de viver na crápula".
como sinônimo de desonesto: "Fulano, aquele crápula".

sábado, 22 de outubro de 2011

Lembrar Muammar Kadhafi

Muammar Abu Minyar al-Gaddafi foi um governante líbio, nascido e assassinado na cidade de Sirte, no dia 20 de outubro de 2011.

Khadafi merece ser lembrado por vários motivos: primeiro, pela diversidade de grafias do seu nome na imprensa mundial (cf. post http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/02/fora-kadhafi-gadhafi-qaddafi-gaddafi.html).

Em segundo lugar, por sua própria aparência bizarra. Kadafi foi visto usando roupas interessantes, algumas muito bonitas, e talvez até significativas dentro da cultura tribal, mas a minha ignorância não conseguiu perceber até agora se era simples gosto do mandatário ou alguma referência cultural.

Em terceiro lugar, Kadhafi foi o exemplo didático de ditador personalista e carismático. Sua longevidade no poder permite aos estudiosos da História da Líbia e do Direito Constitucional Líbio analisar desde o Golpe de Estado de 1969 até a Revolução de 2011. Praticamente uma geração dos líbios não conheceu outra forma de governo senão a ditadura personalista de Cadafi.

Analisando rapidamente a estrutura da forma de ditadura líbia, pudemos fazer um exercício interessante sobre as fases de instalação de ditaduras em geral (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/02/receita-de-ditadura.html)

Qadhafi merece ainda ser lembrado pela maneira como morreu. Ninguém viu o Rei da França ser guilhotinado, nem assistiu à execução do Czar Nicolau e sua família. Ninguém viu o corpo de Hitler. Mas na sociedade da informação e da tecnologia, é possível assistir à execução dos ditadores como Saddam Hussein e Gathafi.

As imagens de Kadhafi sendo preso, conduzido, espancado, e finalmente morto, servem de lembrete e advertência aos presentes e futuros ditadores. O tiranicídio, parece, ganhou contornos de solução final para as ditaduras e para a restauração de democracias nesse terceiro milênio.

Vou também lembrar de Muamar Kadhafi pelo que deixou de acontecer com ele: gostaria de vê-lo respondendo à Corte Internacional de Justiça pelos seus crimes contra o povo líbio. Gostaria de vê-lo testemunhar sobre quarenta e dois anos de desvio de recursos públicos. Mas agora isso não será possível.

Entretanto, percebo pelas notícias veiculadas na imprensa que já estão em curso as estratégias clássicas de esquecimento, observem:

a) Damnatio memoriae: apagar a efígia do governante falecido. Confira a notícia sobre a queima da efígie pelos funcionários da embaixada da Líbia no Brasil: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1059416

b) Técnicas diversionistas sobre o paradeiro do seu túmulo. Já foi decidido que ele será enterrado em local incerto, para evitar peregrinações ao seu túmulo.

Acredito que em breve veremos a queima dos exemplares do "livro Verde".

Espero que a sociedade líbia consiga realizar a sua transição para a democracia de maneira institucionalmente tranquila e célere, para um tempo em que sejam garantidos e respeitados os direitos fundamentais dos seus cidadãos. Nessa transição, espero também que sejam apuradas as circunstâncias da morte da Kadhafi, porque o povo líbio não merece iniciar o seu processo democrático com a sombra e a herança da barbárie.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Lugar inesquecível: o quintal do meu irmão

Houve um tempo em que as casas possuíam quintais, e as pessoas plantavam árvores frutíferas, plantas medicinais, flores. Esses quintais mágicos contribuíam para a arborização da cidade, para a economia local: eu mesma já comprei frutas características de quintais (goiaba, tamarindo), ou de cemitérios, que também podem ser considerados os quintais da eternidade.


Todo mundo sabe que o jambo de cemitério é maior, mais vermelho e doce...



Tudo isso para lamentar a perda dos quintais da nossa cidade, e também para dizer que eu ainda posso frequentar um quintal. É meio diferente, tem saci, onça, quetzacoatl (serpente emplumada ou pássaro serpente), e por isso se torna inesquecível:








Tem jacaré:







Tem onça perigosa...




Ainda bem que o Saci está de olho nela!

domingo, 16 de outubro de 2011

Boas lembranças...Heidelberg

Heidelberg é uma cidade turística, e infelizmente não consegui ficar tempo suficiente para conhecer a cidade, ultrapassando a barreira dos atrativos consumíveis.

Lá, a beleza está em coisas simples. Flores nas janelas:



Detalhes na Arquitetura:



Por ser um destino turístico, as pessoas realmente se empenham em receber bem o turista e dar informações. Eu caí na besteira de tentar comprar uma cerveja, e inocentemente, perguntei a um habitante qual ele indicava entre as dezenas de marcas que havia. Foi o bastante para juntar um punhado de pessoas, que discutiam acaloradamente sobre qual cerveja eu deveria tomar, e finalmente, quando decidiram, me entregaram uma cerveja de milho (?), forte que só vendo, e que tinha pedaços de coisas a serem mastigados.

Aí eu realmente precisei ir ao banheiro, e qual não foi a minha surpresa...


sábado, 15 de outubro de 2011

Oktoberfest: a origem

Continuo estudando sobre a Oktoberfest. Então, olha aí a informação sobre as origens da Festa:

http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticia/HOJE+NA+HISTORIA+1810++CASAMENTO+REAL+DA+INICIO+A+PRIMEIRA+OKTOBERFEST+EM+MUNIQUE_15889.shtml

Historicamente, datou-se o inicío do Oktoberfest em 1810, como uma continuidade dos festejos de casamento do Rei Ludwig I. Entretanto...

Eu tenho a estranha sensação de que essas "festas de outubro" devem ter uma origem mais remota. Ela me parece tão pagã, tão pagã, que deve ser mais antiga.

Para realizar o monitoramento da festa: http://www.oktoberfestblumenau.com.br/

E mais trilha sonora: http://www.youtube.com/watch?v=xAhyqBl9lqo.

Comissão da Verdade no Brasil: discussões

A Câmara dos Deputados do Congresso Nacional Brasileiro aprovou o texto do projeto de lei que cria a Comissão da Verdade, que agora deve ser apreciado pelo Senado Federal, dado o nosso bicameralismo.

Vou deixar para comentar e analisar o texto quando (e se) a Lei de criação da Comissão da Verdade for publicada. Enquanto aguardamos, recomendo aos interessados assistir ao seguinte vídeo:http://www.youtube.com/watch?v=fw0dkfOt058

São cinquenta e poucos minutos de uma discussão muito proveitosa e esclarecedora.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Lembrar Marc Bloch

Marc Leopold Benjamin Bloch, famoso historiador francês (1886-1944), foi fuzilado pelos nazistas em 16 de junho de 1944, por ser francês, historiador, e membro da resistência francesa.

No post http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/09/lembrar-maurice-halbwachs.html, lembramos de Maurice Halbwachs, outro estudioso francês que também foi executado pelos nazistas. Ele me fez lembrar de Marc Bloch, e consequentemente lembrei que o meu irmão me emprestara um livro dele há muito tempo, mas que infelizmente não tive tempo de ler.

O livro é a "Apologia da História, ou o ofício do historiador", obra que Marc Bloch começou escrever durante a sua prisão e tortura, e que ficou inacabada em razão do fuzilamento do autor. A obra foi publicada postumamente.

Eu comecei a ler o livro há mais ou menos dez dias, e não consegui mais largar dele. Fiquei muito impressionada porque, naquela situação tão devastadora, Marc Bloch dirigiu a sua atenção e o que sobrava do seu tempo para refletir sobre o seu ofício, prestando contas e também cobrando o rigor dos seus companheiros e aprendizes de profissão na construção do conhecimento histórico.

Pessoalmente, gostei muito do livro porque através dele conheci um homem apaixonado pelo seu ofício (de historiador) e pela História. Mas também porque esse homem apaixonado não era possessivo: ao contrário, ao considerar que a História pode ser um entretenimento, descaradamente Bloch nos autorizou apenas a flertar com ela.

Isso é sem dúvida libertador para pessoas que, como eu, são apaixonadas por História mas não querem um compromisso duradouro. Eu gosto mesmo é da sedução, da paquera histórica, e de vez em quando dar uns amassos na História, mas sem grandes comprometimentos, e tudo isso autorizado por Marc Bloch.

No fim do livro, fiquei com a impressão de que a História era quase tudo para ele: ciência, preocupação, diversão, e consolo nos momentos difíceis. Deve ser por isso que é considerado pelos seus pares como um Mestre no seu ofício.

In memoriam matris amicae.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

12 de Outubro - Feriado de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil

Conta-se que em 12 de outubro de 1717 (?), dois pescadores encontraram por milagre uma imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida no Rio Paraíba do Sul, região de Guaratinguetá, no Estado de São Paulo.

Depois de muitas tentativas sem pescar peixe nenhum, ao chegarem no local do achamento, lançaram novamente a rede e "pescaram" o corpo da imagem sem cabeça. Depois, aí sim, por milagre, lançaram de novo a rede e recuperaram a cabeça.

Hoje essa mesma imagem repousa na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida, São Paulo, considerado o maior templo mariano do Mundo. A estátua é adornada com uma riquíssima coroa e um manto azul, doados pela Princesa Isabel.

Falando em Princesa Isabel, que assinou a lei (áurea) de abolição da escravatura, um dos milagres associados à Nossa Senhora Aparecida foi o rompimento das correntes de alguns escravos presentes, que ainda podem ser vistas no teto da "sala dos milagres" da Basílica, segundo dizem, o que dá verossimilhança à estória.

A história da imagem de Nossa Senhora Aparecida, ao lado das lendas, é muito dramática e simbólica. Em 1978 sofreu um gravíssimo dano, que a reduziu em quase duzentos pedaços, sendo restaurada por Maria Helena Chartuni.

Para conhecer a imagem de Nossa Senhora Aparecida: http://www.google.com.br/imgres?q=nossa+senhora+aparecida&hl=pt-BR&safe=off&biw=716&bih=697&gbv=2&tbm=isch&tbnid=4SuFJR-7ZUcf8M:&imgrefurl=http://www.paroquiabompastorjf.com.br/&docid=dVn9U3xCmVtsEM&w=400&h=300&ei=8imUTtiYDIL30gG2zPjTBw&zoom=1&iact=hc&vpx=244&vpy=354&dur=62&hovh=194&hovw=259&tx=141&ty=129&page=2&tbnh=137&tbnw=188&start=11&ndsp=9&ved=1t:429,r:4,s:11

Finalmente, lembro que Nossa Senhora Aparecida é uma das poucas "virgens negras". Na verdade, na verdade, a sua representação não é de uma virgem negra, mas devido à ausência de policromia, dizem que por permancer submersa nas águas do Rio Paraíba do Sul, e por haver sido enegrecida pela fumaça das velas.

Certo, e qual é a relevância disso? Bem...há muito tempo (?), li em algum lugar (? memória traiçoeira, onde tempo e espaço se perdem), que as virgens negras possuem um significado alquímico, provavelmente uma representação da matéria-prima da Grande Obra, o que contribui para incrementar a sua aura simbólica.

O feriado foi instituído pela Lei Federal nº 6802/80, abaixo transcrita:

"LEI No 6.802, DE 30 DE JUNHO DE 1980.

Declara Feriado Nacional o Dia 12 de outubro, Consagrado a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º É declarado feriado nacional o dia 12 de outubro, para culto público e oficial a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil.

Art. 2º Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Brasília, em 30 de junho de 1980; 159º da Independência e 92º da República.

JOÃO FIGUEIREDO
Ibrahim Abi-Ackel"

Como na nossa República laica nós temos um "culto público e oficial", desejo a todos, devotos e não devotos, inclusive os praticantes de outras religiões e cristãos de todas as denominações, um bom feriado!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Lembrar García Moreno

Gabriel Gregório Fernando José Maria García y Moreno y Morán de Buitrón, de origem aristocrática como revela o seu nome, foi duas vezes presidente do Ecuador, nos anos de 1859-1865 e 1869-1875, ano em que foi assassinado.

Personagem muito controvertido, foi amado e odiado ao seu tempo enquanto presidente, destacando-se no desenvolvimento das ciências e da economia no Ecuador, e por sua estreita relação com a Igreja Católica e com a Monarquia espanhola, o que contrariava os princípios basilares da República da qual era dirigente.

A biografia póstuma (mortografia, eu diria) de García Moreno me impressionou vivamente. Vários governantes infelizmente já foram assassinados, mas a história dele é única por vários motivos:

a) No dia marcado para o seu assassinato, na mesma hora, apareceram dois executores diferentes: um grupo de 4 homens armados com pistola, e um indivíduo chamado Faustino Rayo, armado com um facão (machete);

b) Aparentemente não havia relação entre eles, embora frequentemente a estória seja contada como "Faustino Rayo e seus comparsas".

c) A motivação deles era diferente: para Faustino Rayo a morte de García Moreno tinha finalidade de reparar a sua "honra". Conta-se que o presidente era amante da esposa dele e, para facilitar as coisas, deu a Faustino o cargo de governador de uma província longínqua.

d) O grupo de pistoleiros tinha motivação política, e considerando que o presidente havia sido eleito para o terceiro mandato, optaram pela forma não democrática de deposição.

e) Imaginem a cena: O presidente caminhando pelo corredor externo do palácio de Carondelet, quando de repente aparece um grupo armado. Ele sabia que ia morrer, pois já lhe haviam advertido. De repente, do outro lado do corredor, aparece um homem armado com um facão (Faustino Rayo), e começa a dar golpes nele, quatorze no total.

f) Conta-se que os pistoleiros correram assustados, mas depois voltaram para desferir 6 tiros. O presidente assim ferido, caiu ou foi empurrado do terraço, que ficava no primeiro andar. Não satisfeitos, os executores desceram e continuaram a atingi-lo. Nessa ocasião o presidente proferiu as seguintes palavras: "Dios no muere".

Entendo que, sendo católico fervoroso, a sua intenção evidentemente não foi comparar-se a Deus. Provavelmente estava se autoconfortando na hora da morte com a idéia de que, mesmo morrendo o seu principal defensor no Ecuador (o próprio García Moreno), Deus estava em boas mãos e ia continuar existindo.

Ou talvez ele nunca tenha dito tal frase, que foi acrescentada em sua biografia na tentativa de promover a sua canonização como defensor da fé.

g) Incrivelmente, o presidente não faleceu imediatamente. Foi levado à Catedral de Quito, onde recebeu extrema-unção, o que foi bom para a sua alma extremamente católica. Faustino Rayo foi imediatamente executado, e sequer lhe deram a chance de dizer o motivo da execução.

Tudo isso já faria de García Moreno um personagem inesquecível, candidato à pessoa mais assassinada de que eu já tive notícia. Mas a estória dele continua:

h) os padres que procederam aos ritos fúnebres tiraram um pedaço do seu crânio e o seu coração e guardaram. Depois, os restos mortais foram escondidos e ficaram perdidos até 1975, quando foram encontrados no Monasterio de Santa Maria Catalina em Quito.

i) A identificação positiva do corpo foi permitida pela aposição do pedaço do crânio, que encaixou perfeitamente.

García Moreno é um personagem muito complexo e merece ser lembrado: um presidente monarquista e católico de uma República laica, supostamente assassinado pela Maçonaria (?), por motivo passional e/ou político (?), patriota, amado por amigos e inimigos e odiado por amigos e inimigos, perdido, exumado e, finalmente, repousa em paz.

domingo, 9 de outubro de 2011

Esquecedouros: prisões

O esquecedouro é um lugar de esquecimento. E "esquecimento" não é apenas a falta de lembrança, pode significar também a privação de reconhecimento e exercício de direitos.

Em outros posts falamos sobre lugares de esquecimento, criados com essa específica finalidade: L'Oubliette francesa (http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/06/esquecedouros.html), disappointment room, a roda dos enjeitados (http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/06/esquecedouros-roda-dos-enjeitados.html), o lixão (http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/06/esquecedouros-lixao.html).

Há também locais criados sem essa finalidade específica, mas que por questões culturais tornam-se esquecedouros: é o caso dos asilos no Brasil (http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/07/esquecedouros-asilos.html porque a nossa sociedade, em geral, não valoriza o idoso. Foi preciso até criar uma lei especial - o Estatuto do Idoso - para garantir-lhes direitos inerentes a qualquer indíviduo, em qualquer fase da vida.

As prisões são outro exemplo de lugar transformado culturalmente em esquecedouro. Embora a legislação brasileira pretenda que sejam um ambiente de reabilitação social e reeducação, na verdade quando os comandos normativos são concretizados percebe-se que ocorre o oposto da vontade legal.

Do jeito que foram construídas fisica e simbolicamente, as prisões brasileiras não realizam a vontade legal de reabilitação, mas a vontade de vingança social, de retribuição do mal, no sentido normativo do termo. E isso é compatível com cultura brasileira, porque as instituições são criadas à imagem e semelhança da nossa mentalidade.

Recentemente fui ministrar uma aula sobre bens públicos, e tomei uma penintenciária como estudo de caso para gestão, fazendo um comparativo com determinada prisão estrangeira que, na indignação dos meus alunos, parecia "um hotel de luxo". Os presos tinham celas individuais limpas e adequadas, boa comida, um espaço para a prática de esportes e iam permanecer assim pelo tempo de reclusão determinado em sentença.

A indignação de muitos alunos decorria do fato de que estavam levando uma "boa vida", melhor do que a de muitos trabalhadores honestos. E eu questionava: a penalidade é de reclusão, e não de reclusão em um inferno. A lei não quer que as pessoas sejam maltratadas, e se assim quisesse, a nossa Constituição Federal devia prever castigos corporais e penas infamantes, que são proibidas no nosso sistema.

As prisões medievais e renascentistas possuíam péssimas condições estruturais e de salubridade, mas talvez isso se explicasse (não justificasse) pelo seu caráter temporário. As pessoas permaneciam presas enquanto a sua pena não era estipulada: banimento, morte, castigos corporais. A reclusão, portanto, era um meio, não um fim em si mesmo.

A reclusão passou a ser uma penalidade autônoma recentemente (acredito que a partir do século XVIII ou XIX) , com a explícita finalidade de apartar o criminoso da sociedade por razões de segurança e proteção. A questão é: a reclusão , tal como é praticada, consegue cumprir o que lei deseja?

Não, porque sequer o apartamento da sociedade é realizado forma eficiente, já que a tecnologia permite aos reclusos continuar integrando os seus meios sociais através de telefones celulares, por exemplo.

Por tudo isso, acredito que as prisões são esquecedouros. Locais onde são esquecidos os direitos fundamentais do cidadão, são esquecidas pessoas (inclusive quanto ao extrapolamento do cumprimento prazo das sentenças), e são também esquecidos valores que sociedade brasileira deveria cultivar, principalmente a dignidade da pessoa humana, em troca do atual sentimento de vingança.

sábado, 8 de outubro de 2011

Oktoberfest: errata

Caros senhores,
Caras senhoras,

Farei aqui um breve mea culpa: no post http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/10/oktoberfest-e-as-memorias-coletivas.html, explanei que a Oktoberfest poderia ser interpretada como um carnaval germano-descendente, em razão da quantidade de pessoas embriagadas que vagam pelas ruas, ao som de bandas folclóricas, se acabando em cada esquina.



Nada mais errado! Mea culpa, mea maxima culpa: minha lente cultural me fez ser desonesta com a realidade.


Como se pode perceber da notícia nesse link http://www.jornalfloripa.com.br/cidade/index1.php?pg=verjornalfloripa&id=599, os germano- descendentes celebram a pontualidade (?), a organização (?) , o cumprimento das regras (?) e o profissionalismo da festa. Portanto, não tem nada a ver com a minha representação de carnaval (que é exatamente o oposto disso).



Na verdade, também não tem nada a ver com a minha representação de cotidiano, já que o brasileiro é impontual por vários motivos e as festas de rua na minha região são, digamos, menos afeitas à organização macrocósmica.

Vou continuar fazendo o monitoramento da Oktoberfest até conseguir explicar, com as minhas próprias palavras, o que acontece lá. Enquanto isso... deixo uma mostra da trilha sonora da festa para vocês:

http://www.youtube.com/watch?v=uZife-MZ48o&feature=related.

Memórias falsas (2): paisagem da minha janela



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Da janela da cozinha. Deve ser por isso que eu não aprendo a cozinhar.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

RESGATANDO XINGAMENTOS ANTIGOS (4): ESTULTO

ESTULTO:Indivíduo néscio, parvo.

Ainda não entendeu, bobinho(a)?

É exatamente isso: alguém bobo, tolo, que carece de discernimento.


Modo de usar: Fulano é estulto!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

CAMPANHA CONTRA A FRASE "O BRASIL (EIRO) NÃO TEM MEMÓRIA"

CHEGOU O MOMENTO de lutar contra esse refrão:

"O BRASIL (EIRO) NÃO TEM MEMÓRIA".

Tem memórias sim, talvez não exercite as memórias individuais e coletivas necessárias ao aperfeiçoamento das nossas instituições, o que nos conduz ao atual estado de coisas.

Para a aderir a essa campanha basta parar de repetir essa frase, essa mentira, que ecoa em nossa sociedade como se fosse um "mantra" negativo. Dizendo isso não tenho nenhuma intenção de ofender as pessoas que recitam verdadeiros mantras, apenas não encontrei outra expressão que denotasse repetição e poder ao mesmo tempo.

PAREM também de repetir essa frase, com aquela piscadela marota de quem espera cumplicidade, para se perdoar de esquecimentos e omissões imperdoáveis, grandes e pequenos, individuais e coletivos.

E finalmente, PASSEM a exercer o seu dever de memória recusando toda reafirmação, toda tentativa de privar os Brasil e os brasileiros do seu direito fundamental à memória individual e coletiva.

ESSA É UMA CAMPANHA EM FAVOR DA RECUPERAÇÃO DO NOSSO DIREITO DE TER MEMÓRIA.

Souvenir (8): Teotihuacan

Teotihuacan, México. Cidade dos Deuses, tão antiga, tão antiga, que ninguém sabe ao certo suas origens, e já era antiga e misteriosa antes da chegada dos mexicas.


Lá, eu vi a minha primeira pirâmide. Experiência inesquecível, que eu recomendo a todos. Já vi muitos arranha-céus na minha vida e, com toda tranquilidade, posso afirmar que nada edificado se compara a uma pirâmide.


Literalmente, meu queixo caiu, e eu fiquei balbuciando palavras desconexas, com uma certa baba correndo pelo canto da boca. Não dá nem para descrever, e olhe que eu já tinha visto fotos, feito o passeio virtual no sítio do INAH, aparentemente já sabia o que esperar.


Mas chegando lá...a(s) pirâmide (s) literalmente acabou(ram) comigo, e prejudicou meu redimento escolar, ainda por cima, porque na sala de aulas onde assistíamos as palestras do curso de gestão do patrimônio arqueológico, havia uma janela diretamente para a pirâmide da Lua, e eu não conseguia evitar ficar olhando.

Trouxe vários souvenires, e esse da foto é um dos mais interessantes:



A gente sopra e o souvenir funciona como uma ocarina (instrumento de sopro), mas reproduz igualzinho o som de um jaguar.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Oktoberfest e as memórias coletivas: carnaval germano-descendente

Outubro, mês em que os brasileiros descendentes de imigrantes alemães (re)afirmam as suas identidades e memórias coletivas. É um importante momento de celebração, regado a cerveja e com tira-gosto de marreco recheado.

Para conhecer um pouco da festa: http://www.mundieditora.com.br/digital/halloblumenau/

Nunca fui a uma Oktoberfest, mas deve ser muitíssimo interessante. A oferta de comidas "típicas", de roupas "típicas" e pessoas "típicas", ajuda a manter a identidade coletiva e a memória, ainda que de forma sazonal.

Mas, tudo é uma questão de leitura e interpretação, não é verdade? Até então, tudo o que eu sabia sobre a fest partiu das narrativas de amigos, que saíram da nossa ensolarada e carnavalesca região para celebrar a memória germânica. Eu, sempre muito curiosa, perguntava:

- E aí, como é a festa? Como as pessoas comemoram, que tipo de representação coletiva perpetuam através da performance?

- É muita pegação! Uhuuuu! Cerveja pacarai, mulher (gatos, depende de quem conta) bonita, comida boa (com e sem duplo sentido).

- Tá, já sei. Mas eu quero mesmo saber é dos veículos da memória coletiva, como e o que as pessoas comemoram?

- Carnaval, Fabiana. É um carnaval. Uhuu! muita pegação.

Chega. Será possível que a nossa lente cultural impõe esse tipo de interpretação? Será que só porque tem muita bebida, muita música, muita gente, e consequentemente muita pegação, é um carnaval?

Pensando bem...é sim.

Minha visão foi um pouco modificada depois de namorar e casar com um catarinense germano-descendente. Eu sempre pergunto, e ele pacientemente explica em detalhes, como acontece a Oktoberfest na cidade natal e vizinhança, que possui uma escala muito menor do que em Blumenau, mas é bem representativa e conta com o envolvimento das pessoas.

(abrindo parênteses, pessoas envolvidas que caminham atrás de um caminhãozinho que distribui chopp).

É realmente emocionante ver as pessoas positivamente celebrando a sua identidade, isso mantém a auto-estima alta e permite que nós, os outros, também possamos aprender costumes e compartilhar tradições. E isso tudo sem sair do Brasil, não é máximo?

(abrindo parênteses, achei muito engraçado quando a minha sogra me convidou para comer um rollmops, e a avó do meu marido me olhou e disse "schnell". Tão bonitinho... Ah, lá as pessoas xingam em alemão também).

Imagino que a Oktoberfest dos países europeus de cultura germânica deve ser diferente da festa que acontece aqui, o que é ótimo pois há diversidade.

domingo, 2 de outubro de 2011

Lembras disso? (1): Faraó, divindade do Egito.

Essa nova série do blog é dedicada àquelas lembranças que aparecem no meu cérebro, essa máquina do tempo, sem motivo e sem querer.

Outro dia, estava assistindo a um programa sobre o Egito e essa música veio à minha cabeça: "Faraó, divindade do Egito", do Olodum, tendo por compositor Luciano Gomes:

Olha aí a letra:

"Deuses
Divindade Infinita Do Universo
Predominante
Esquema Mitológico
A Ênfase Do Espírito Original
Exu
Formará
No Eden Um Novo Cósmico

A Emersão
Nem Osíris Sabe Como Aconteceu
A Emersão
Nem Osíris Sabe Como Aconteceu

A Ordem Ou Submissão
Do Olho Seu
Transformou-se
Na Verdadeira Humanidade

Epopéia
Do Código De Gerbi
Eu Falei Nuti
E Nuti
Gerou As Estrelas

Osiris
Proclamou Matrimônio Com Isis
E o mal Seth
Hiradu Assassinou
Impera-ar
Horus Levando Avante
A Vingança Do Pai
Derrotando o Império Do mal Seth
Ao Grito Da Vitória
Que Nos Satisfaz

Cadê ?
Tutacamom
Hei Gize
Akhaenaton
Hei Gize
Tutacamom
Hei Gize
Akhaenaton

Eu Falei Faraó
êeeee Faraó
Eu Clamo Olodum Pelourinho
êeeee Faraó
É Pirâmide Da Paz e Do Egito
êeeee Faraó
É Eu Clamo Olodum Pelourinho
êeeee Faraó

É Que Mara Mara
Maravilha Ê
Egito Egito Ê
Egito Egito Ê
É Que Mara Mara
Maravilha Ê
Egito Egito Ê
Egito Egito Ê
Faraó ó ó ó Ó
Faraó ó ó ó Ó

Hum Pelourinho
Uma Pequena Comunidade
Que Porém Olodum Um Dia
Em Laço De Confraternidade

Despertai-vos Para
Cultura Egipicia no Brazil
Em Vez Decabelos Trançados
Veremos Turbantes De Tucamom

E Nas Cabeças
Enchei-se De Liberdade
O Povo Negro Pede Igualdade
Deixando De Lado As Separações

Cadê ?
Tutacamom
Hei Gize
Acainaton
Hei Gize
Acainaton
Tutacamom
Hei Gize

Eu Falei Faraó
êeeee Faraó
Eu Clamo Olodum Pelourinho
êeeee Faraó
É Pirâmide Da Paz e Do Egito
êeeee Faraó
É Eu Clamo Olodum Pelourinho
êeeee Faraó

É Que Mara Mara
Maravilha Ê
Egito Egito Ê
Egito Egito Ê
É Que Mara Mara
Maravilha Ê
Egito Egito Ê
Egito Egito Ê
Faraó ó ó ó Ó
Faraó ó ó ó Ó"

O vídeo no youtube, para quem quiser ver o videoclip http://www.youtube.com/watch?v=eHizdNS4UTU.

Também tem o vídeo ao vivo no carnaval de 2010: http://www.youtube.com/watch?v=zxox_dAsN1U.

Coisa bonita de ver: Ísis, Osíris, Horus, e a galera (!), todo mundo participando do carnaval... hehehe

E a pergunta que não quer calar: Cadê Tutancamon?

sábado, 1 de outubro de 2011

Chamada de trabalhos - V Reunião do IDEJUST

O Grupo de estudos sobre internacionalização do Direito e Justiça de Transição publicou edital para apresentação de trabalhos http://j.mp/pP0rNg.

O tema dessa reunião que ocorrerá em 21 e 22 é importantíssimo para o povo brasileiro: "o papel da Comissão da Verdade no Brasil - desafios e perspectivas".

Quanto mais gente pensando junto, melhor.