O brasileiro não tem memória.
Neste blog desmascaramos esta mentira.
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sábado, 26 de fevereiro de 2011
RECEITA DE DITADURA
Vamos tirar lições gerais, pensando no caso específico da Líbia, para identificar os sinais de instalação de uma ditadura feliz e duradoura: 1) Desestabilização da ordem social e econômica Pode ser real ou criada. A desestabilização é necessária para permitir a radicalização das reivindicações e das polarizações; 2) Tomar o poder A tomada do poder pode ser por golpe de Estado, por Revolução, ou quando o governante constitucionalmente investido resolve quebrar a ordem estabelecida para manter-se no poder. No caso da Líbia, golpe de Estado. No Egito, até o momento foi revolução. 3) legitimar o regime: transmissão de ideologia de suporte Angariar apoio popular para reestabelecer a ordem enquanto o novo regime se consolida. A ideologia de suporte comporta os valores e objetivos do regime, associados à mitologia do poder (narração da versão oficial dos fatos, demonização dos governantes corruptos anteriores, origem semi-divina do responsável vivo ou morto pela revolução, criação de símbolos distintivos dos novos tempos) 4) Controle da Informação Para garantir que só a ideologia de suporte será fixada na memória coletiva, e impedir a criação de versões alternativas ou que contrariem os interesses do governante: monopólio dos meios de comunicação e censura. 5) Inventar ou ensejar complôs A existência de um "inimigo da Nação" ou "da Revolução" permite a adoção de medidas de força, coativas, e de concentração maior de poder, com hipertrofia do Executivo. A polarização maniqueísta facilita a vida e os argumentos. 6) Violar direitos fundamentais dos "subversivos inimigos da nação" Desta maneira, controlar os cidadãos pela ameaça do uso indiscriminado da força. Síndrome de tonton-macoutes. 7) Personalismo exacerbado pela hipertrofia do Poder Executivo Nestes casos, em que há um líder carismático que concentra decisões, o regime inteiro passará a ser confundido com a sua biografia. Nesse momento de "o Estado sou Eu" é que as contas públicas tornam-se privadas, e o governante passa a desfrutar de uma vida de nababo. 8) Nepotismo como instrumento para manter-se no poder O passo seguinte mais lógico é criar uma rede de solidariedade dentro da máquina administrativa, que permita não só controlá-la (essencial ao real poder de mando), mas também que seja leal nos momentos difíceis. Um exemplo líbio: Muhammad, o filho mais velho, é Presidente do Comitê Olimpíco, e preside os serviços postais e empresas de telecomunicações. Mutassim, c oronel do Exército e assessor de Segurança Nacional; Saif el-Islam, possível sucessor. Transformar a República em Monarquia? Al-Saadi, lidera a Federação Líbia de Futebol e tem uma produtora de cinema. Hannibal trabalha com transporte marítimo de petróleo Abdallah al-Sanussi (cunhado), "número dois" da Jamahiriya Security Organisation (JSO), agência de espionagem líbia. Fonte: http://www.publico.pt/Mundo/a-familia-dividida-e-disfuncional-que-governa-a-libia_1481773?p=2 Não sejamos tímidos de pensar somente na família direta. Todos os privilegiados pelo sistema formam a famiglia lato sensu. 9) Cooptação do poder econômico: apoio dos empresários pela concessão de vantagens; 10) Angariar apoio popular com benesses periódicas A regularidade da generosidade governamental, associada à propaganda massiva e consistente, fatalmente levará ao apoio do regime.
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E se eu seguir essa receita, posso vir a ser uma ditadora?? :D
ResponderExcluirA ditadora de um pequeno coração francês. Essa receita também é aplicável a relacionamentos.
ResponderExcluirÉ só trocar "estado" ou país, por "homem", "mulher" ou "outros".
Abigobal!
ResponderExcluirChamou?
ResponderExcluirOlha aí um exemplo de ditadura pela quebra da ordem constitucional: o presidente Laurent Gbagbo, da Costa do Marfim, "recusa-se" a deixar o poder apesar de ter sido derrotado nas eleições de 2010.
ResponderExcluirQual é a justificativa da permanência desse senhor? Por acaso seria o interesse e a ordem públicos? Claro que não, é sempre o personalismo exacerbado, que não coaduna com a idéia de instituição (que pressupõe a continuidade independente, apesar e além dos indivíduos), e muito menos com a de República.
A eleição de Ouattara com 54% dos votos em novembro de 2010 foi contestada, e a Corte Constitucional deu razão à Gbagbo. Por isso este se recusa a partir. Ou seja, a razão dele é constitucional.
ResponderExcluirVai explicar dai que focinho de porco não é tomada...
Em alguma parte do mundo, esta receita está sendo executada.
ResponderExcluirVou adicionar um ingrediente interessante à receita, que deve ser incluído simultaneamente ao item 8 (nepotismo): o expurgo dos inimigos do regime das instâncias decisórias.
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