O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Oktoberfest e as memórias coletivas: carnaval germano-descendente

Outubro, mês em que os brasileiros descendentes de imigrantes alemães (re)afirmam as suas identidades e memórias coletivas. É um importante momento de celebração, regado a cerveja e com tira-gosto de marreco recheado.

Para conhecer um pouco da festa: http://www.mundieditora.com.br/digital/halloblumenau/

Nunca fui a uma Oktoberfest, mas deve ser muitíssimo interessante. A oferta de comidas "típicas", de roupas "típicas" e pessoas "típicas", ajuda a manter a identidade coletiva e a memória, ainda que de forma sazonal.

Mas, tudo é uma questão de leitura e interpretação, não é verdade? Até então, tudo o que eu sabia sobre a fest partiu das narrativas de amigos, que saíram da nossa ensolarada e carnavalesca região para celebrar a memória germânica. Eu, sempre muito curiosa, perguntava:

- E aí, como é a festa? Como as pessoas comemoram, que tipo de representação coletiva perpetuam através da performance?

- É muita pegação! Uhuuuu! Cerveja pacarai, mulher (gatos, depende de quem conta) bonita, comida boa (com e sem duplo sentido).

- Tá, já sei. Mas eu quero mesmo saber é dos veículos da memória coletiva, como e o que as pessoas comemoram?

- Carnaval, Fabiana. É um carnaval. Uhuu! muita pegação.

Chega. Será possível que a nossa lente cultural impõe esse tipo de interpretação? Será que só porque tem muita bebida, muita música, muita gente, e consequentemente muita pegação, é um carnaval?

Pensando bem...é sim.

Minha visão foi um pouco modificada depois de namorar e casar com um catarinense germano-descendente. Eu sempre pergunto, e ele pacientemente explica em detalhes, como acontece a Oktoberfest na cidade natal e vizinhança, que possui uma escala muito menor do que em Blumenau, mas é bem representativa e conta com o envolvimento das pessoas.

(abrindo parênteses, pessoas envolvidas que caminham atrás de um caminhãozinho que distribui chopp).

É realmente emocionante ver as pessoas positivamente celebrando a sua identidade, isso mantém a auto-estima alta e permite que nós, os outros, também possamos aprender costumes e compartilhar tradições. E isso tudo sem sair do Brasil, não é máximo?

(abrindo parênteses, achei muito engraçado quando a minha sogra me convidou para comer um rollmops, e a avó do meu marido me olhou e disse "schnell". Tão bonitinho... Ah, lá as pessoas xingam em alemão também).

Imagino que a Oktoberfest dos países europeus de cultura germânica deve ser diferente da festa que acontece aqui, o que é ótimo pois há diversidade.

10 comentários:

  1. Meu marido acaba de me corrigir: "não é cerveja, é chopp".

    Ele também disse que eu esqueci de falar sobre a "centopéia do chopp". Esqueci, nada, nunca tinha ouvido falar disso.

    Para quem quiser conhecer uma centopéia do chopp: http://www.youtube.com/watch?v=Nt2Dv_mrGQk

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  2. Parai, deixa ver se eu entendi. Quer dizer que Oktoberfest + pegação = carnaval ?

    Se sim, tenho que concordar. Pois correr atràs de copão de chopp o dia inteiro é exatamente o que fazem os alemães nessa festa... sendo que eles não pegam ninguém!

    Oktoberfest à brasileira é isso! E tome sincretismo!

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  3. Pegam, sim,rapaz... Só não sabem muito bem o que foi, depois da décima caneca de chopp.

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  4. Denise, taí uma coisa que falta no nosso curriculum vitae...Se lascar no chopp das festas de outubro em Santa Catarina.

    Bora?

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  5. Bora. Mas a festa original tà mais perto de mim... e tu sabes, depois da décima caneca, encontrar o caminho de casa é fogo! (uau, quanto trocadalho!)

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  6. Oktoberfest: Alemão para turista ver

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  7. Em outubro, estamos recebendo a visita da minha sogra germânica em casa e, evidentemente, tive que perguntar diariamente sobre as tradições da cidade dela e do período.

    Confesso que fiquei muito assustada quando percebi que essas festas alemãs misturam bebida alcoólica e a prática esportiva do tiro. Tem sempre um tiro ao prato, ao alvo, ao pássaro entremeados com chopp e cerveja. É isso mesmo?

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  8. Para a minha sogra germânica as palavras e expressões têm um sentido muito próprio. Por exemplo, se algo é feito da maneira tradicional e correta, ela diz que é "coisa de alemão".
    Se é bem feita "é coisa de alemão" ou "parece coisa de alemão".
    E se for boa, mas desconhecida, "bem que podia ser coisa de alemão".

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  9. Uaiktoberfest, a Oktoberfest de Minas Gerais. hehehe, achei engraçado.

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