O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









domingo, 13 de outubro de 2013

Sorvete

Já confessei anteriormente que não gosto de sorvete (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/07/recreio.html), embora o tenha consumido em boa parte da minha infância.  Descobrir que não gostava de sorvete foi uma libertadora percepção da minha maturidade.

Apesar disso, reconheço que é uma importante conquista da civilização humana e o seu principal sabor é ser milenar.

Diz-se que o sorvete nasceu na China há mais de dois mil anos, a partir da mistura da neve das montanhas com frutas e mel.  De lá viajou pelo mundo conhecido, até mesmo na bagagem do famoso Marco Polo. Foi difundido pelo árabes, que o chamavam de sharbet (ou shurbat, já ouvi essa expressão, mas não sei se está correta), estabelecendo-se na Europa como a coqueluche do verão desde o século XIII (http://www.abis.com.br/institucional_historia.html).   No Brasil, a novidade chegou bem mais tarde, no século XIX.

Respeito o sorvete em geral, apesar de não gostar.  Alguns marcaram profundamente a minha memória individual, como o picolé de morango citado no post Recreio e um sorvete de canela maravilhoso que tomei em uma cartola meio pervertida.

Não sabe o que é cartola? Os tolos a definem como  uma sobremesa, constituída basicamente por banana frita com queijo, polvilhada de açúcar e canela.  Eu chamo de almoço.

Pois bem, uma vez comi uma cartola totalmente fora dos padrões da decência e razoabilidade: a banana era frita (tudo certo), havia uma espécie de mousse de queijo e uma bola de sorvete de canela por cima.  Percebam que todos os elementos estavam lá, mas aquilo não deixou de ser muito errado e saboroso.

Lembro também de uma vez que fui jantar em um desses lugares de culinária vanguardista, e o meu prato principal veio com uma bola de sorvete.  Já fiquei de mau humor, porque não gosto de sorvete, mas depois fiquei curiosa porque era salgado.  Parece que a bola de sorvete era composta de temperos, que iam temperando a comida à medida em que se derretia.

Por tudo isso, defendo o estudo da história do sorvete, embora já tenha decidido que não vou me dedicar a isso.

2 comentários:

  1. Você não pode dizer que não gosta de sorvete até ter provado um feito artesanalmente por um Maitre Glacier francês.

    Essa tua estoria da origem do sorvete é mei furada. Alias eu sempre vejo na senhora uma certa tendência de dizer que tudo no mundo foi inventado pelos chines ou arabes. Cadê o registro do brevet?

    A senhora não viu o buraco/tunel em Versailles onde Vatel, o cozinheiro de Luis XIV, estocava neve para produzir pro rei sorvetes durante o ano todo??

    E até onde eu me lembro, a senhora sempre abriu exceção para os sorvetes de baunilha, principalmente quando eles acompanham um petit gateau au chocolat... E isso porque não conheces todas as variedades de baunilha que existem...

    No mais, o picolé de cor vermelho-morango que você chupou não é, sinto te informar, de morango, nem é sorvete na verdade. Somente podem ser considerados sorvetes os feitos a base de leite (e não de agua).

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  2. Vatel imitou os chineses.

    O picolé de Zé era à base de leite, mocinha. Era saudável, por isso cresci assim, rosada.

    E quanto ao petit gateau, só tolero o sorvete porque esse danado desse bolinho é quente, e com o sorvete equilibra.

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