Os povos, as classes, as famílias, os
indivíduos poderão enriquecer, mas não serão felizes senão quando souberem
sentar-se, tal como cavaleiros [da Távola Redonda] à volta da riqueza comum. É
inútil procurar o bem e a felicidade, pois ele está ali, na paz imposta, no
trabalho bem ritmado, comum e solitário alternativamente, na riqueza acumulada
e depois retribuída, no respeito mútuo e na generosidade recíproca que a
educação ensina.
Vamos pensar, então, sobre os presentes ou dádivas natalinas, em qual a sua forma e significado.
Pelo que me consta, não existem padrões pré-fixados para presentes, cada um dá o que quer. Então, o significado parece residir mais no ato de dar e receber do que no objeto em si. Portanto, ressalta a idéia de compartilhamento, de generosidade recíproca que contribui para a riqueza social, referida por Mauss no trecho acima.
A troca de presentes é só uma parte do ritual, e nem deveria ser a mais importante, mas em função de exigências mercadológicas da sociedade de consumo está cada vez mais em evidência.
Aqui abro parênteses para lembrar que, na visão da minha mãe, o Natal é o aniversário de Cristo (com direito a bolo e parabéns, cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/12/feliz-natal-e-algumas-questoes.html), então trocamos presentes em homenagem ao aniversariante.
Recentemente, o ritual de dar presentes foi se tornando mais complexo, e às vezes começa com semanas de antecedência, se adotada a técnica do amigo secreto ou oculto. Em algumas empresas e famílias, o amigo secreto parece uma trama policial, com tentativas de suborno para descobri-lo, trocas indevidas para que os sevandijas possam agradar os chefes, e todas as práticas negativas que o dedo podre da Humanidade parece indicar para azedar a celebração.
E, finalmente, há o inimigo secreto, essa prática incompreensível de dar presentes ruins no Natal. É uma espécie de brincadeira, e geralmente se baseia na troca de presentes de baixo valor econômico, baixa qualidade e se possível ofensivos (e aí independe do valor), o que parece contrariar a idéia de generosidade e compartilhamento acima referidos.
Referência
MAUSS, Marcel. Ensaio sobre a
dádiva. Lisboa: Edições 70, 2001.
Pelo que me consta, existe padrão pré-fixado p dar presente às crianças: tem que ser brinquedo, ou a pessoa se faz odiar até o proximo natal.
ResponderExcluirOutro dia descobri o inimigo secreto dinâmico. Funciona assim: cada um traz um presente, bom ou ruim e coloca no pé da arvore. Depois cada um tira na sorte um numero.
O numero 1 escolhe primeiro o que quer e abre seu presente na frente de todos. Depois é a vez daquele que tirou o n°2. Ele pode escolher o presente do numero 1 ou um novo que vai pegar no lote.
Em seguida o n°3 faz o mesmo e assim por diante até a pessoa que tirou o ultimo numero escolha o que quer. A coisa é feita de forma que ninguém sabe definitivamente qual presente vai realmente levar consigo até que a ciranda acabe. A estoria so se decide quando o ultimo numero tenha escolhido o seu presente.
Com a sorte que eu tenho, vou tirar o numero 1 e alternar entre felicidade e tristeza até o final da brincad.....
Alguém disse brincadeira? Quem foi o corno que inventou isso.... pff!!!