A postagem anterior trouxe o link para um tour virtual à Tumba de Menna, e enquanto a visitava fiquei pensando em múmias.
Vi a minha primeira múmia no Museu do Louvre, e fiz uma postagem sobre ela: http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/04/o-primeiro-a-gente-nunca-esquece.html.
Há muitas múmias - naturais ou artificiais - diversas formas de mumificação, e diferentes finalidades. Em geral é um processo post mortem, para preservar o cadáver, mas há casos de mumificação que iniciam em vida, como o Sokushinbutsu, o ritual de auto-mumificação dos monges budistas do Japão (cf.http://direitoamemoria.blogspot.com/2015/10/direito-memoria-dos-mortos.html).
Dentre todas essas práticas, uma das mais intrigantes para mim é o uso farmacêutico do pó de múmia. Imaginem: pegar uma múmia egípcia, reduzi-la a pó, e consumi-la para curar doenças.e para fins cosméticos.
Isso é tão errado, de tantas formas.
Primeiro, desrespeitar os restos mortais e a memória de alguém. Aniquilar um importante documento histórico e toda a informação que poderia proporcionar. Utilizar uma substância sem comprovação científica. Consumir outro ser humano (sem fins ritualísticos e contextualização cultural ainda por cima).
E, infelizmente, às vezes tudo isso era precedido de um espetáculo de "desenrolar" a múmia. Retirar as bandagens em uma sessão pública, da qual pessoas podiam participar mediante o pagamento de um ingresso, movidas simplesmente pela curiosidade, como há relatos nos séculos XVI a XIX.
A pergunta estranha, que não quer calar, é: quantas múmias foram sacrificadas, consumidas, dessa forma?
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