Como citado no post https://direitoamemoria.blogspot.com/2020/05/citacoes-sobre-memoria-leonardo.html, Leonardo (da Vinci) destacou a importância de lembrar ainda que fossem dias miseráveis.
Situações traumáticas, graves e tristes, deixam lições que acabam por se dissiparem ao longo das gerações. Lembro que assisti a um documentário sobre a enchente em Paris de 1910, e o foco era como as gerações seguintes não lembravam desse fato, o que as levou a descuidar, minimizar e esquecer o perigo.
Esquecer o perigo permite que sejam criadas as condições para novas tragédias, e as novas gerações serão sempre pegas desprevenidas. Essa incapacidade de aprender com o passado é muito frustrante: não aprendemos nada com as chacinas, as tragédias ambientais, endemias e pandemias?
Por que desperdiçar esse valioso acervo de experiências contido na memória coletiva? O esforço de lembrar também é uma forma de honrar os caídos nessa batalha, tanto as vítimas quanto os profissionais de saúde vitimados.
Cada povo vai lembrar do que fez, do que deixou de fazer e das consequências da pandemia COVID-19 de maneiras diferentes, mas a lição de não esquecer, de defender a vida, de não permitir violações de direitos fundamentais, de não aceitar quebras da ordem jurídica considerada
legítima e de defender as instituições responsáveis pela existência e
continuidade da democracia e do Estado em situações dramáticas e excepcionais deve ser aprendida e cotidianamente praticada.
A superação do trauma coletivo e a prevenção de novas tragédias estão diretamente ligadas a uma obrigação de recordar. É nosso dever lembrar para que a recordação contínua possibilite o aperfeiçoamento das instituições e da vida social, e também para manter a sociedade e os indivíduos alertas para resistir e agir através da lembrança, deixando-nos menos vulneráveis.
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