O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









sábado, 16 de maio de 2020

Mamãezinha


Mamãe

Adoro esta foto da minha mãe, porque lembra um poema de Borges que está no post http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/05/elegia-da-lembranca-impossivel-jorge.html:

(...)

"O que não daria eu pela memória
Da minha mãe a olhar a manhã
Na fazenda de Santa Irene,
Sem saber que o seu nome ia ser Borges."


Eu olho essa foto e imagino o que passava pela cabeça dessa garotinha, que viria a ser minha mamãe. Gostaria de poder estar lá com ela, naquela tarde longínqua da fotografia, ou mais recentemente no dia das mães, mas fui impedida pela distância no tempo e agora no espaço.

Gosto dessa foto porque a minha mãe parece minha boneca.  Lembro da surpresa quando a vi pela primeira vez e descobri que ela também tinha sido criança, igual a mim.

Literalmente, igual a mim.  Temos algumas diferenças: ela tem cabelos louros e olhos verdes, e eu sou a versão morena dela, com cabelos e olhos castanhos.

Digo a vocês, essa garotinha é hoje uma mulher fascinante, cuja figura doce não condiz em nada com o esteriótipo. Essa mãe e avó é responsável pelo apego à liberdade que eu desenvolvi, e pelo estímulo à educação, da criatividade e do desejo de sempre aprender que fez dos seus quatro filhos professores.

Minha mãe nos ensinou a amar.  Amar de formas diferentes, e cada um do seu jeito e o que lhe aprouvesse. 

Minha mãe costurou faixas para os meus pés quando eu decidi, por um breve momento, que teria pés de lótus (https://direitoamemoria.blogspot.com/2015/07/dialogo-surreal-11-sobre-pes-de-lotus.html), e fez um bolo de aniversário para que eu pudesse jogar na minha cara, como se vê nos filmes de comédia pastelão. Depois de tantas décadas, são memórias que me fazem sorrir.

Minha mãe nos ensinou que pensar é uma coisa boa e a individualidade também.

Será que essa garotinha imaginava que se tornaria uma mãe tão incrível? 


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