O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









segunda-feira, 4 de julho de 2022

Experiência de leitura e memorização

No post sobre estudar Kant em um ônibus lotado (https://direitoamemoria.blogspot.com/2011/07/memoria-e-aprendizado-estudando-kant-no.html?m=0) tentei mostrar que a qualidade da memorização e do aprendizado depende de certas circunstâncias favoráveis e adequadas ao estudo.

Com isso em mente, não posso deixar de compartilhar essa minha interessante (e meio insana) experiência da leitura que estou passando.

Quando fico de férias, faço um inventário de tudo que eu preciso fazer, das minhas pendências de leitura.  O livro 1 da lista era "Memória e Identidade" de Jöel Candau.

Coloquei-o na mochila com o propósito de avançar a leitura enquanto estivesse no aeroporto, descansando da trilha, e naqueles momentos favoráveis. 

Nada saiu como o esperado, como relatei no post https://direitoamemoria.blogspot.com/2022/06/ferias-2022-memorias-parte-1.html, e tudo foi muito confuso até chegar ao Vale do Pati.

O cansaço e um joelho inchado não são os melhores companheiros de leitura.  Aquela dor que lateja distrai, mesmo quando me esforço para fichar o livro.  Li embaixo de árvores, à beira de cachoeira. Li com a luz de celular.

Fiquei tão empolgada com os conceitos discutidos - afinal, trata sobre memória essa paixão - que acabei sem fazer as reflexões críticas e, quando dei por mim, estava fichando cada palavra do autor tal uma adolescente apaixonada.

Caminhava, fichava, suspendia os conceitos na cabeça e ia refletindo. Um livro também é um caminho a ser percorrido, e lá vou eu de capítulo em capítulo tentando compreender  aquela paisagem de conceitos que se descortina na minha frente.

Os dias seguintes após terminada a travessia do Vale do Pati foram mais tranquilos para a leitura.  Visitei Porto Seguro, fiz caminhadas lá, mas nada que perturbasse muito.

Quando cheguei em casa meus pais foram internados com covid.  Eu fui acompanhá-los no hospital e lá continuei a ler o livro. Preocupada com a situação o meu fichamento mudou muito: se antes estava toda faceira absorvendo tudo, agora tinha dificuldade em me concentrar.

Acredito que muito dessa dificuldade deveu-se a fato de que eu já estava apresentando os sintomas de covid.  Estudar com febre e com a cabeça doendo não é fácil, mas tentei ler e fichar pelo menos um pouquinho todo dia.

Que experiência de leitura! O livro "Memória e Identidade" de Jöel Candau sem dúvida marcou essa fase da minha biografia.  Está vinculado indelevelmente à Chapada Diamantina e à covid na minha lembrança.


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