O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









domingo, 13 de dezembro de 2020

Impressões da pandemia 2020: volume 2

Essa série  é um registro para a Fabiana do futuro lembrar dos detalhes da vida durante a pandemia.

No volume 1 refleti sobre como a pandemia me fez conhecer a minha cozinha, de forma literal e metafórica, pela necessidade de aprender a cozinhar, em um processo que durou meses mas ao qual sobrevivi e evoluí de maneiras inesperadas.

Devo dizer que me acho uma cozinheira capacitada hoje em dia, embora a minha mãe discorde muito disso.  Quando vamos juntas ao mercado adquirimos produtos totalmente diferentes, e a ela tem certeza de que o que eu compro não é comida.

Por causa do período inicial da quarentena - tempos áureos do vegetarianismo crudívoro - eu adquiro muitos produtos que não precisam ser cozidos, e como crus alguns que o senso comum teima em cozer.

Brócolis, por exemplo, como cru. Alguns eu espero germinarem para comer cru, como grão de bico.

A minha mãe discorda profundamente dessa forma de cozinhar, e fica indignada com algumas substituições que eu faço, e fiz porque não sabia como preparar determinados alimentos.  Não sei fazer carne vermelha, troco por shitake.

Eu sei, não faz sentido, mas a gente faz o que pode.  Essa foi também uma lição indelével que aprendi com a pandemia: adaptação e resiliência.  E de não me incomodar com as risadas dos meus irmãos, sempre tão certeiros e impiedosos, como se fossem os soberanos da gastronomia.

Afirmar o meu modo de fazer e sentir, ainda que incompreendido pelos outros, é uma lição de clareza da pandemia para a vida.


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