Essa série é um registro para a Fabiana do futuro lembrar dos detalhes da vida durante a pandemia.
No volume 1 refleti sobre como a pandemia me fez conhecer a minha cozinha, de forma literal e metafórica, pela necessidade de aprender a cozinhar, em um processo que durou meses mas ao qual sobrevivi e evoluí de maneiras inesperadas.
Devo dizer que me acho uma cozinheira capacitada hoje em dia, embora a minha mãe discorde muito disso. Quando vamos juntas ao mercado adquirimos produtos totalmente diferentes, e a ela tem certeza de que o que eu compro não é comida.
Por causa do período inicial da quarentena - tempos áureos do vegetarianismo crudívoro - eu adquiro muitos produtos que não precisam ser cozidos, e como crus alguns que o senso comum teima em cozer.
Brócolis, por exemplo, como cru. Alguns eu espero germinarem para comer cru, como grão de bico.
A minha mãe discorda profundamente dessa forma de cozinhar, e fica indignada com algumas substituições que eu faço, e fiz porque não sabia como preparar determinados alimentos. Não sei fazer carne vermelha, troco por shitake.
Eu sei, não faz sentido, mas a gente faz o que pode. Essa foi também uma lição indelével que aprendi com a pandemia: adaptação e resiliência. E de não me incomodar com as risadas dos meus irmãos, sempre tão certeiros e impiedosos, como se fossem os soberanos da gastronomia.
Afirmar o meu modo de fazer e sentir, ainda que incompreendido pelos outros, é uma lição de clareza da pandemia para a vida.
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