Notícia importante: https://oglobo.globo.com/cultura/modelo-presa-por-usar-trajes-inadequados-durante-sessao-de-fotos-em-piramide-no-egito-24784905
Essa notícia é importante porque nos permite raciocinar em diversas direções:
1) Sobre o caráter simbólico dos bens culturais e como eles impõem uma noção de "decorum". A forma de utilizar e reproduzir os monumentos deve ser compatível com a sua importância simbólica.
2) A falta de decorum pode significar uma ofensa grave ao que o monumento representa. No caso, as pirâmides são símbolos do Egito, e conspurcar a sua imagem é potencialmente ofender a todos os egípcios.
3) Por que a imagem dessa mulher é indecorosa? Seria diferente das imagens das mulheres pintadas nas pirâmides?
4) O que seria o limite do decoro neste caso? Existem normas específicas que prescrevem como as pirâmides podem ser retratadas?
Em alguns países há restrições quanto ao que pode e não pode ser retratado ou reproduzido.
5) Quem ou o que se ofendeu com o retrato da mulher? Tratou-se evidentemente de uma fantasia, uma consequência da própria propaganda que se fez do patrimônio arqueológico egípcio há séculos.
Misterioso, exótico, cheio de perigos, maldições e ouro: essa é a fantasia que recobre a Arqueologia do Egito e que vende pacotes turísticos.
6) Fiquei com uma dúvida: será que a vedação é por que as fotos ocorreram in situ, ou as consequências seriam as mesmas usando apenas a imagem da pirâmide como fundo?
7) Será que se consideram ofensivos alguns filmes como Cleópatra, protagonizado por Elizabeth Taylor? Ela era mais sexy do que as fotos proibidas.
8) Há outros atos considerados ofensivos no trato do patrimônio cultural, obviamente que não sejam roubo, furto e vandalismo?
9) As fotos seriam consideradas inadequadas se não tivessem relação com monumentos? Ou ser em um monumento é um agravante?
10) Quais são as consequências jurídicas e sociais para a modelo e o fotógrafo?
Vou tentar acompanhar os desdobramentos do caso e colocar o que encontrar nos comentários.
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