O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Mabruk

Quando eu era pequena, tinha fascínio por um livro.  Ele era grande, com umas figuras douradas na capa, cheias de curvas.

Um dia perguntei ao meu pai o que significavam aqueles desenhos e ele disse, para o meu espanto, que eram letrinhas. Não eram, não.  Eu sabia algumas letrinhas e aquilo não tinha nenhuma correspondência.

- Fabiana, isso é árabe.  Essas letrinhas são árabes.

Imagine... letrinhas lindas que eu não conseguia ler.  Esse foi um mistério que ficou na minha cabeça.  Anos depois, tive a oportunidade de estudar essas letrinhas com um professor muito interessante, que é o tema deste post.

Mabruk vagou pelas minhas memórias nessa semana.

É um senhor idoso, muçulmano e muito sério, que ensinava árabe para estudantes brasileiros em uma mesquita na minha cidade.  Tive a oportunidade de aprender todas aquelas letrinhas lindas e, finalmente, entendi o título do livro: As mil e uma noites.

As minhas lembranças das aulas são preciosas.  Foi um tempo em que eu e dois dos meus irmãos estudamos juntos na mesma classe, o que por si só já era motivo de muita diversão.  Depois, entramos em contato com uma cultura e uma religião desconhecidas, mas da maneira correta, com informação de qualidade e sem preconceitos.

E tivemos a oportunidade de conhecer uma das pessoas mais interessantes.  "Mabruk", em árabe, significa Felicidade, ou felicitações. "Barabéns", como explicou um dia o mestre. A lição mais importante que ele me deu foi exatamente de felicidade, e de uma serenidade que só é alcançada por aqueles que têm a convicção de trilhar o caminho correto. Um dos muitos caminhos corretos que podem existir.

Estudei árabe e cultura árabe durante alguns anos, o que evidentemente não foi suficiente para alcançar a proficiência na língua. Considero-me semi-alfabetizada, e, com certeza, muito menos ignorante.

3 comentários:

  1. E, falando em língua árabe, lembrei que muitos escravos trazidos para a minha região falavam árabe, sendo notável o episódio denominado " A Revolta dos Malês".

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  2. Mabruk, lembrei do senhor de novo agora. Lembro da primeira vez que o professor presenciou um bloco de carnaval, que passou em frente à casa dele.

    O bloco dos cornos.

    Na aula seguinte, depois de passadas as festividades, ele veio me falar, com ar de escândalo, que alguns homens passaram em frente à casa dele, rindo e festejando porque haviam sido traídos pelas esposas. A-D-U-L-T-É-R-I-O. Eles estavam festejando o adultério.

    Aí eu expliquei: não, mestre, veja bem não é o adultério de verdade, é só uma brincadeira...ele não se convenceu.

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  3. Em janeiro de 2015, lembrei do meu mestre e das aulas de cultura e religião árabe. Imagino que deve ser difícil para os muçulmanos ver tantos crimes serem praticados em nome do profeta.

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