O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









terça-feira, 13 de agosto de 2013

Mudanças

Eu sou uma pessoa do meu tempo, contemporânea, mas parece que o meu tempo está passando. Antes, para alguém começar a falar "na minha época" demorava pelo menos umas duas gerações. Eu, por outro lado, comecei a me sentir obsoleta no cotidiano, quando comecei a perceber que o que eu falo não é inteligível para pessoas de vinte e poucos anos e que boa parte das coisas que eu conheço está mudando.

Por exemplo, coisas comuns para mim que estão entrando em extinção (ou mudando de forma):

- Jornais e revistas estão desaparecendo ou se tornando mais virtuais.  A profissão de jornaleiro, tal como antigamente aconteceu com os acendedores de lampião e fabricantes de sino, está em extinção;

- As vídeo-locadoras, coqueluche do momento nos anos 90, parece que estão fadadas a desaparecer.  Na minha cidade, depois de vários meses sem alugar nenhum filme, resolvi ir a uma locadora e percebi que havia fechado.  O mesmo destino seguiram outras empresas.

-  A tecnologia parece substituir a conversa presente entre as pessoas, que precisam de intermediação. Na semana passada fiquei assombrada quando vi seis pessoas em uma sala, que não conversavam entre si mas pareciam velhas senhoras fazendo crochê com seus aparelhos de celular.  A diferença é que as vezes o crochê e a tapeçaria eram só um pretexto para reunir pessoas para conversar, além do que, evidentemente, saíam produtos como toalhinhas, passadeiras, sapatinhos.

- As crianças falam coisas ininteligíveis, e os adolescentes fazem coisas ininteligíveis para mim.  Será que meus pais se sentiram assim?

 - Nasci em outro milênio e aprendi a minha língua sob regras que mudaram.  Eu achava tão engraçado quando minha avó ia escrever a palavra coco, por exemplo: côco. Com acento circunflexo no primeiro o.  A minha tentação era sempre ler cocô (fezes), mas ela me corrigia com aquele ar enfadado.

Pois bem, sofri uma alteração ortográfica no curso da minha breve existência, e não consigo me adaptar aos novos tempos.  Sempre escreverei óptico, e sempre vou colocar hifens e acentos.

Tudo está mudando ao meu redor.

5 comentários:

  1. Eu adorava ler o caderno de receitas da minha avó, especialmente o "Bolo de Côco".

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  2. Definitivamente, estou me tornando rapidamente obsoleta. Não conheço nem a metade das músicas que estão rolando, que por sinal agora vêm sempre acompanhada com uma estressante dancinha, não conheço os artistas, e nem consigo acompanhar as notícias.

    O que está acontecendo no Brasil? Desde quando a gente presta atenção em quem pegou fulano, ou se fulana vai casar com sicrano, e se beltrano foi à farmácia?

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  3. Tua vo tinha receita de "bolo engorda marido"??? A minha sim!! :D

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  4. Não conheço esse bolo. A minha receita de "engorda marido" é hambúrguer.

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