O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









quinta-feira, 1 de maio de 2025

1º de Maio - Dia do Trabalhador

O trabalho dignifica quando garante a subsistência, viabiliza os sonhos e objetivos, e permite que o ser humano desenvolva as suas capacidades.

Esses itens constituem o que eu considero o cerne da felicidade no trabalho, autônomo ou com vínculo empregatício.

Eu sou feliz com o meu trabalho, e tenho dois empregos que me permitiram realizar muitos objetivos, e alguns sonhos, mas principalmente contribuíram para o meu enriquecimento pessoal. Por causa do meu trabalho tive que me capacitar, estudar, viajar e conhecer pessoas, e milhares de processos que, no final, são histórias e situações que as pessoas passam e nos ensinam pela experiência. 

Sem dúvida sou uma pessoa melhor, e minha vida é muito mais interessante, por causa do meu trabalho.  Tão interessante que eu decidi, nas horas vagas, criar um blog para falar de aspectos da minha vida profissional, do que eu estudo, escrevo, observo e de tudo que contribui para ampliar a minha compreensão para que eu possa trabalhar melhor.

Nesse feriado desejo a todos nós, trabalhadores, felicidade e crescimento, segurança e remuneração digna, lazer e tranquilidade para trabalhar melhor, nunca esquecendo porque essa data comemorativa foi criada.




quarta-feira, 30 de abril de 2025

Citações sobre a memória - Bhagavad Gita

 "Quando alguém contempla os objetos dos sentidos, o apego a estes surge; do apego vem o desejo, do desejo surge a raiva (62).

Da raiva surge a ilusão; da ilusão, há perda de memória; da perda de memória ocorre a destruição do discernimento; e com a destruição do discernimento, a pessoa está perdida (63)"


Referência.

Bhagavad Gita: o essencial.  São Paulo: Morada da Mãe Divina, 2023, p. 59.

segunda-feira, 28 de abril de 2025

Guiana Brasileira

Não tenho o hábito de participar ou contribuir com tretas, mas a questão da Guiana Brasileira chamou a minha atenção nessa semana.

A questão decolonial ou colonial reversa envolvida (ou quase) soma-se a um histórico de brincadeiras sobre a relação Brasil/Portugal que não nos passou despercebido.

A preservação do patrimônio imaterial português é fonte de permanente preocupação, principalmente  as questões da Língua Portuguesa, do sotaque e das formas de expressão.  Essa treta iniciou porque, em um cumprimento pela contratação de uma jogadora portuguesa, foram usadas expressões "brasileiras", o que foi motivo de reação.

A reação deve ser compreendida no contexto da preocupação com a preservação e reafirmação da identidade cultural portuguesa, fortemente enraizada na língua e nas formas de expressão. 

Já a reação brasileira, em tom jocoso obviamente, transforma Portugal em uma colônia brasileira digital, renomeando topônimos (que também são um patrimônio cultural português), a ponto de mudar o nome da Nação para Pernambuco em Pé (devido à extensão e formato do território), Faixa de Gajos ou Porto de Gajinhas.

Brincadeiras à parte não há dúvidas de que o Brasil exerce uma forte influência cultural, não só em Portugal mas nos demais países lusófonos, e que há uma certa ansiedade quanto a deixar de ser quem é.

Essa ansiedade pode ser gerenciada quando são identificados aqueles elementos culturais essenciais à identidade, que não se referem apenas ao que se convenciona apontar como patrimônio cultural, mas que estão difusamente enraizados nos elementos formadores do Estado, como o povo, o território, o governo (forma de Estado e de Governo, sistema, regime político), e na forma como esses elementos são promovidos ou obliterados.

Fiz uma  discussão quanto às formas de preservação desses elementos culturais do Estado (ou da nação) no livro Nação Enraizada - Estado, identidade e preservação, que publiquei em 2024.

Não vou fazer discussão teórica sobre memes, mas posso considerar o que nessas brincadeiras gerou reação e incômodo para entender quais são os elementos culturais mais caros aos portugueses. Eu ri muito, mas se não for engraçado, desde já peço desculpas.

Agora, por causa da brincadeira, a Guiana Brasileira já possui municípios, hino, bandeira (ainda em elaboração), e outros elementos que podem contribuir para que se torne um lugar lendário, como aqueles apontados por Umberto Eco.

O novo Estado ultramarino brasileiro é sem dúvida muito interessante.


segunda-feira, 21 de abril de 2025

Papa Francisco

 Em 21/04/2025 o Papa Francisco virou estrela.

Tristeza.

quarta-feira, 26 de março de 2025

8 de janeiro e 26 de março

 8 de janeiro de 2023 foi a culminância da tentativa de golpe de Estado no Brasil.

26 de março de 2025, recebimento da denúncia contra acusados de serem os responsáveis pela tentativa de golpe de Estado, nominando autoridades que deveriam defender a legalidade e não o fizeram.

Que o devido processo legal nos dê conhecimento e sabedoria para fortalecer as instituições e criar um patrimônio democrático que possa ser legado às futuras gerações, para que elas não passem por traumas de rupturas tentadas ou consumadas.

domingo, 16 de março de 2025

16 de março de 2020

 Esse foi o dia em que as medidas sanitárias pela prevenção do COVID-19 (cf. https://direitoamemoria.blogspot.com/2024/05/impressoes-da-pandemia-vol-12-memoria.html) foram implementadas na minha cidade.

Na verdade, em 29 de fevereiro de 2020 eu já estava em isolamento voluntário porque assisti às reportagens sobre o que estava acontecendo na Itália.  As pessoas lá estavam gravando vídeos e postando conselhos nas redes sociais, e podem ter ajudado a salvar muitas vidas. 

Em 16 de março de 2020 eu já estava há 15 dias isolada.  

Eu sei, eu lembro, dos efeitos que esse isolamento prolongado causou em mim.  Quem me conhece diz que eu mudei bastante, inclusive porque aprendi a cozinhar e adquiri ou gosto bizarro por fazer faxina.

Lembro também do medo e da incerteza constantes.

Sem dúvida um trauma tão profundo marcou a memória coletiva de forma indelével, mas as pessoas não expõem as suas lembranças com frequência embora alguns vestígios possam ser claramente percebidos. Fico pensando se não é algum tipo de repressão, essa forma de esquecimento ativo e motivado que exige uma constante atuação para evitar que os fatos venham à superfície.

O trauma é um material mnemônico que exige formas específicas de lembrar e esquecer.  Parece que as pessoas optaram por não lembrar ou negar os fatos, e isso não é apenas um erro, mas também é um modo de negar os anticorpos que a experiência proporciona. 

Em mim, uma das sequelas mais notáveis foi desenvolver ansiedade ao realizar a chamada da presença dos alunos. Lembro que durante a pandemia quando alguém faltava mais de uma aula eu já procurava saber notícias, e ficava com angústia daquela situação que ainda sinto de maneira atenuada. 

Precisamos lembrar e aprender para que nunca mais surjam curas milagrosas, remédios falsos, falsos salvadores.  Acreditar na Ciência, e desconfiar daquelas pessoas que a negam.

É preciso, por incrível que pareça, afirmar o óbvio: que a COVID-19 existe, continua matando, que o isolamento e a vacina salvam, e que muitas pessoas optaram por propagar o vírus ao invés de combatê-lo.



segunda-feira, 10 de março de 2025

A sobrevivência dos Estados, ou prelúdio da falência de uma Nação (2)

No post anterior (https://direitoamemoria.blogspot.com/2023/12/a-sobrevivencia-dos-estados-ou-preludio.html?sc=1741597340248#c2840406408101793123) começamos a refletir sobre a falha de Estado, que pode ser causada por vários fatores, inclusive pela redução abrupta e desmedida de funcionários públicos levando à  corrosão da funcionalidade do sistema. 

Um Estado-Nação - modelo de organização política que experimentamos contemporaneamente - existe para cumprir certas funções de interesse coletivo.  Brasil, Japão, Argentina  e mais 190 Estados integrantes da ONU compartilham um modo de ser, uma jeito peculiar de estruturar serviços, embora a forma de fazê-lo e os objetivos sejam bastante diferentes. 

Dependendo da sua posição ideológica o Estado pode ser essencial, necessário ou um mal necessário, mas nunca desnecessário. Mesmo quem defende um Estado mínimo deve estabelecer qual o mínimo suficiente para garantir a operacionalidade  e a capacidade de sobrevivência da organização política.

O Estado tem que manter condições mínimas para ser reconhecível enquanto tal. Em uma situação de normalidade legal as mudanças da estrutura administrativa ocorrem gradualmente, permitindo a adaptação que garante a sobrevivência da organização.

As falhas de Estado abruptas  geralmente são causadas por eventos naturais (um tsunami por exemplo) ou guerras. Nesses casos não há a possibilidade de controlar o serviço por fatores externos e alheios à vontade da organização, e a falta de serviço pode levar ao caos.

Pela primeira vez podemos observar uma falha de Estado intencional e generalizada, onde os órgãos e entidades administrativas federais estão sendo reduzidos ao ponto de comprometer a capacidade de prestar serviços de interesse coletivo e garantir direitos fundamentais.

Levar a estrutura administrativa intencionalmente ao ponto da falha é um grande risco, pois há um momento sem volta em que as instituições e o povo estão desagregados e devastados, e não necessariamente serão efetivas as intervenções restaurativas.

Quando se trata de um corpo de funcionários públicos especializados demitidos, como controladores de vôo por exemplo, é extremamente difícil recompor a funcionalidade do serviço, seja em número, seja em qualidade.  Assim como demora para criar o serviço e fazê-lo funcionar, retomar exige uma série de atos que demandam tempo, e às vezes mais recursos do que mantê-lo.

É por isso que o Estado precisa ter uma categoria ou um número de servidores que não sejam demissíveis para garantir a continuidade da Administração, mas também para garantir a  sua autonomia funcional.  Aqui vale fazer a distinção sempre útil entre governos e Estado: governos e governantes passam, o Estado deve permanecer, e isso só é possível quando os recursos humanos e materiais não estão à total disposição do voluntarismo de quem temporariamente  o dirige..

Avançar contra os recursos materiais do Estado, e contra os recursos humanos, é a maneira mais rápida de causar a falha. Alguns Estados, pela sua forma federativa, podem estar mais protegidos dessa falha sistêmica mas isso não significa que estão protegidos das avassaladoras conseqüências, cuja recuperação é caríssima e será paga por todos. Se houver possibilidade de reorganização.

Enquanto o serviço essencial não é prestado o que acontece?  Quando um Estado deixa de sê-lo, perde suas características e funcionalidade, o que ele se torna?

Observemos.