Em 03/09/2025 foi publicado o livro "Patrimônio Cultural e Meio Ambiente - Direito, Memória e Sustentabilidade" pela Editora Juspodivm, e foi uma oportunidade de encontrar, pensar e aprender junto com os amigos. O meu capítulo se chama "Uma trilha ecológica para o patrimônio cultural", e tem como objetivo contribuir para um conceito legal-operacional de patrimônio cultural ecológico.
DIREITO À MEMÓRIA
Neste blog desmascaramos esta mentira.
domingo, 7 de setembro de 2025
Capitulo publicado (2025) - Fabiana Dantas
sexta-feira, 22 de agosto de 2025
Patxohã - Língua de Guerreiros (2016)
A luta das comunidades pela sua memória coletiva e individual é uma das facetas mais importantes do direito à memória.
Lutar para ser quem é, e conseguir passar essa identidade adiante, é para alguns grupos a forma mais urgente de sobrevivência.
Os povos originários do Brasil possuem uma cultura diversa, formas de fazer, sentir e modos de viver que são a base da sua autonomia e da sua identidade.
Proteger a sua identidade, a sua vida e o seu modo de vida é uma tarefa incessante, e até incompreensível para quem não passou por essa experiência de trauma geracional.
O documentário Patxohã Língua de Guerreiros (2016) mostra como a memória é uma conquista, e que o direito que lhe corresponde só pode ser efetivo se defendido permanentemente.
Para assistir:
sexta-feira, 1 de agosto de 2025
Cromo
A minha mãe me pediu um cromo e eu não sabia o que era.
Perguntei como ela queria, só para não mostrar a minha ignorância, e respondeu que queria um normal e completo.
Gente, existem cromos anormais e incompletos? Que coisa mais esquisita é essa de que eu nunca ouvi falar?
Procurei no Google e aprendi que pode ser um elemento químico ou fazer referência à cromolitografia, e nada disso me ajudou.
Finalmente, resolvi perguntar e ela disse que era aquele negócio que tem os dias.
Compartilhei a minha angústia com os meus irmãos e um deles sabia que era sinônimo de calendário, porque o meu avô chamava assim.
Ontem meu irmão levou um cromo para ela, com todos os meses e dias do ano de 2025, normal, completo e brilhante.
Agora o tempo está correndo e eu tenho que procurar o próximo cromo.
sexta-feira, 18 de julho de 2025
Brinquedos tradicionais (2): Rói Rói
Brinquedos são bens culturais materiais, que são usados em práticas identitárias (imateriais). São patrimônio e também divertidos.
É um exercício do direito à memória voltar a brincar, não só porque sou adulta há muito tempo e brincar ajuda a manter o espírito ativo, mas também porque é uma ótima oportunidade para ensinar às presentes e futuras gerações da minha família um modo de viver e fazer diferentes.
No primeiro post desta série "brinquedos tradicionais" trouxe Mané Gostoso, esse ginasta incansável (https://direitoamemoria.blogspot.com/2019/10/brinquedos-tradicionais-1-mane-gostoso.html), e agora apresento o rói rói:
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Rói Rói - Brinquedo tradicional. Foto: Fabiana Dantas |
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Verso do Rói Rói - Foto: Fabiana Dantas |
Esse brinquedo é uma graça. Muito simples mas com um potencial de fazer barulho enorme.
O nome rói rói vem do som que ele faz ao girarmos. Para brincar é só segurar nesse galho e girar a parte circular, roendo a paciência de qualquer vivente que esteja perto de você.
Esse rói rói da foto é um presente de Tia Fabiana para Ramiro (https://direitoamemoria.blogspot.com/2020/06/ramiro.html), que está levando muito a sério brincar com brinquedos tradicionais. Os pais de Ramiro, por outro lado, já disseram que não querem um rói rói em casa.
Gosto muito de rói róis e matracas, e da sua forma veemente de expressão.
Hoje só conseguimos comprar esse tipo de brinquedo nas feiras tradicionais, então vou sempre com uma lista de compras para não esquecer de comprá-los, enquanto como pastel de vento, que também só são encontrados lá.
terça-feira, 24 de junho de 2025
Viva São João!
Aqui na minha região celebramos o São João com comidas típicas feitas com milho, danças, músicas e ainda muitos fogos de artifício.
Nessa época o meu lugar fica encantado e cheio de fumaça das fogueiras, e de lembranças das festas na casa da minha avó.
Eu, que nunca fui de duvidar de lendas, acabei sendo perseguida por um buscapé, e tive que pular um muro para não ser alcançada.
Também pulei fogueiras e quase andei sobre as brasas mas o bom-senso, ou mais provavelmente a minha mãe, me impediu no último momento.
As festas juninas são lembranças coloridas para mim, e que todos os anos tenho o prazer de revisitar.
Bom São João para todos!
segunda-feira, 26 de maio de 2025
Onde está?
No dia 24/05 foi o meu aniversário, e eu pensei que iria acordar totalmente sábia e madura.
Quando é que a idade vai trazer sabedoria?
Onde está esse presente que me prometeram?
Tudo enganação. Continuo a mesma de anteontem.
Puff!
sábado, 24 de maio de 2025
Meu aniversário - 2025
Neste ano da Graça de 2025 cheguei à idade da razão. Supostamente um tempo em que o amadurecimento traz sabedoria, e a tranquilidade dela decorrente, e certezas de uma identidade construída ao longo das décadas.
É uma idade em que já sei quem sou, de onde vim, vou para onde eu quero ir, e já posso olhar o filme da minha vida como algo que tem um conteúdo.
Gosto de pensar na vida das pessoas como filmes biográficos, e toda pessoa tem uma história para contar sobre si mesma. Não o que ela pensa sobre si - sempre uma forma de auto-ilusão ou defesa - mas o que ela imprimiu no tecido da vida. Observo os fatos e deixo que falem.
No filme da minha vida, a trilha sonora é uma parte fundamental. Músicas que remetem à infância (https://direitoamemoria.blogspot.com/2014/01/lembras-disso-3-musicas-do-jardim-da.html); músicas que nos acompanham nos rituais familiares (https://direitoamemoria.blogspot.com/2019/08/patrimonio-cultural-familiar-5-as.html) e que constroem a sua memória sonora; e músicas que fazem parte da nossa vida ou conseguem traduzir a nossa personalidade (https://direitoamemoria.blogspot.com/2025/02/fragmentada.html, https://direitoamemoria.blogspot.com/2018/06/lembrar-cassia-eller.html, https://direitoamemoria.blogspot.com/2021/03/lembrar-astor-piazzolla.html), como se fossem feitas para mim.
Nesse momento da vida, e relembrando, tenho certeza que o tango traduz a intensidade e a dramaticidade e o percebo na minha forma de encarar o mundo.
Mas também é o momento de reconhecer que superei algumas músicas:
a) Não acredito mais em Djavan e no seu "Amor puro" (https://www.youtube.com/watch?v=hh9WgYHRuhU). Vivi o bastante para saber que esse sensação é efêmera, e o amor de verdade não tem essa leveza. É combate, consistência e permanência orientada pelo bem do outro.
b) Tenho saudade do tempo de "Lua e Estrela", de Vinicius Cantuária, na voz de Caetano Veloso (https://www.youtube.com/watch?v=YfTbodFOlIA. Saudade da minha adolescência na praia iluminada, onde um raio de sol poderia revelar a poesia em um simples anel com uma lua e uma estrela. Aquele sentimento, tão juvenil, também não existe mais.
c) O mundo não é mais tão simples como se fosse uma "Paisagem da Janela", de Lô Borges e Beto Guedes (https://www.youtube.com/watch?v=6GMSEiN-PJ0). Depois de décadas estudando o patrimônio cultural e a memória coletiva, a minha forma de ler o mundo e os sinais, de glória ou da falta dela, já não parte de um olhar inocente.
Canções como essa trazem emoções de um tempo que passou, mas eu as passo adiante. Apresento essas canções às novas gerações para que possam fazer parte da trilha sonora da vida delas.
É tempo de entender melhor algumas canções e saber que elas farão parte para sempre da minha vida, ainda que o seu significado mude comigo (https://direitoamemoria.blogspot.com/2014/07/dez-musicas-brasileiras-que-eu-adoro.html). Romaria, Construção e Reconvexo vão comigo para todos os lugares na memória.