O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Carestia

Nessa semana muito se discutiu sobre o preço dos alimentos, combustíveis, e dos serviços que todos hoje precisam para viver como fornecimento de luz elétrica, água, esgoto e telefone, e como houve um aumento generalizado do custo de vida durante a pandemia.

Então lembrei que quando eu era pequena a inflação era uma presença marcante nos lares brasileiros (http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/05/memoria-brasileira-inflacao.html), uma visita indesejada que deixava a todos inquietos e tinha o nome interessante de "Carestia".

"Carestia" é uma palavra engraçada porque parece nome de gente: é a tia de alguém; D. Carestia, a vizinha fofoqueira, ou aquela mulher que incomoda todo mundo.

Carestia e inflação em Português são palavras do gênero feminino, e eu me pergunto se aí não haveria um recorte indevido e uma vontade de colocar a culpa do estouro do orçamento doméstico no lado feminino da corda, justo onde ela sempre arrebenta.

Enfim, as mulheres levam a culpa do orçamento doméstico estourado porque em geral são elas que adquirem produtos para todos e para a manutenção da casa.  Os gastos atribuídos ao feminino na verdade são coletivos e para o bem comum.

Ninguém mais fala em carestia, embora ela continue existindo, e é por isso que eu voltei a usar essa palavra.

domingo, 22 de agosto de 2021

Memória da pandemia: construindo o passado

A pandemia está virando passado no Brasil, embora isso não corresponda totalmente à realidade da superação da doença. O advento da vacina e a redução diário do número de mortes criou uma expectativa de que tudo passou, diluindo o corpo da pandemia até quase a sua invisibilidade.

Enquanto a pandemia vai se tornando passado, é preciso selecionar o que será lembrado.  O que, no meio dessa situação tão dramática, se mostra digno de marcar a memória coletiva.

Na minha experiência, a sensação de perda é algo que vou lembrar enquanto viver. A sensação de ver um mundo, uma época morrendo é terrível.  

Quando a Universidade em que leciono fechou eu me despedi dos meus alunos, e alguns faleceram ou tiveram o curso das suas vidas mudados irreversivelmente pela pandemia.  Nada vai ser como antes.

Eu fiquei doente e ainda estou sofrendo os efeitos da COVID-19. Eu não estou como antes.

Essa foi uma experiência de sincronia da Humanidade, no nosso tempo.  Eu e os meus contemporâneos (vocês) vamos legar às futuras gerações informações que poderão ajudá-las em situações de grande necessidade.

O que nós vamos lembrar para os outros?




quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Quarentena?

Estou fazendo relato dos diversos períodos de quarentena em razão da pandemia de COVID-19 que nos atingiu desde 2020 ( https://direitoamemoria.blogspot.com/2021/04/dez-quarentenas-20042021.html ),  e esse último está um pouco diferente e confuso.  

A pandemia continua mas parece que aos poucos as pessoas estão esquecendo dela, e retornando à suposta "vida normal" de antes, sem que exista uma orientação específica e apesar de que diariamente ainda estão morrendo muitas pessoas e de que aqui circulam todas as variantes com letras gregas de que temos notícia.

O corpo da pandemia parece estar se diluindo na memória das pessoas.   Já há mais vacinados, e não se veiculam tantas notícias como antigamente nos meios de comunicação, mas na realidade limitada e próxima de cada um os relatos de tragédia continuam.

A pandemia é uma realidade que está se fragmentando, e parece que o meio de "terminá-la" vai ser naturalizar um patamar de mortes considerável como aceitável.

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Voz

Nessa semana fiquei triste e chocada com o assassinato de Christiane Louise de Paula da Silva, que fazia a dublagem de diversos personagens em filmes e programas de televisão.

Fiquei pensando como as vozes dos dubladores invadem a nossa memória individual ao ponto de, ao lembrar de determinados filmes, é o seu áudio que compõe as lembranças.  Não consigo lembrar de Harry Potter sem a voz do dublador Caio César, que era também policial e acabou morrendo em serviço.

Ou de Orlando Drummond, talvez um dos maiores artistas da dublagem do Brasil, que faleceu aos 101 anos de idade em 27/07/2021 após uma longa e prolífica carreira. A sua dublagem é incrível e os personagens aos quais ele deu voz não seriam os mesmos sem ela.

Lembro bastante da bela voz de Christiane Louise, e sinto tanto pelo que aconteceu com ela.  Agora, quando ouvi-la nos programas vou lembrar da tragédia que atingiu a dona daquela bela voz, mais uma vítima de homicídio no Brasil.



quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Parapsicologia

Essa palavra imediatamente me faz lembrar do Padre Quevedo, com o seu sotaque espanhol tão lindo dizendo coisas assustadoras em Português.

Mas esse post não é sobre ele, e sim sobre a primeira vez que eu ouvi falar em Parapsicologia.

No meu colégio tínhamos uma feira de ciências anual muito interessante, e uma ampla liberdade para falar sobre qualquer assunto.  As pessoas inscreviam o seu trabalho e durante uma semana todos podiam assistir a todos os trabalhos.

Havia o estímulo para que todos prestigiassem o trabalho dos pequeninos e era legal ver o diálogo entre as diversas faixas etárias. Por outro lado, os pequenininhos como eu podiam assistir a todos os trabalhos, e não havia censura e nem direcionamento para temas específicos.

Alguns trabalhos ficaram famosos e entraram para a memória coletiva do meu colégio, como o trabalho da minha irmã sobre doença de Chagas.  Ela levou um coração de verdade que mostrava os sintomas da patologia, e todos ficaram bastante impressionados.

Para mim, o trabalho que realmente marcou foi o da Parapsicologia. Era tão concorrido que tinha fila de espera para entrar na sala, e funcionou como sessão de cinema. As pessoas saíam assustadas e passavam suas impressões adiante.

Eu me inscrevi e consegui assistir à palestra com o renomado parapsicólogo.  Não fiquei assustada, mas muito interessada sobre aquelas informações tão diferentes do que eu estava acostumada.

Houve fotos, vídeos e relatos, todos acompanhados pelas caras e suspiros de surpresa da platéia.  Eu entendi o que estava sendo dito, mas fiquei interessada mesmo foi no efeito daquilo tudo nas pessoas.  Lembro que a impressão duradoura para mim foi de como as pessoas receberam e depois repassaram a informação.

Acho que ali eu já estava interessada na memória coletiva, só não sabia que o meu amor tinha um nome.




sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Panela de pressão

Eu uso como metáfora, já que não sei cozinhar o suficiente para usar o objeto.

A minha mãe não deixa.

Uma das minhas lembranças mais antigas é minha mãe mostrando um fogão e dizendo que eu não podia chegar perto dali.  Levei essa ordem a sério e só fui aprender a cozinhar em 2020, quando fui obrigada pela pandemia e após passar meses em dieta crudívora.

Estou evoluindo para usar panelas de pressão, e nas próximas semanas vou aprender a fazer comidas que a exigem, como feijoada e chambaril, sob supervisão rígida e atenta dos meus pais.

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Artigo sobre autenticidade - divulgação

Publicado por Albino M. Santos Dantas na Revista Herança: https://revistas.ponteditora.org/index.php/heranca/article/view/443/297

O título é "Autenticidade como valor - aspectos de uma concepção de autenticidade no patrimônio", pp. 39 a 53 da revista.