O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









domingo, 27 de setembro de 2020

Dia de São Cosme e São Damião

27 de setembro é uma data comemorativa em que celebramos a memória dos Santos Cosme e Damião, e por sincretismo religioso também entidades infantis (Ibeji) nas religiões afrobrasileiras.

Digo "comemoramos" porque apesar de não ser devota e católica, nem praticante de religiões afrobrasileiras (http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/06/fazei-isso-em-memoria-de-mim.html), sou adepta da liberdade de crença e disposta a aprender sobre todos os caminhos que ampliam os horizontes do espírito, além do que a festa de São Cosme e São Damião é deliciosa, pela distribuição indiscriminada de doces.

Uma das minhas memórias queridas da infância é, exatamente, de uma vizinha praticante de candomblé que distribuía doces às crianças por obrigação religiosa.  Todos os anos eu aparecia na porta dela, várias vezes, e ela sempre me entregava doces com um sorriso no rosto, mesmo sabendo que eu já havia recebido e devorado o meu quinhão.

Eu cresci comemorando o dia de São Cosme e São Damião com essa senhora, e lamentei quando ela se mudou depois de algumas décadas, pois continuei indo buscar doces e pipoca mesmo depois de tecnicamente haver ultrapassado o mesquinho limite temporal que define a infância.

Nessa data além de comemorar a virtude dos santos e ibejis, lembro agradecida dessa minha vizinha com a qual só mantenho contato nas minhas lembranças e por isso comerei sobremesa três vezes em homenagem a todos.



sábado, 26 de setembro de 2020

Antes da Internet

A série "antes" pretende discutir mudanças e como elas afetam o nosso modo de viver. Já refletimos sobre o mundo antes da luz elétrica, do sistema público de abastecimento, do celular, do plástico, do coronavirus ...E o que mudou agora? Como era o mundo antes da internet?

Você pode não lembrar, mas quando eu cheguei aqui era tudo mato.  Eu sou uma testemunha do mundo antes da internet.

Só tínhamos a televisão, com quatro canais para assistir.  E só podíamos assistir aos nossos programas favoritos quando os deuses televisivos permitiam: o poder de reprodução não estava ao nosso alcance.

Eu sempre gostei de programas musicais de videoclipes, e a sensação era de tirar na loteria quando alguns dos meus preferidos passavam na tv (Ó Fortuna!).  Lembro que fiquei absolutamente estupefacta quando vi pela primeira vez o videoclipe de California Dreamin' dos Beach Boys, pois já gostava dessa canção desde The Mamas and The Papas, e fiquei ali só ouvindo e admirando.

Depois, passei anos esperando que repetissem o videoclip, o que acontecia raramente para a minha profunda tristeza, até que um dia meu pai trouxe um videocassete para casa e eu, pelas estranhas razões do destino, consegui gravá-lo.

Hoje existe o Youtube.  Se você for, basta colocar "Beach Boys" e "California Dreamin'" na pesquisa e, como grande felizardo contemporâneo, conseguirá ver videoclipe que eu persegui durante anos.

A mesma coisa com as pérolas de áudio.  A gente esperava tocar na rádio e deixava a fita cassete engatilhada para gravar.  Eu sempre perdia o início das músicas porque não era tão rápida no gatilho, e a pobre canção Sunday Morning do Bolshoi nunca conseguiu ser integralmente reproduzida.

Estudávamos por enciclopédias, e a minha estava dez anos atrasada.  Sim, era uma época em que não havia computadores pessoais, e todo o nosso trabalho era feito à mão, como infinitos bordados de letrinhas.

O saber estava nas bibliotecas, e ao longo do tempo montei a minha.  Chegou o tempo, entretanto, de deixar os meus livros seguirem adiante, e por isso estou me desfazendo dela.  Eu não leio livros digitais, mas a cada dia tenho mais acesso e interesse pelo material disponível no mundo cibernético.

Quando a internet chegou era uma coisa muito bizarra e maravilhosa, no sentido de causar estranheza mesmo.  Havia apenas aquela com um barulho insuportável de discagem, que demorava a vida toda para fazer alguma coisa, mas que nos permitiu enviar cartas quase imediatas.

E encontrar alguns documentos interessantes.  E adquirir livros outrora impossíveis.  Hoje, todas essas dificuldades são memórias, que eu conto para vocês que não viveram o período.

O mundo antes da internet era muito diferente: mais lento e palpável, menos interessante e acessível.

 

 

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Formas de lembrar (23): colcha de retalhos

 Olha que legal: https://tshirtmemoryquilts.com/

As definições de "colcha de retalhos" foram atualizadas.


segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Formas de lembrar (22): uma live

14 de setembro é o dia do aniversário de Andre Matos, e haverá uma live hoje em sua memória: https://www.youtube.com/channel/UC4YzHaZwAZBx-j7NO4Y_rog

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Ensimesmada

Tenho fascínio por palavras e a minha Língua Portuguesa produz algumas que são absolutamente maravilhosas.

Veja a palavra "ensimesmada": indica o estado ou sentimento de quem está recolhido, concentrado, e  voltado para si.

É a definição de quem, como eu, ficou recolhido durante as quarentenas.  Um tempo dedicado à reflexão de si e ao aprendizado em circunstâncias excepcionais.

Entendo a idéia do "em si mesmo", mas não seria mais lógico dizer que eu fiquei "em mim", ou seja, enmimesmada?"

Bem, a Língua Portuguesa não é exatamente lógica e também não precisa ser porque é bela, e basta.