O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









domingo, 29 de setembro de 2019

Citações sobre a memória - Berger & Luckmann



"O universo simbólico também ordena a história.  Localiza todos os acontecimentos coletivos numa unidade coerente, que inclui o passado, o presente e o futuro.  Com relação ao passado, estabelece uma “memória” que é compartilhada por todos os indivíduos socializados na coletividade.  Em relação ao futuro, estabelece um quadro de referência comum para a projeção das ações individuais. Assim, o universo simbólico liga os homens com seus predecessores e seus sucessores numa totalidade dotada de sentido, servindo para transcender a finitude da existência individual e conferindo um significado à morte individual.  Todos os membros de uma sociedade podem agora conceber-se como pertencendo a um universo que possui um sentido, que existia antes de terem nascido e continuará a existir depois de morrerem" (BERGER & LUCKMANN, 2009, p. 149).

Referência.:

BERGER, Peter L.& LUCKMANN, Thomas.  A construção social da realidade. Petrópolis: Vozes, 2009.

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Relógios (5): Relógio de sol em Óbidos, Portugal

Coleciono imagens de relógios de sol, xingamentos antigos e livros., e  já mostrei quatro anteriormente aqui no blog:


Relógio de sol em uma casa em Óbidos
Esse exemplar está na fachada de uma residência em Óbidos.

É tão emocionante colecionar relógios de sol! Eles são surpreendentes, aparecem inesperadamente em lugares interessantes, e são tão bonitos e úteis.

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Lições do Camino

O camino de Santiago de Compostela é uma experiência profunda, que deixa bolhas e lições: http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/09/caminho-de-santiago-o-post-mistico.html.

Além das lições espirituais, que considero o exercício e consolidação de virtudes, aprendi coisas úteis que agora carrego comigo:

a) Viver com menos e melhor.  Consumir menos e melhor.  Desde Santiago, tenho me esforçado em reduzir tudo e melhorar tudo.  Diferenciar o que é essencial para a sua vida é tão mágico, dá tanta clareza.

E quando desejo fazer alguma coisa que não é essencial mas dá prazer, a auto-indulgência também é mais consciente e prazerosa.  Nada é automático, mas consciente, embora não necessário.

b)  Aproveitar coisas simples.  Quando voltei do Camino, o ato de sentar em uma praça e tomar água já era uma fonte de grande prazer.

Hoje saboreio tomar um café devagar, olhar uma paisagem bonita e conversar com as pessoas sem pressa de uma maneira que não fazia antes.

c) O fato de treinar para saber o que é necessário e fundamental  me levou a fazer mochilas  e malas com rapidez e precisão.  Quando tenho que viajar consigo dimensionar corretamente o que preciso, e para mim sucesso hoje é utilizar apenas e tudo o que levar.

Minha bagagem hoje é de um tamanho ridículo.  E a minha bolsa do cotidiano é mínima: um documento, um celular, alguns trocados e um cartão de banco.

d) Já gostava de viajar, mas depois do Camino adquiri habilidades incríveis para organizar e me adaptar em viagens.  Estou pensando seriamente em testá-las em viagens mais longas e difíceis.

Sonho em conhecer a Mongólia e fazer caminhadas lá. Veremos.

e) Hoje, raciocino sem procrastinação.  Se tenho alguma coisa a fazer - que considero como um caminho a percorrer - vou lá e faço. Pronto.

Outras postagens sobre o Camino:

http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/02/refletindo.html
http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/04/interagindo-com-estatuas.html
http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/02/imagens-do-camino-o-inicio.html
http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/03/imagens-do-camino-o-meio.html
http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/09/camino-de-santiago-coisas-realmente.html

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Exposição Florestas submersas

Essa exposição estava no Oceanário de Lisboa e, sem dúvida, foi uma das experiências mais lindas que eu já tive:

Floresta submersa -Foto Fabiana Dantas

Floresta submersa -Foto Fabiana Dantas

Floresta submersa -Foto Fabiana Dantas

Floresta submersa -Foto Fabiana Dantas
Havia um som ambiente e uma sensação de sonho.  Só ficar sentada olhando as florestas, os peixinhos, foi uma experiência incrível.

Havia uma frase ao final da exposição "nada dura, nada está acabado, nada é perfeito". Eu acrescentaria um "tudo está lindo", mas não quis me meter na filosofia alheia.

sábado, 21 de setembro de 2019

Sintra- 20 anos depois

A primeira vez que fui à Sintra (http://direitoamemoria.blogspot.com/2013/01/) fiquei encantada com aquela paisagem.

Vinte anos depois, voltei a admirar a muralha:



Sintra outra vez.  Foto Marcelo Müller

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Parabéns, Robinson!

Felicidades!

O meu irmão, que hoje faz aniversário, é um talentoso colaborador do nosso blog.  Aqui, podemos ver algumas de suas obras que, gentilmente, permitiu o uso para ilustrar nossas idéias:

Sobre Paleontologia Imaginária: http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/06/palentologia-imaginaria.htmlhttp://direitoamemoria.blogspot.com/2011/12/paleontologia-imaginaria-3-pterodactilo.htmlhttp://direitoamemoria.blogspot.com/2012/06/paleontologia-imaginaria-6-pegada-de.html.

Dono de um quintal fabuloso:http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/10/lugar-inesquecivel-o-quintal-do-meu.html, onde habitam o saci e outros seres fantásticos: http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/01/o-dia-do-saci.html

Um drakkar: http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/07/o-drakkar.html

Apoio pedagógico: http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/11/trabalho-escolar-de-mateus.html

Além de escultor, também é poeta: https://direitoamemoria.blogspot.com/2012/11/?m=0.

Pessoa interessante, com muitos talentos.  Geógrafo, professor, escultor, pintor, músico, luthier, excelente pai, filho, irmão e marido e, agora, com a sabedoria do passar dos anos, quem diria.

Abraços, big brother.


terça-feira, 17 de setembro de 2019

Wanderlust

Deve ser muito interessante falar alemão, essa língua uniforme herdeira de tantas nações, e que tenta explicar o mundo de forma específica.

Adoro ler sobre palavras em alemão. Tenho algumas preferidas: lebensschatzkiste e vergangenheitsbewältigung, que sintetizam (ou quase) as minhas preocupações e anseios teóricos.

Mas também já as usei para explicar o inexplicável, por exemplo, "schnappsidee".  Já resolvi alguns dos problemas mais intrincados da filosofia, como a quadratura do círculo e porque o universo é infinito e sem fronteiras, sob a influência do álcool.   Uma vez até consegui apagar uma televisão usando um abajur como se fosse controle remoto (http://direitoamemoria.blogspot.com/2013/01/ressaca.html).

Bem, eu não faço mais.  Perdi a capacidade de desligar a tv com o abajur quando parei de beber.

Tudo isso para dizer que estou sentido aquela vontade avassaladora de viajar, de ir ver o mundo.  Pode ser a herança cigana que a família da minha mãe jura possuir, quem sente sabe o que eu quero exprimir, mas só os alemães conseguem forjar uma palavra específica: wanderlust.

Não sei se tenho wanderlust, contraí wanderlust ou sinto wanderlust. Mas é isso aí.


domingo, 15 de setembro de 2019

Uma vista de Lisboa

Voltei, Lisboa, e digo que senti saudades.

Desta vez só de passagem, a missão era outra e específica - ver e amar o Convento de Cristo em Tomar - mas como sempre encantada.

Lisboa e esse mar:

Lisboa e mar
Sento e lembro.  Leio e lembro, vejo e lembro. Ouço e lembro. Caminho e lembro. Lisboa a lembrar.

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Quem é o responsável?

Essa é a pergunta-chave do Tribunal de Nüremberg, e que vale para todos os povos, em todos os tempos.

Responsável é quem fez o que não devia, e quem não fez o que devia.

A memória coletiva é a guardiã das responsabilidades.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Souvenir (18): Óbidos, Portugal


Um copo em forma de torre para beber sangria e brindar em homenagem a Óbidos.

Souvenir Óbidos
A parte de cima da torre é como um chapeuzinho, onde se coloca um canudo.

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Bacurau

Ontem fui assistir ao filme "Bacurau", e entendo o interesse em torno da obra.  Imagino que deve ser fascinante ver uma estória intrigante em uma paisagem tão diferente, tão bonita e tão hostil ao mesmo tempo.

Eu já estive em muitas bacuraus, essa paisagem é uma velha conhecida, tão bem descrita pelos versos de Carlos Pena Filho (http://direitoamemoria.blogspot.com/2014/10/memoria-poetica-carlos-pena-filho-2.html), e a temática do filme também.

Tudo nesse filme é familiar para mim: o cenário, a tragédia, o desfecho.  A ficção nesse caso se aproxima de uma realidade que pode ter existido ou pode acontecer. Talvez os personagens sejam diferentes, os motivos de quem ataca, mas a Bacurau e as razões de quem se defende são sempre as mesmas.

Cada pessoa que assistir ao filme vai criar a sua própria interpretação, o seu próprio juízo e entendimento. Cada pessoa vai destacar e enfatizar algum trecho, alguma cena que mais impressionou.

Do meu ponto de vista, o mais importante no filme foi o convite reiterado para que os forasteiros visitassem o Museu Histórico de Bacurau, mas nenhum deles se preocupou em conhecer a história e a memória daquela gente. Ninguém se preocupou de saber sobre que fatos foram construídas as identidades pessoais e coletiva daquela comunidade.

E aí...

Eu, que conheço essa história, essa gente e as Bacuraus, entendi perfeitamente o que ia acontecer quando vi o acervo do Museu. Não sabia "como", mas sabia o porquê, e isso é a informação que a memória coletiva nos provê.

sábado, 7 de setembro de 2019

Filigrana portuguesa

Quem me conhece sabe que eu admiro ouro em geral.

Tenho a febre do ouro desde pequena, quando conheci o Museo del Oro de Bogota, acompanhado de uma bela e inesquecível explicação sobre mineração que o meu papai nos deu, ele que é um geólogo brasileiro renomado (http://direitoamemoria.blogspot.com/2015/08/papai.html).

O meu avó materno era ourives e tive a honra e a oportunidade de vê-lo trabalhar.  Achava interessante porque ele não fazia jóias, as coisas lindas em ouro que ele fazia eram peças para famosos relógios.  Era um mestre dos mecanismos dourados.

Infelizmente o ofício tradicional de ourives está desaparecendo aqui onde vivo, e as jóias agora são industrializadas.

A minha mãe (http://direitoamemoria.blogspot.com/2015/05/mamae.html), filha de ourives e cigana por tradição familiar (dizem), também adora ouro.  O primeiro presente que as meninas ganham na minha família é um brinquinho, e já saímos da maternidade com as orelhas furadas e brilhando.

Em algumas culturas furar a orelha de bebês é visto como um absurdo, e acho que deve ter alguma repercussão na saúde, considerando o pouco que sei sobre acumpuntura.  Minha sobrinha nasceu nos Estados Unidos, e lá não é costume furar a orelhinha das crianças.  Por isso, ela só ganhou o brinquinho, que já estava comprado e destinado, quando veio nos visitar aos seis meses de idade (http://direitoamemoria.blogspot.com/2015/11/parabens-maria-clara.html).

Tudo isso para dizer que fiquei impressionada e encantada com uma visita ao Museu da Filigrana em Lisboa.  Tanto ouro finamente trabalhado, transformado em obras de arte para embelezar pessoas. Um modo de fazer tradicional, intrincado na história da antiga mineração, que é marca identitária de alguns grupos, e determinante para a sua autoimagem.

Lá conheci um pouco sobre as mordomas de Viana do Castelo, e tive a certeza de que algum dia irei conhecer a Romaria d'Agonia.  Não sei quando, mas definitivamente entrou na lista (https://direitoamemoria.blogspot.com/2016/11/lista-de-desejos-de-fabiana.html?).

Olha só esse pequeno vídeo sobre a festa: https://www.youtube.com/watch?v=3BKjEdJs8eo.  É disso que eu estou falando!  Ouro, festa, comida, ouro, pessoas felizes, ouro, identidade, memória coletiva, patrimônio cultural brilhando.

O Museu da Filigrana no Chiado em Lisboa é imperdível. E, se tiver a oportunidade de ir, não perca a chance de ouro de ter a demonstração que os gentilíssimos atendentes fazem sobre a filigrana portuguesa.

Para mim, o ouro lembra o meu pai e avô trabalhando, a minha mãe com os encantados olhos verdes brilhando, tardes deslumbradas no Museu del Oro, a felicidade de ganhar um novo membro feminino na família, e o dia do meu casamento, quando ganhei um anel que simboliza a acertada escolha de casar com Marcelo.  Essas lembranças são jóias.



quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Desesquecer

Parece com lembrar, mas significa parar de esquecer intencionalmente.

Em geral, o esquecimento é involuntário e decorre do desuso, da irrelevância ou da falta de registro de uma informação.

O esquecimento intencional é diferente: é uma forma de matar a informação aos poucos pelo silenciamento, pelo eufemismo, pelas versões falseadas, pela distração e diversão do foco, pela fabricação de um consenso falso e de uma falsa conciliação.

Desesquecer também é uma forma de cumprir o dever de memória.