Denomina-se "apropriação cultural" a utilização de elementos característicos do patrimônio cultural de um grupo, por indivíduos ou grupos alheios.
Essa idéia, longe de ser nova, está assumindo ares conflituosos nos últimos tempos (de conflito generalizado), em razão de demandas por autenticidade, reconhecimento e visibilidade. Aparentemente, há quem se ofenda por ver elementos do seu patrimônio cultural serem utilizados indevidamente.
A questão é complexa mesmo. Mas, simplificando nesse post, vamos começar com uma constatação e uma pergunta para refletir: essa idéia de apropriação cultural confunde o patrimônio cultural, com patrimônio em geral. E pergunto: há como provar que determinado elemento ou aspecto cultural é originalmente, autenticamente, e exclusivamente de um grupo específico?
Pode ser que esse elemento tão característico e sacralizado tenha sido, ele mesmo, fruto de um processo histórico de apropriação, e isso é normal da dinâmica cultural. Sentir-se espoliado pelo uso de um bem cultural pode ser um sintoma de questões muito mais profundas.
Esse tipo de busca pela origem, raiz, princípio e arquétipo, símbolo da essência e da pureza original, é uma velha conhecida minha (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2015/05/fetiche-do-principio.html), mas já aprendi que a semente não explica a árvore, além de trazer um potencialmente fatal desdobramento (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/07/noruega-crimes-em-nome-da-memoria.html).
Já a busca por reparação simbólica e identidade é um caminho tão variado que dificilmente pode ser reduzido a um ou outro bem cultural. A reflexão vale a pena, então, estudemos.
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