O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









terça-feira, 3 de outubro de 2017

Imortalidade e violência

Assistindo às notícias sobre os atentados em Las Vegas, novamente nos deparamos com a tristeza, o choque e a falta de sentido dessa violência que vitima inocentes.

Como sempre, sobra aos sobreviventes tentar entender a tragédia.  É o momento de tentar paralelos impossíveis com outras tragédias - todas são únicas e incomparáveis- e tentar extrair lições para que tais fatos sejam evitados do futuro, que é uma das funções vitais da memória coletiva.

Percebo a perplexidade dos jornalistas pois este é um caso  clássico da falência das teorias, onde estamos diante de "nenhuma das alternativas acima".  O atirador era homem, branco, rico, não professava ideologias racistas e nem fundamentalismo religioso.

O que fazer quando as explicações tradicionais não são suficientes?  Apelar para outro esquema tradicional de explicação que é a teoria do "lobo solitário".

Já que todos estão dando a sua opinião, vou também manifestar a minha.  Não creio que a melhor maneira seja pensar em "lobos solitários", pois no mínimo é um lobo que se comunica com a matilha antes dele.  Parece existir um grupo de pessoas que se ligam pelo desejo de ser imortais à custa das vidas alheias, marcando a memória coletiva com as indeléveis cicatrizes da dor.

A motivação pode ser individual, sim.   Às vezes, apenas o sujeito chega em uma idade e percebe que a sua vida não foi o que esperava, apesar de ter tudo o que precisava e a possibilidade de realizar o que quisesse.

Se for materialista ao extremo, vai tentar suprir o vazio existencial com coisas. No caso, armas.  Junte o desencanto com armas, e o desejo de se manifestar violentamente, e muitas pessoas vão sofrer.

As pessoas só expressam o que têm dentro de si.  Um indígena vai querer ser Tupã, não Bonaparte. E às vezes as pessoas não se conformam em deixar o mundo sem uma marca, e não querem fazer isso sozinhas: http://www.diariodenavarra.es/noticias/navarra/2017/07/30/un-fallecido-heridos-tras-una-explosion-puente-reina-543943-300.html.

Talvez seja um acerto de contas com o passado familiar, como sugeriram alguns.

Mas evidentemente essa manifestação individual tem que ser contextualizada em uma sociedade e em um tempo específicos.  E essa é a era dos extremos e dos extremistas, que produz as matilhas.


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