Hoje senti uma saudade enorme do meu finado cachorro, que se chamava Pitty.
Um poodle superalimentado e tão mal-humorado que parecia pertencer a outro planeta. Pitty não gostava de crianças, mas minha mãe o considerava uma.
Pitty nunca aprendeu nada que os cachorrinhos usualmente aprendem: não fazia suas necessidades no lugar certo, só fazia as refeições em cima da minha cama e embaixo das cobertas.
Aparentemente, ele achava que eu gostava de encontrar pedaços roídos de galinha embaixo do meu travesseiro.
Avançava contra as visitas e os de casa. Armava emboscadas para nos atacar. Latia para os fantasmas e ficava com um olhar perdido por longos períodos.
Pitty também era obrigado a tomar gemada, assim como todas as crianças da casa mas, diferentemente de nós, podia fazer a maior birra sem levar uma calibragem de mamãe.
Pitty não admitia um não como resposta. Era mimado, não gostava de afagos e só tinha um verdadeiro amor na vida: meu irmão mais velho.
Como diria um antigo ministro brasileiro, cachorros também são pessoas, e aquele era uma das mais difíceis. No entanto, nos amávamos profundamente e não posso lembrar dele senão com saudades e lágrimas nos olhos.
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