O Brasil é o país do futebol, que entre nós assume a face de patrimônio imaterial (http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/07/memoria-brasileira-o-futebol-patrimonio.html), e disso ninguém duvida.
Quarta-feira e domingo são dias tradicionais de futebol. Os outros dias da semana são reservados para os amantes que praticam, jogam a sagrada pelada da sexta-feira, do sábado, até mesmo da segunda-feira, que estão suspensas em razão das medidas de enfrentamento contra o coronavirus.
Hoje, domingo no isolamento, não havia pessoas na rua. Domingo é também tradicionalmente um dia calmo, salvo durante o carnaval.
E tudo parecia normal até que eu ouvi o grito GOOOOL!. Visceral, coletivo e desesperado.
Sim, ainda há pessoas aqui e elas estão se divertindo, torcendo, sofrendo e comemorando. Na final do campeonato estadual, dois dos times centenários da minha cidade se enfrentaram e as pessoas fizeram o que fazem há mais de cem anos: gritam gol e se desesperam positiva e negativamente.
Eu acordei assustada com a gritaria pois, como vocês sabem, estou com covid e passo o dia dormindo mesmo, até porque essa é uma forma de festejar o domingo no isolamento.
Foram muitos gols e muitos gritos. As pessoas xingando os torcedores adversários pela janela, sendo conscientes com o isolamento social mas perdendo a educação, como deve ser.
Apesar de assustada, não pude deixar de sorrir. O meu time igualmente centenário não estava nessa final, mas não importa pois haverá muitas no próximo século.
Ah, mais um domingo, muito grito e desespero de alegria e tristeza. Sim, todos perdendo a educação pelas frestas das casas, gritando impropérios pelas janelas e varandas, em um espetáculo que poderia até ser bonito, se não fosse muito feio, e desde que deixassem as mães fora dos xingamentos.
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