O futebol é patrimônio cultural no Brasil.
É uma manifestação que vai além daquelas pessoas baratinadas correndo atrás de uma bola, e possui um significado profundo para a coesão nacional brasileira.
Se para os nativos da América Central o jogo de bola era uma metáfora para a criação do universo, com abordagem mitológica, no Brasil o futebol representa o continuum, a permanência. Há poucas certezas para quem vive no Brasil, e uma delas, é que haverá jogo de futebol no domingo, em qualquer de suas formas, desde a simples "pelada" até jogos entre clubes.
Os clubes de futebol, inclusive, estão entre as mais vetustas instituições brasileiras, sendo muitas delas mais que centenárias. Não é à toa que trazem os seus problemas e vícios tão enraizados, coisa que só o passar incessante do tempo consegue fazer.
O palco onde ocorrem os jogos é um lugar de memória. Os estádios brasileiros, alguns dos quais são exemplares da arquitetura modernista, são monumentos à paixão nacional.
Para assistir aos jogos os brasileiros vestem-se de maneira diferente, comportam-se de maneira diferente, entoam canções e loas especiais. Há uma gastronomia típica dos estádios, sendo uma de suas principais características as cólicas que provoca.
Há também uma mentalidade tradicional, que é na verdade uma desrazão, no cultivo de uma rivalidade que por vezes gera violências.
Essa manifestação cultural chamada "futebol" no Brasil é muito complexa, e contém os elementos de todo grande romance: paixão, vida, morte, cores, cheiros, sexo...É um momento humano com todas as suas contradições, tendo ao fundo pessoas baratinadas correndo atrás de uma bola.
Não há dúvidas de que o futebol no Brasil é um "lugar de memória" porque é um topos partilhado, aceito e transmitido pelo grupo social (SMOLKA, 2000, p. 188). É um indicador empírico do que é comum aos brasileiros, tão apropriado, tão nosso, que todos os dias há alguém vivendo e discutindo sobre futebol.
Embora aqui exista uma convenção de que "gosto não se discute", assim como não se deve discutir sobre política, religião e futebol, esse último assunto parece ser o mais presente. Basta que alguém comece que, imediatamente, tal como moscas no mel, juntam-se brasileiros para dar a sua opinião.
E não importa se o time é de primeira divisão, série a, b,c, z, ou se o campeonato é nacional, internacional, ou do time da rua de baixo contra o da rua de cima. As pessoas assistem, teorizam, explanam, e assim criam cultura.
No trabalho, em casa, nos bares a piada primeira é sempre sobre o time que alguém torce. Às vezes, o pedigree da pessoa é aferido pela sua afiliação futebolística: é comum ouvir "ou rubro-negro", "sou tricolor", "sou alvi-negro", além da identificação zoomórfica (sou peixe, porco, galo) que, sem dúvida, faz de nós uma das tribos mais estranhas do mundo.
REFERÊNCIAS
POLLAK, Michael. Memória, Esquecimento, Silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol 2, nº 3, p. 3-15, 1989.
SMOLKA, Ana Luíza Bustamante. A memória em questão: uma perspectiva histórico-cultural. Educação e Sociedade, nº 71, vol. 21, p. 166-193, jul. 2000.
Ontem, 30/06/2013, o Brasil sagrou-se campeão da Copa das Confederações. É uma pena que a Espanha não apareceu para jogar.
ResponderExcluirEsse povo está maluco. Ontem a minha cidade veio abaixo, e não deixaram ninguém dormir, porque um time daqui voltou à SEGUNDA DIVISÃO.
ResponderExcluirEstar na segunda divisão não seria um motivo de tristeza?
Não, motivo de tristeza foi o 7 X 1 que a Alemanha nos presenteou na semifinal da Copa do Brasil de 2014.
ResponderExcluirO 7x1 ainda dói e para nós, brasileiros, a Copa do Mundo continua inacabada, como demonstram as obras pela metade.
ResponderExcluirhttp://www.infosaj.com.br/index/noticias/id-102487/pesquisadores_apontam_que_7_x_1_na_copa_do_mundo_influenciou_o_impeachment_de_dilma
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