O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Conhece-te a ti mesmo, Brasil (1)

Essa nova série do blog tem como finalidade destacar e analisar algumas características do povo brasileiro que consegui identificar(-me).  É uma tentativa de compreensão e posicionamento quanto à minha identidade cultural, o que não quer dizer que sejam necessariamente verdadeiras as minhas conclusões, mas apenas que essa é a minha percepção.

A primeira característica que gostaria de destacar é a necessidade que o brasileiro sente de "ganhar".  Acho que gostar de ganhar é bem humano - todo mundo gosta - mas entre nós essa característica torna-se uma peculiaridade:

1) O brasileiro gosta tanto de ganhar que não dá valor ao segundo e terceiro lugares.  Se não for primeiro, medalha de ouro, etc.., praticamente não tem valor.

2) O brasileiro gosta tanto de ganhar que suas afinidades eletivas variam de acordo com quem está ganhando.  Pensando em esportes, pergunto: para onde foi aquela paixão que o brasileiro sentia pela Fórmula 1?  Domingo era dia de assistir aos grandes prêmios de Fórmula 1, religiosamente, mas depois que o nosso campeão Ayrton Senna faleceu (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/05/memoria-brasileira-funerais-de-ayrton.html), o esporte perdeu a graça.

Por que?  Porque não temos mais um campeão, paramos de ganhar, então perdeu a graça. Isso também pode ser estendido a outros esportes, como o futebol.  Já ouvi de várias pessoas que a 'seleção perdeu a graça', por que? Porque não ganha como antigamente.

Durante algum tempo percebi um esfriamento do entusiasmo dos brasileiros pela seleção, não pelo futebol em si, que é patrimônio cultural imaterial por essas bandas.

O raciocínio também se estende às novas paixões nacionais. Por que o MMA está tão em evidência agora? Porque temos brasileiros ganhando.

3) A vitória de um brasileiro realmente enche de orgulho a todos nós. Nós nos apropriamos das vitórias de outros brasileiros, mesmo quando eles não estão competindo a nada, e portanto não estão tecnicamente "ganhando".  Quer ver um exemplo?  Os brasileiros se orgulham de "ter" as modelos mais bem pagas do mundo, e isso já foi tema até de comercial de TV.

4) O brasileiro gosta de ganhar, mas não de qualquer jeito.  Tem que ganhar bonito, porque do contrário não vale.  Ganhar jogo com gol de mão é absolutamente azedo.  Será amargo se perdermos com um gol de mão.

5) A lei de Gérson -o desejo de levar vantagem em tudo - pode ser uma manifestação dessa vontade visceral de ganhar.  Para ver o nascedouro da "Lei de Gérson": http://www.youtube.com/watch?v=J6brObB-3Ow&noredirect=1.

Se essa é uma característica positiva?  Como quase tudo em cultura pode ser positivo, negativo ou ambos simultaneamente, depende de como é aplicado.  Entre nós, percebo-a mais como um traço negativo porque não induz a uma competitividade saudável, mas a práticas não louváveis: por exemplo, não é raro encontrar produtos com preços diferenciados - mais barato para nativos e exorbitantemente mais caros para quem é de fora; pouco reconhecimento pelo competidor correto que não vence e um certo "esquecimento contra" quem não está ganhando ou na crista da onda.

Para alguém ganhar sempre, alguém deve perder sempre.  Quem perde sempre? O que perdemos sempre?

Acredito também que a necessidade de "ganhar" é um modo de auto-afirmação imatura, porque percebo uma certa baixa auto-estima entre nós, revelada pela necessidade de ser/ter "o maior do mundo", mas esse será tema de outro post.

6 comentários:

  1. Concordo, so não sei porque você acha que isso é traço brasileiro!
    Eh assim em todo canto, doutora. Eh a natureza humana!

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  2. Habemus papam. É impressão minha, ou há um sentimento difuso de que o Brasil "perdeu" a eleição para papa?

    E pior, perdeu para a Argentina?

    Há fortes associações da eleição do papa com o futebol, e da rivalidade histórica entre o Brasil e a Argentina.

    Sinto uma tristeza, uma mágoa externada sup-repticiamente, mas não manifesta em palavras, porque o papável brasileiro não foi eleito. Essa, a gente também queria ganhar...

    Será que esses brasileiros são loucos?

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  3. Reforçando o comentário anterior, olha a charge de Alpino: http://br.noticias.yahoo.com/blogs/alpino/o-papa-%C3%A9-argentino-131643556.html

    A associação da eleição do papa com o futebol virou um duelo entre Pelé e Maradona, como isso é possível?

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  4. Parece que os argentinos compartilham da mesma característica. Eles acham que ganharam a eleição para papa. E melhor, ganharam para o Brasil,cf. http://br.noticias.yahoo.com/-v%C3%ADdeo--argentinos-fazem-piada-com-brasileiros-por-conta-do-papa-195928616.html

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  5. Onde está o Brasil do tênis? Deixou de existir?

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  6. Em 2014, por causa do campeonato mundial vencido por Medina, o Brasil virou o país do surf.

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