O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









domingo, 29 de julho de 2012

Momentos olímpicos inesquecíveis

Já que estamos vivendo o período olímpico, e sendo as Olímpiadas uma  forma interessante de comemoração para a memória coletiva, embora bem distinta na performance das Olímpiadas antigas, mas não vamos falar disso, tentei lembrar alguns  momentos inesquecíveis para mim.

O mais importante para a minha estória pessoal é o Ursinho Misha, mascote das Olímpiadas de Moscou (1980).  Nenhuma abertura ou encerramento será mais bonito do que os russos fizeram: http://www.youtube.com/watch?v=HZP3j3-bAuY.

No final do vídeo, o mascote é alçado aos céus por balões e o meu irmão disse que, se eu esperasse bastante, ele iria passar em frente à nossa janela.  Passei dias esperando o ursinho passar, sempre olhando para cima para ver se avistava alguma coisa, até que esse mesmo irmão me disse que ele provavelmente havia morrido porque os balões estouram quando chegam em certa altura.

Fiquei arrasada.

Outro momento inesquecível aconteceu antes mesmo do meu nascimento.  Já vi e revi tantas vezes esse vídeo, que acabo achando que eu também estava lá: o primeiro dez da Ginástica, com Nadia Comaneci (1976): http://www.youtube.com/watch?v=4m2YT-PIkEc.

Até hoje, quando penso em ginástica, só lembro dela.

O terceiro momento inesquecível para mim, foi a medalha de ouro para o vôlei masculino do Brasil, nas Olímpiadas de Barcelona (1992): http://www.youtube.com/watch?v=Hd-N6oHWOUA.  Essa seleção ganhou o coração dos brasileiros e Marcelo Negrão, responsável pelo último ponto, era um jogador absolutamente incrível.

Ao contrário do que muita gente pensa, o Brasil não é só o país do futebol.  É o país do vôlei e do judô também, e os últimos momentos inesquecíveis para mim são de três judocas que ganharam o ouro:

Aurélio Miguel (1988): http://www.youtube.com/watch?v=3pLFXMtTimw
Rogério Sampaio (1992): http://www.youtube.com/watch?v=cMuKdxW5l20&feature=related
Sarah Menezes (2012), primeira medalha de ouro feminina no judô.

O judô é um esporte em que os brasileiros sempre se destacaram em Olimpíadas, e além das lembradas medalhas de ouro, os judocas já conquistaram várias de bronze e prata.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Lembrar Raul Seixas

Raul Seixas foi um grande compositor e cantor brasileiro, nascido em 28/06/1945 na cidade de Salvador, e faleceu em 21/08/1989.  É uma das figuras mais legais da música brasileira, com um estilo muito próprio, roqueiro meio místico, altamente filosófico e meio confuso, que assumiu ares meio messiânicos.

É o tipo de personalidade necessária para garantir o colorido do mundo.  Para conhecê-lo, basta dar uma pesquisada no youtube.  Alguns dos meus vídeos favoritos são: "Maluco Beleza" (http://www.youtube.com/watch?v=gm9rsniAe_o&feature=related); Metamorfose Ambulante 9http://www.youtube.com/watch?v=7VE6PNwmr9g&feature=related),  Eu nasci há dez mil anos atrás (http://www.youtube.com/watch?v=3j2x29Lymtc&feature=related), Gita (http://www.youtube.com/watch?v=0OanzTYmX2Q&feature=related).

Esse post não é motivado pelo esquecimento, já que Raul Seixas é lembrado consistentemente pelos fãs.  Aliás, ele é um ótimo exemplo de  lembrança celebrativa espontânea, já que não existe um  espetáculo musical em que alguém deixe de gritar:  "Toca Raul!".

"Toca Raul" é uma exigência do consumidor cultural, que passou de mania nacional a tradição. Se houver alguém executando qualquer gênero musical, que tenha a bênção de ter pelo menos um ouvinte, com certeza vai ser intimado a tocar alguma música (qualquer música) de Raul Seixas.

A origem desse grito já foi objeto de reflexões (cf. http://g1.globo.com/Noticias/Musica/0,,MUL1276358-7085,00-G+INVESTIGA+A+ORIGEM+DO+FAMOSO+GRITO+TOCA+RAUL.html), mas não acredito que alguém vá conseguir determiná-la. 

E na verdade, saber a origem do grito não é o mais importante. Mais legal é perceber a criação de um costume (ou tradição, como queiram) de exigir a execução das músicas de Raul Seixas, ao ponto de criar um dever moral para bandas e cantores: há alguns que, quando são instados, até as tocam.

Há outros que resistem, como Zeca Baleiro, que fez uma "música de protesto" chamada "Toca Raul": http://letras.mus.br/zeca-baleiro/1155691/, que na verdade é uma grande homenagem ao falecido compositor e também a esse hábito recém-adquirido dos brasileiros.

Particularmente, acho incrível a persistência da memória de Raul Seixas. É lembrado em qualquer espetáculo, não importa o gênero musical.  Já ouvi o "Toca Raul" até em uma apresentação da orquestra sinfônica na minha cidade, e infelizmente, não executaram qualquer composição dele.

Tem outro detalhe: qualquer música dele serve para atender ao apelo.  Não há uma exigência específica de "toca tal música". Não. Qualquer música é boa, e ninguém vai reclamar de ouvir Raul Seixas, acredite.

E depois dizem que o brasileiro não tem memória. Absurdo.

Além disso, é bom lembrar que o Maluco Beleza era antes de tudo um libertário, que não se furtou em dar a sua opinião política contra a ditadura militar, e pagou um alto preço. Foi torturado para denunciar os membros da "Sociedade Alternativa": http://www.youtube.com/watch?v=3lfFllXLAMY, imaginem.

Considerando que no próximo mês, no dia 21 de agosto, completará 23 anos do falecimento, até lá ouvirei uma música de Raul Seixas por dia para celebrar a sua memória, e também para o meu próprio deleite, já que não será nenhum sacrifício.

Lembrar Raul Seixas:o roqueiro cidadão, maluco beleza democrático, que infelizmente partiu muito cedo.

domingo, 22 de julho de 2012

Noruega: marco memorial do massacre

Co-memorar significa lembrar junto. Nesse sentido, hoje os noruegueses co-memoraram um ano do massacre que vitimou mais de 70 pessoas, em uma ação motivada simplesmente pelos "ideais" de alguém.

Nesse momento, e apesar da diferença de princípios, não é indevido realizar uma associação com o atentado ocorrido em um cinema americano, que deixou aquela nação também de luto.

Há um ano, tentei homenagear as vítimas norueguesas a) destacando o que lembrava de positivo sobre a Noruega (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/07/o-drakkar.html) e b) tentando entender os motivos do autor (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/07/noruega-crimes-em-nome-da-memoria.html) pelo apelo memorial que aparentemente continham.

Toda comemoração veicula valores. No caso norueguês, além de relembrar as vítimas, foi ressaltada a resistência democrática da sociedade, que não sucumbiu à tentação de radicalizar ou reduzir direitos fundamentais por causa do terrorismo, o que parece ser diametralmente oposto ao que ocorreu nos Estados Unidos.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Dicas de beleza de Fabiana (2)

Diretamente dos anos 60, eu nem quis acreditar, mas parece que as moças faziam isso mesmo nos cabelos:

1) Lavar bem os cabelos;

2) Depois, embebê-los em cerveja e esperar secar;

3) Pentear os cabelos duros para cima, e estruturar o penteado com palha de aço (vulgo bombril);

4) Finalizar com clara de ovo, como se fosse laquê.

Será?

quinta-feira, 19 de julho de 2012

A primeira esferográfica finalizada a gente nunca esquece

Pode parecer bobagem, mas eu nunca tinha conseguido a façanha de finalizar a carga de uma caneta esferográfica.  Elas sempre sumiam, perdiam-se, eram roubadas, danificavam-se ou qualquer outra coisa, e eu nunca conseguia zerar nenhuma.

Até agora:



Lembro, como se fosse ontem, da emoção que eu senti quando me disseram que tinha autorização para usar caneta esferográfica na escola.  Eu estava na quinta série (não sei como se chama hoje, deve ser  Ensino Fundamental), e me deixaram usar caneta e "caderno grande de matérias".


Ou seja, há décadas uso caneta esferográfica e nunca tinha conseguido finalizar nenhuma.  Isso, que poderia ser banal (e logo, dificilmente memorável) para minha memória individual constitui-se em um marco e divisor de águas, além de instituir uma nova preferência nas minhas escolhas enquanto consumidora  consciente.

Vida longa à caneta que sobreviveu a mim e à minha circunstância.  Não te esquecerei.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Dicas de beleza de Fabiana (1)

Hoje iniciamos essa nova série do blog, para relembrar práticas de beleza feminina e também dar um toque de glamour.

Quando eu era criança/barra/adolescente, aprendi uma  receita caseira ótima para pele do rosto e cabelos:

1) Abacate
2) Um pote de iogurte natural;
3) Duas colheres de mel.

A idéia é amassar o abacate com o iogurte e o mel até formar uma pasta homogênea, e depois passar tudo no rosto e no cabelo, deixando agir por alguns minutos.

Tentei por duas vezes executar a receita, mas fiquei com pena de colocar no cabelo e acabei comendo tudo.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

RESGATANDO XINGAMENTOS ANTIGOS...ZOINA (16)

Zoina, palavra originária do árabe, significa "prostituta".  Uma ocupação tão antiga deve ter sido designada por muitos nomes ao longo da história sacana da Humanidade, então nós aproveitamos a oportunidade para resgatar sinônimos antigos também, tais como "marafona", "marafaia", "rascoa", "meretriz", "rameira", "hetaira" (ou hetera), "bagaxa", "biraia", "alcouceira", lumia (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/11/resgatando-xingamentos-antigos-lumia.html).

Um esclarecimento: no Brasil a prostituição (autônoma) não é crime, e foi regulada enquanto "ocupação" pela "Classificação Brasileira de Ocupações", editada pelo Ministério do Trabalho e do Emprego, sob o código 5198, com a denominação de "Profissionais do sexo".

Portanto, não é apropriado "xingar" alguém de prostituta ou profissional do sexo, pois esse é o nome da ocupação profissional que exercem licitamente. Enquanto xingamento, só deve ser utilizado para aqueles que não são profissionais, ou seja, apenas para os diletantes e amadores desqualificados.                
Para ver a descrição normativa dessa ocupação, acesse: http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/BuscaPorTituloResultado.jsf. A busca pode ser pelo título da ocupação ou pelo código 5198.

Interessante notar que norma cita outros sinônimos de zoina, quais sejam,  garoto (a) de programa, meretriz, messalina, michê, mulher da vida, que eu particularmente não gosto muito, porque não destacam a ancianidade, vetustez, da ocupação.
Como as zoinas espalham-se do Oiapoque ao Chuí (que são os míticos pontos extremos do Brasil), é natural que recebam também denominações locais: quenga (Nordeste), mulher-dama (literário), rameira (Sudeste), madame.

Modo de usar: pagando. 

Modo de usar o xingamento antigo: (citando um filósofo francês e existencialista): "As zoinas são as outras".

sábado, 7 de julho de 2012

Levar sereno

"Levar sereno" é uma dessas expressões do idioma que dão uma idéia completamente errada em uma tradução literal.

O importante é saber que é absolutamente proibido.

Eu achava que era uma bobagem mas...

Passei essa semana toda com febre e uma gripe turbinada.  Na quinta-feira, quando achei que estava melhor, levei sereno e piorei muito.

Por isso lembrei das recomendações da infância, e um dos principais tabus era o tal do sereno.  Eu nem sabia do que se tratava, mas sabia que não se podia tomar nem levar.

Quando chegava a hora do "sereno" (algum momento obscuro entre a tarde e o anoitecer), parece que magicamente os humores do clima fazem as crianças adoecerem, e por isso era hora de recolher os petizes ao domicílio. O sereno é a hora em que todas as brincadeiras ao ar livre se encerram, e aqui na minha região isso acontece mais  ou menos às 17:30.

Com a superstição comprovada cientificamente, vou passar a aconselhar todo mundo que eu conheço a evitar de "levar sereno", porque realmente prejudica a saúde.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Momentos

Um "momento" é um instante no tempo, que pode ser considerado também um marco memorial.

Daí as pessoas falarem, com aquele ar saudoso: "já tive meus momentos", "tivemos bons e maus momentos".

Alguns deles, pela intensidade, podem tornar-se inesquecíveis.  Olha aí dois exemplos que eu adoro:

a) http://www.youtube.com/watch?v=316AzLYfAzw

b) http://www.youtube.com/watch?v=GBaHPND2QJg

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Memória poética - Roberto Carlos

"Detalhes" (http://www.youtube.com/watch?v=TKVJgb1JryA)

Não adianta nem tentar
Me esquecer
Durante muito tempo
Em sua vida
Eu vou viver...

Detalhes tão pequenos
De nós dois
São coisas muito grandes
Prá esquecer
E a toda hora vão
Estar presentes
Você vai ver...

Se um outro cabeludo
Aparecer na sua rua
E isto lhe trouxer
Saudades minhas
A culpa é sua...

O ronco barulhento
Do seu carro
A velha calça desbotada
Ou coisa assim
Imediatamente você vai
Lembrar de mim...

Eu sei que um outro
Deve estar falando
Ao seu ouvido
Palavras de amor
Como eu falei
Mas eu duvido!
Duvido que ele tenha
Tanto amor
E até os erros
Do meu português ruim
E nessa hora você vai
Lembrar de mim...

A noite envolvida
No silêncio do seu quarto
Antes de dormir você procura
O meu retrato
Mas da moldura não sou eu
Quem lhe sorri
Mas você vê o meu sorriso
Mesmo assim
E tudo isso vai fazer você
Lembrar de mim...

Se alguém tocar
Seu corpo como eu
Não diga nada
Não vá dizer
Meu nome sem querer
À pessoa errada...

Pensando ter amor
Nesse momento
Desesperada você
Tenta até o fim
E até nesse momento você vai
Lembrar de mim...

Eu sei que esses detalhes
Vão sumir na longa estrada
Do tempo que transforma
Todo amor em quase nada
Mas "quase"
Também é mais um detalhe
Um grande amor
Não vai morrer assim
Por isso
De vez em quando você vai
Vai lembrar de mim...

Não adianta nem tentar
Me esquecer
Durante muito
Muito tempo em sua vida
Eu vou viver
Não, não adianta nem tentar
Me esquecer...

________________________

Comentário:  Encaro a letra dessa música como uma espécie de maldição jogada sobre uma moça que gosta de cabeludos.

domingo, 1 de julho de 2012

Jus sepulchri: direito de sepultar, ser sepultado e manter-se sepulto

Desde ontem voltei a refletir sobre o direito à memória dos mortos (cf. http://www.direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/06/direito-memoria-dos-mortos-veracidade.html e outros posts no respectivo marcador), tema que considero de suma importância.

Há alguns meses tive a oportunidade de refletir um pouco sobre o "jus sepulchri" para uma reunião do IDEJUST, falando especificamente quanto a decisão da Corte Interamericana de Direito Humanos no caso Gomes Lund & outros, e sua repercussão no reconhecimento do jus sepulchri dos desaparecidos políticos do Brasil, com foco no evento da denominada Guerrilha do Araguaia.

O ato de sepultar possui uma enorme relevância para a memória individual e coletiva pois,  mais do que um ato higiênico, constitui-se em uma afirmação da identidade e do significadoo daquela pessoa para a família e para a sociedade, como bem ilustra bem o livro Antígona, de Sófocles.

Nesse artigo, procurei demonstrar que o tipo de sepultamento é compatível com a representação social feita do falecido.  Se os falecidos são "subversivos e terroristas", como eram considerados os guerrilheiros, evidentemente receberão o tratamento desonroso compatível com esse rótulo, ou simplesmente ser-lhe-ia negado o jus sepulchri.

Para os familiares, o jus sepulchri (na dimensão “direito de sepultar”) significa cumprir o dever moral e jurídico de respeito aos mortos, como fez Antígona, mas também a oportunidade de elaborar o luto e concluir a existência do seu ente querido de forma adequada.  As pessoas precisam de marcos e conclusões, e o sepultamento é ato que permite, psicologicamente, encerrar a existência do falecido.

A demanda pelos restos mortais de pessoas desaparecidas é legítima, legal, moral,  deveria ser prioritária, e nunca sofrer resistência. É por isso que manifestações dos familiares pelo jus sepulchri sempre repercutem profundamente em mim: ontem os familiares de Patrícia Amieiro, desaparecida há quatro anos, realizaram uma manifestação pública pedindo os seus restos mortais (cf. http://br.noticias.yahoo.com/parentes-amigos-patr%C3%ADcia-amieiro-fazem-manifesta%C3%A7%C3%A3o-quatro-anos-174946623.html).

Já que é a nova ordem mundial, vamos falar a verdade: os brasileiros são pouco apreciados na vida e na morte.  Aqui parece que a vida não vale muita coisa, basta ver os absurdos níveis de assassinatos que enfrentamos.

O tratamento dado aos restos mortais reflete o desvalor da vida em si entre nós(cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/11/esquecedouros-cemiterios.html).  Se não há valorização dos vivos, quanto mais dos mortos.

Sei que estamos na pré-História do Brasil, quando se trata de efetivação dos direitos fundamentais, mas não podemos deixar de destacar a importância de garantir o jus sepulchri em suas três dimensões: o direito de ser sepultado (ou não) conforme suas convicções, com os ritos funerários adequados, o direito de manter-se sepultado e o direito dos familiares de realizar o sepultamento.